Apesar das evidências do passado
e do presente, o contingente brasileiro de vira latas prefere fuçar o monturo:
enaltece a mediocridade estrangeira e menospreza as virtudes nacionais. No
futebol há jogadores notáveis em todos os continentes. Reconhecer-lhes o valor
é medida de justiça. Contudo, o nivelamento com jogadores brasileiros de
superior categoria é inadmissível. Chega-se ao desplante de equiparar o jogador
da moda a Pelé! Qualquer jogador que se sobressai, logo é comparado a Pelé. Ser
comparado ao Papa traz mais dividendos do que ser comparado ao sacristão.
Isto acontece com Messi,
atualmente. Jogador da moda, visão de jogo razoável, veloz, oportunista, conduz
a bola nos pés com habilidade em direção à meta adversária, feliz em algumas finalizações.
Em perspectiva ampla, detectam-se as limitações: previsível, dificuldade de
improvisar, frequentemente desarmado, passes sofríveis, chuta bem com o pé
esquerdo e mal com o direito, deficiente na cobrança de faltas, no cabeceio e
no amortecimento da bola. Há estrangeiros do passado e do presente mais
habilidosos do que ele: Cristiano Ronaldo, Di Stéfano, Eusébio, Gerd Müller,
Johan Cruyff, Maradona, Puskas, Sneijder, Zidane. Do boxe, pode-se extrair a
comparação: Messi, batedor como Joe Frazier; os craques citados, virtuosos como
Muhammad Ali.
Deve ser creditada ao árbitro a
vitória do Barcelona (3) sobre o Milan (1) na modesta atuação das duas equipes
em 03/04/2012. Em jogadas igualmente questionáveis, ele assinalou dois pênaltis
a favor do time catalão e deixou de assinalar pênalti a favor do time italiano.
A parcialidade na arbitragem não é vício exclusivo dos brasileiros. Mais: no
Brasil, a boa arbitragem tem sido a regra e não a exceção. Contribui para essa
melhora: (i) as imagens da televisão; (ii) as judiciosas ponderações dos
comentaristas de arbitragem; (iii) a fiscalização e o controle pela comissão de
arbitragem. Considerado o padrão das equipes, houve excesso de faltas.
Ibrahimovic parecia jogador de várzea, apesar do bom passe para o gol milanês.
Pato entrou no segundo tempo, ficou em campo poucos minutos e saiu. Parece não
estar recuperado dos males que o afligem.
Profissionais da imprensa esportiva se impressionam em
demasia com título concedido pela FIFA. O narrador do jogo transmitido pela
emissora de televisão (Bandeirantes) gritava ensandecido o nome de Lionel
Messi, várias vezes, como se o jogador fosse um gênio porque marcara gol de
pênalti. Sem barreira, a pequena distância do gol, a chance do batedor marcar é
bem maior do que a do goleiro defender. A desvantagem do goleiro integra a
punição pela falta cometida dentro da sua área. No canal ESPN, narrador e
comentarista são mais comedidos. Observaram bem: Messi marcou gol só com bola
parada; ficou sem marcar com bola em movimento. Examinado
sob critérios objetivos e comparado a grandes jogadores do passado e do
presente, Messi aparece como simples operário, produto da robotização do
futebol, sem arte, repetindo as mesmas jogadas e um só tipo de drible à
semelhança daqueles praticantes de artes marciais que se especializam em golpe
único. Joga com o mesmo potencial, tanto no clube como na seleção. A diferença
está no nível de atuação. No clube, rende mais. Arrolam-se entre as causas do
desnível: (i) maior motivação; (ii) maior entrosamento com os companheiros do
clube em virtude do convívio prolongado {o que permite jogar por música
telepaticamente}; (iii) poucas equipes adversárias de alto nível {o que enseja
mais gols e vitórias do clube}; (iv) treinador corajoso e sensato.
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