No primeiro jogo
da fase das partidas quartas-de-final da copa do mundo de futebol masculino (Rússia,
06/07/2018) a França derrotou o
Uruguai (2 x 0). A celeste sentiu falta do artilheiro Cavani que, em
consequência de contusão, não entrou no jogo por recomendação médica. A seleção
francesa portou-se melhor em campo e saiu vitoriosa marcando um gol no primeiro
tempo, cabeceio de Varane e outro no segundo tempo, chute de Griezmann que
contou com a colaboração do goleiro uruguaio. A seleção uruguaia reagiu com a
garra costumeira até o último minuto da partida. Suarez, grande e oportunista artilheiro,
sumiu no jogo, quer pelo poder defensivo da equipe francesa, quer pelo esquema
tático uruguaio, quer pela ausência do seu companheiro e também grande
artilheiro. No desespero nervoso de quem vê a certeza da vitória virar fumaça,
os uruguaios apelaram para a violência e a briga. Interpretaram como deboche um
passe de letra. Se os uruguaios controlassem os nervos poderiam empatar tendo
em vista a sua indiscutível qualidade técnica. Na partida destacaram-se:
Mbappé, Griezmann, Kanté e Pogba. Arbitragem razoável.
Bélgica derrotou o Brasil (2 x 1). Os
gols da seleção belga saíram no primeiro tempo. Após cobrança de escanteio, a
bola bateu no braço de Fernandinho e entrou no gol brasileiro. Depois, veloz contra-ataque,
escapada de Lukaku do seu campo para o da seleção brasileira, assistência ao
seu companheiro De Bruyne que chutou forte contra o canto direito do goleiro. No
segundo tempo, o gol da seleção brasileira saiu da assistência de Coutinho e cabeceio
de Renato. Os brasileiros não perderam a cabeça e nem a dignidade. Ficaram
naturalmente apressados e nervosos porque necessitavam empatar, os ponteiros do
relógio avançavam e eles não obtinham êxito nas finalizações. Cometeram erros
que normalmente não cometeriam. Jogo emocionante com duas equipes de bom nível
técnico. Tal como a brasileira, a seleção belga também cresceu durante o
torneio e mereceu a vitória. Os jogadores e o treinador da seleção belga são de
bom nível e exibiram técnica e tática eficientes, determinados a vencer a
seleção brasileira e preparados especialmente para essa missão que os levará ao
topo. Os belgas poderiam aumentar o placar no segundo tempo se não tivessem: (1)
perdido o ímpeto ofensivo (2) errado passes importantes próximo à área
brasileira (3) priorizado o sistema defensivo. Correram grave risco de levar o
segundo gol diante da pressão dos brasileiros. Os melhores jogadores da seleção
brasileira nessa partida foram: Thiago, Miranda, Marcelo e Douglas. Da seleção belga,
os melhores foram: Courtois, Kompany, De Bruyne e Hasard. Arbitragem sofrível.
Excelente transmissão do jogo pelo canal Fox. Narrador e comentaristas muito
bem qualificados, funções divididas entre eles, intervenções oportunas e
objetivas.
Inglaterra derrotou a Suécia (2 x 0). Dois
gols de cabeça, um no primeiro tempo (Maguire) e outro no segundo (Dele).
Durante toda a partida, mesmo depois de estarem com vantagem no placar, os
ingleses pressionaram os suecos. Depois de sofrerem o segundo gol, os suecos
atacaram mais, porém sem resultado positivo. Os ingleses também estavam bem na
defesa. O goleiro inglês espinafrou os seus companheiros em duas ocasiões, uma
no primeiro e outra no segundo tempo, depois de perigosas ameaças dos suecos. Atitude
comum a alguns goleiros, porém, censurável. Goleiro não está em campo para
assistir ao jogo e sim para dele participar ativamente. A sua função é defender
sem esperar que outros façam a sua tarefa. Quando os defensores deixam alguma
brecha, basta orientá-los sem espalhafato. Falhas acontecem em todos os setores
e todos os jogadores a elas estão sujeitos, indistintamente. A seleção inglesa
se mostrou mais ofensiva, porém com pouco talento individual. Destacaram-se Pickford
(goleiro) e Sterling (atacante). A sueca não teve destaques individuais. Arbitragem
correta e de bom nível. Não houve reclamações acintosas, nem jogadores cercando
o árbitro ou tentando enganá-lo com encenações. Disputa entre pessoas
civilizadas.
Croácia e Rússia empataram no tempo
regulamentar (1 x 1). Surpreendente petardo do russo inaugurou o marcador da
partida. Depois de boa trama do ataque, cabeceio do croata empatou a partida. Na
prorrogação, dois gols de cabeça, um dos croatas e outro dos russos. Novo
empate (2 x 2). Decisão mediante cobrança de pênaltis. Os croatas erraram menos
e ficaram com a vitória. Em qualidade individual, os croatas superam os russos.
No jogo coletivo, as equipes se equivalem. A estratégia do treinador russo não
permitiu a supremacia da seleção croata. Jogo em alta velocidade. Esforço
inaudito dos jogadores. Vigor físico de ambas as equipes. Entretanto, no final
do jogo, os croatas pareciam mais cansados do que os russos. Esquemas bem
estudados pelos treinadores, inclusive no que tange às substituições. Boa
arbitragem, reclamações respeitosas, sem jogadores cercando o árbitro ou
tentando enganá-lo com encenações. Quem imaginava grosseiros os jogadores da
Europa Oriental equivocou-se. Virilidade sim, grosseria não. Excelente
transmissão do jogo pelo canal Fox2. Narradora e comentaristas bem qualificados.
Classificaram-se para as partidas semifinais Bélgica, Croácia, França e Inglaterra.
Foram eliminadas as seleções do Brasil, Rússia, Suécia e Uruguai. Doravante até
o final da copa, veremos menos dribles e atuações individuais marcantes.
Prevalecerá o jogo coletivo no estilo europeu.
No que tange à seleção brasileira, nenhum jogador deve
ser crucificado pela derrota. Todos cumpriram as determinações do treinador. Todos
se esforçaram e colocaram em prática o seu talento, a sua técnica e o seu amor
à camisa da seleção. Nenhum esteve abaixo do seu potencial. Afirmar o contrário
é balela de perdedor. Todos jogaram dentro dos limites técnicos, físicos,
mentais. Nada tinham a exibir além disto. Nos clubes eles parecem superiores
porque não enfrentam seleções dos melhores jogadores de cada país. Na próxima copa (2022), nenhum deles
estará melhor do que hoje. Outros iguais ou superiores
estarão prontos para jogar na seleção futuramente.
Mais do que funcional, o problema da seleção
brasileira é estrutural. A escolha dos jogadores não pode ser confiada a uma só
pessoa e sim a um órgão colegiado de composição diversificada. O processo de
seleção não deve depender das preferências do treinador, da sua simpatia por
este ou aquele jogador. Paparicar um moleque pode ser altamente prejudicial não
só à imagem da seleção nacional como também ao desempenho do grupo. A ausência
de um jogador com esse perfil será mais benéfica. Ao pupilo do atual treinador,
incensado pela crônica esportiva e por emissoras de TV, aplica-se o que foi
dito aqui em artigo anterior sobre Messi e C. Ronaldo: bons jogadores, mas
longe da genialidade. Os melhores jogadores do mundo atuam na copa mundial. As
copas de 2010, 2014 e 2018 evidenciaram esse fato. Quem assistiu aos jogos
desta copa testemunhou a existência e a atuação de jogadores técnica e disciplinarmente
superiores ao trio Messi, C. Ronaldo, Neymar.
De acordo com recente prognóstico deste blog
(28/06/2018), a seleção brasileira seria eliminada nas oitavas. Chegou às
quartas, o que é de se louvar. Segundo prognóstico anterior (25/05/2014), a seleção
brasileira levará cerca de 12 anos para conquistar o hexacampeonato mundial, ainda
assim, se até lá mudar a mentalidade argentária e as práticas mercadológicas
que nela interferem. Reduzir o poder do dinheiro na escolha e na
escalação dos jogadores é de suma importância. Esse prognóstico já se confirmou
em 2014 e 2018. Aguardemos 2022 e 2026.
Sugestão contida naquele artigo: O futebol integra a cultura do Brasil ao ponto de identidade nacional.
Por representar o país de modo tão significativo, a seleção brasileira não deve
mais ficar na esfera privada, pois inegável e insofismável o interesse nacional
na sua organização. O Congresso Nacional deve emendar a Constituição e sob um
novo artigo (217-A) criar órgão executivo autônomo composto de representantes
da câmara dos deputados, do ministério dos esportes, da confederação de
futebol, dos árbitros e da imprensa esportiva, todos em igual número, com a
precípua e exclusiva competência para organizar a seleção brasileira, escolher
jogadores, treinador e membros da comissão técnica, sempre que o Brasil
participar de competições internacionais. O novo órgão propiciará benéfico
distanciamento dos interesses econômicos privados. A seleção ficará livre das
pirraças dos dirigentes e dos técnicos da Confederação Brasileira de Futebol
(CBF) em relação a certos jogadores injustamente preteridos, como aconteceu no
passado (Romário, Djalminha) e acontece no presente (Ronaldinho, Fabiano,
Lucas). Circunstância agravante: alguns selecionados não estão dentro do seu
melhor padrão (caso de Fred e Jô).
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