quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

ORAÇÃO


AVE MARIA.

I

No extraordinário experimento de Pavlov, o organismo do animal responde ao sinal sonoro e funciona como se estivesse ingerindo alimento quando não ingeriu comida alguma. Houve condicionamento prévio do animal através da repetição do sinal sempre que ele buscava o alimento. A repetição da prece também cria um condicionamento que afasta o raciocínio e a crítica racional. O fiel acredita nos termos da oração, sem pensar, ainda que o texto seja malicioso.

As religiões têm as suas orações padronizadas e bem articuladas para condicionar a mente dos membros das suas comunidades mediante repetição. Os textos padronizados funcionam à semelhança dos mantras ou dos passos do processo hipnótico. Quiçá por isto, Karl Marx tenha pronunciado a célebre frase: a religião é o ópio do povo. Como um drogado, o devoto recebe, passivamente, o arsenal de idéias e de estímulos passados às claras ou de modo subliminal nas preces, missas e cultos.

Religião não se discute, dizem os espertalhões, interessados em manter o rebanho na ignorância. Tudo se discute: matéria religiosa, mística, artística, científica, filosófica, social, econômica, política. Não há matéria do mundo físico e do mundo metafísico imune à análise racional. Os humanos são dotados de sensibilidade, vontade, razão e voz para examinar, criticar e debater. Aos estelionatários da fé, entretanto, interessa manter os fiéis em nível dos animais irracionais. Daí o tratamento dispensado à comunidade de crentes: rebanho, coletividade de pessoas dóceis ao comando do clero.

Servindo-se de trechos dos evangelhos dos apóstolos Lucas e Mateus, a igreja católica montou a prece Ave Maria assim redigida:

Ave Maria, cheia de graça, o senhor é convosco, bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre: Jesus. Santa Maria, mãe de Deus rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém.

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