sábado, 6 de abril de 2024

FUTEBOL II

No início deste mês de abril começou a fase de grupos da Taça Libertadores da América e da Taça Sul-Americana, duas importantes competições regionais. Delas participam 14 clubes brasileiros: 1. Atlético de Minas, Botafogo, Flamengo, Fluminense, Grêmio de Porto Alegre, Palmeiras e São Paulo, nos respectivos grupos da Libertadores. 2. Atlético do Paraná, Bragantino, Corinthians, Cruzeiro, Cuiabá, Internacional e Fortaleza, nos respectivos grupos da Sul-Americana. Na 1ª rodada das duas competições, encerrada nesta semana. os clubes brasileiros jogaram contra clubes estrangeiros. 
Na Sul-Americana, Atlético do Paraná, Fortaleza e Bragantino, venceram. Corinthians, Cruzeiro, Cuiabá e Internacional, empataram. Individual e coletivamente, o Atlético, fora de casa, jogou bem contra o brioso clube paraguaio. Venceu por 4x1. Caso tivesse se descuidado e menosprezado os paraguaios, certamente teria sofrido mais de um gol.
Na Libertadores, Atlético Mineiro venceu. Flamengo, Fluminense e Palmeiras, empataram. Grêmio, Botafogo e São Paulo, perderam. Em Caracas, o Atlético Mineiro venceu o time da casa por 4x1. Veloz e bem entrosado, o visitante mostrava-se disposto a golear o clube venezuelano. Todavia, no segundo tempo, o visitante não veio com o mesmo ímpeto e acrescentou apenas 1 gol aos 3 feitos no primeiro tempo. O clube anfitrião fez o seu gol de honra sem mostrar condições técnicas suficientes para vencer o visitante. Em Bogotá, o Flamengo jogou contra o Millonario e não foi além do empate (1x1). No segundo tempo, o time carioca atuou com um jogador a mais sem tirar proveito dessa vantagem. O gol foi marcado de pênalti, portanto, sem a criatividade e o encanto dos passes e dribles, ou, sem a maestria de cobrança de falta fora da área. O Botafogo, jogando em casa, enfrentou o Junior Barranquilla. No primeiro tempo, o clube carioca foi mais agressivo e persistente no ataque. O clube colombiano fechou-se na defesa, optou pelo contra-ataque e teve êxito: marcou 3 merecidos gols pela habilidade e velocidade dos seus jogadores e pela incapacidade da defesa botafoguense de neutralizar a tática adversária. O clube carioca marcou o gol de honra. No segundo tempo não houve gols. O jogo terminou com o placar do primeiro tempo (3x1). O Palmeiras, jogando fora de casa, empatou com o San Lorenzo (1x1). No primeiro tempo, o clube argentino exibiu futebol de alto nível, dominou o brasileiro e marcou o seu gol. No segundo tempo, o clube brasileiro exibiu alto nível, dominou o argentino e marcou o seu gol. Nos minutos finais, os argentinos sufocaram os brasileiros, porém, não conseguiram alterar o resultado. Fora de casa, o São Paulo, com todo o seu notável elenco, perdeu para o Talleres (1x2). O time da casa – de faca, garfo e colher nas mãos e queijo na mesa – foi superior ao visitante e teria ampliado o placar se não tivesse perdido algumas chances de gol.   
Os jogos da Libertadores caracterizaram-se pela garra dos jogadores e equilíbrio entre os clubes. Da amostragem desta 1ª rodada verifica-se que barbada será exceção. Jogo duro será regra. Quem vacilar, dança. A arbitragem despendeu maior esforço para manter a disciplina e fazer respeitar as regras do futebol, dada a constância das agressões. Nas próximas rodadas, passado o entusiasmo das estreias, talvez os ânimos se acalmem, ainda que entre latino-americanos a calmaria seja difícil. Os clubes brasileiros estarão escaldados e provavelmente acautelar-se-ão contra o vigor dos clubes estrangeiros. As partidas da última rodada da fase de grupos serão realizadas em 30/05/2024. Conforme os resultados, classificar-se-ão 16 clubes para a disputa das oitavas-de-final segundo as diretrizes da Confederação Sul-Americana de Futebol – Conmebol. 
Os clubes andinos, em virtude da altitude dos seus países, levam alguma vantagem sobre os clubes costeiros. Os visitantes estranham o clima e sentem falta das suas torcidas maciças. Quando as equipes sofrem empates e derrotas, treinadores e jogadores apresentam justificativas. Algumas valem para todas as equipes em disputa no mesmo campeonato: mau estado dos gramados, chuva, calor excessivo, jogadores no departamento médico, calendário extenuante, violência em campo, arbitragem frouxa. As mais frequentes atribuem culpa à modalidade esportiva e à arbitragem: “coisas do futebol, isto acontece, o futebol é assim mesmo, futebol não tem lógica, futebol tem etapas, jogamos com os reservas, estávamos sem o apoio da torcida, o árbitro nos prejudicou, o árbitro foi parcial, fomos roubados”. Enfim, treinadores e jogadores terceirizam as causas do empate e da derrota e afastam de si a culpa pelo sucedido. Interessante introdução do complexo de culpa na atividade esportiva. 
A lógica do futebol atém-se a fatores relacionados à vitória e à derrota. O seu objeto é dinâmico. Trata-se de jogo. Sobre o resultado não há certeza alguma: (i) antes do jogo começar (ii) antes do jogo terminar, salvo quando a diferença no placar for muito grande e a partida aproximar-se do fim sem tempo hábil para gols de empate. A probabilidade reina em torno da vitória, do empate e da derrota. A maior probabilidade de vitória é do time que (i) tem o maior número de jogadores talentosos (ii) arma bem o sistema defensivo (iii) atua com inteligência na intermediária do campo e eficiência no desarme e na armação (iv) erra poucos passes (v) melhor aproveita as falhas do adversário (vi) perde poucas chances de gol. O empate e a diferença mínima nos resultados indicam paridade de forças. 
O treinador tanto pode ajudar como atrapalhar a equipe que está em campo. Se tiver a habilidade de um maestro, transmitirá confiança e firmeza, inclusive com oportunas e adequadas substituições. As mudanças de humor do treinador e do jogador influem no conjunto e constituem variáveis comuns aos praticantes do esporte. Os motivos dessas mudanças podem ser: (i) dores do corpo e da alma (ii) desilusões e descontentamentos (iii) insegurança e antecipado sentimento de derrota (iv) simpatias, antipatias, diálogos infrutíferos, inamistosos ou ausentes no interior do clube (v) dificuldades econômicas, expectativas contratuais, relações de família. Cabe lembrar: 1) Treinador e jogador não são robôs. 2) Na América do Sul está o melhor e mais bonito futebol do planeta.    

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