AVE MARIA.
I
No extraordinário experimento de
Pavlov, o organismo do animal responde ao sinal sonoro e funciona como se
estivesse ingerindo alimento quando não ingeriu comida alguma. Houve
condicionamento prévio do animal através da repetição do sinal sempre que ele
buscava o alimento. A repetição da prece também cria um condicionamento que
afasta o raciocínio e a crítica racional. O fiel acredita nos termos da oração,
sem pensar, ainda que o texto seja malicioso.
As religiões têm as suas orações
padronizadas e bem articuladas para condicionar a mente dos membros das suas
comunidades mediante repetição. Os textos padronizados funcionam à semelhança
dos mantras ou dos passos do processo hipnótico. Quiçá por isto, Karl Marx
tenha pronunciado a célebre frase: a
religião é o ópio do povo. Como um drogado, o devoto recebe, passivamente,
o arsenal de idéias e de estímulos passados às claras ou de modo subliminal nas
preces, missas e cultos.
Religião não se discute, dizem os espertalhões, interessados em
manter o rebanho na ignorância. Tudo se discute: matéria religiosa, mística,
artística, científica, filosófica, social, econômica, política. Não há matéria do
mundo físico e do mundo metafísico imune à análise racional. Os humanos são dotados
de sensibilidade, vontade, razão e voz para examinar, criticar e debater. Aos
estelionatários da fé, entretanto, interessa manter os fiéis em nível dos animais
irracionais. Daí o tratamento dispensado à comunidade de crentes: rebanho, coletividade de pessoas dóceis
ao comando do clero.
Servindo-se de trechos dos
evangelhos dos apóstolos Lucas e Mateus, a igreja católica montou a prece Ave
Maria assim redigida:
Ave Maria, cheia de
graça, o senhor é convosco, bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o
fruto do vosso ventre: Jesus. Santa Maria, mãe de Deus rogai por nós,
pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém.
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