domingo, 8 de abril de 2012

PÁSCOA


Etimologicamente, a palavra páscoa, de origem hebraica, significa passagem. No âmbito religioso, páscoa significa a festa anual em que: (i) os judeus comemoram o êxodo, emigração do povo hebreu do território egípcio, guiado por Moisés; (ii) os cristãos comemoram a ressurreição de Jesus. Para os cristãos católicos, a páscoa deve ser celebrada todos os anos entre os dias 22 de março e 25 de abril, segundo decisão do Concílio de Nicéia do ano 325. Em termos simbólicos e místicos válidos para a cristandade (ortodoxos, heterodoxos, católicos, protestantes, espíritas) páscoa significa passagem do judaísmo ao cristianismo; conversão de judeus e pagãos à doutrina de Jesus, o Cristo; nascimento de nova religião.

A semana santa católica tem início no domingo de ramos e termina no domingo de páscoa. O primeiro domingo refere-se à entrada de Jesus, em Jerusalém, como profeta, messias e rei, sob aclamação do povo, aplausos e acenos com folhagens. Comentário: homenagem arquitetada naquela época para apresentar Jesus publicamente como líder apoiado pelo povo.

A segunda feira, sexto dia anterior à páscoa, refere-se à unção de Jesus durante reunião com os discípulos em Betânia. A terça feira, quinto dia anterior à páscoa, refere-se ao anúncio de Jesus de que seria traído por um dos apóstolos. Comentário: o episódio da traição fora previamente combinado com Judas Iscariotes.

A quarta feira, quarto dia anterior à páscoa, refere-se ao pacto entre Judas Iscariotes e os sacerdotes judeus para entrega de Jesus. A quinta feira, terceiro dia anterior à páscoa, ceia do cordeiro pascal, quando Jesus lava os pés dos apóstolos. Comentário: no sacrifício à divindade, a vítima humana do antigo ritual foi substituída por animal irracional: o cordeiro. Com estribo na crucifixão, a igreja criou a imagem de Jesus como cordeiro sacrificado à divindade para tirar os pecados do mundo. No lugar da matança de cordeiros a igreja colocou a hóstia representando o corpo e o sangue de Jesus como símbolo do sacrifício. A quinta feira foi selecionada por místicos rosacruzes para recolhimento espiritual, a sexta feira pelos muçulmanos, o sábado pelos judeus e o domingo pelos cristãos.  

A sexta feira, segundo dia anterior à páscoa, refere-se aos padecimentos e crucifixão de Jesus. O sábado, primeiro dia anterior à páscoa, refere-se à vigília pascal, enquanto Jesus permanece no sepulcro. O domingo, dia da páscoa, refere-se à ressurreição de Jesus, anunciada por Madalena. Comentário: nos dias atuais, a ressurreição virou questão de fé, exclusivamente. Sob exame racional, falta-lhe alicerce. Da análise lógica dos evangelhos retira-se a evidência de que Jesus não morreu na cruz. Logo, não ressuscitou no terceiro ou em qualquer outro dia, pois só ressuscita quem esteve morto. Há quem sustente que Jesus não existiu historicamente e sim como personagem de uma ficção religiosa.

No domingo de páscoa tem início o tempo pascal que finda no pentecostes (qüinquagésimo dia). Segundo narrativa do livro “Atos dos Apóstolos”, integrante do novo testamento, nesse dia o espírito santo desceu sobre eles. O tempo pascal compõe-se de sete semanas dedicadas a episódios e mensagens posteriores à ressurreição, tais como: aparição de Jesus a Madalena nas adjacências do sepulcro e aos dois discípulos a caminho da aldeia de Emaús; admoestação a Tomé por sua incredulidade; multiplicação dos pães, pescaria abundante e andar sobre as águas; novo mandamento aos discípulos (amai-vos uns aos outros como eu vos amei); missão atribuída aos apóstolos e as derradeiras instruções de Jesus antes de ascender ao céu; eleição dos diáconos, prisão e martírio do diácono Estevão, perseguição e dispersão da comunidade cristã de Jerusalém; pregação do evangelho, batizados e aumento do número de adeptos; união de Deus com a comunidade cristã através do espírito santo; destino de Pedro e Paulo.

Nenhum comentário: