Para que uma vez mais João
Batista sorria / Senhor, eu dançarei melhor que um serafim. / Mãe, por que está
imersa em tal melancolia / vestida de condessa e ao lado do delfim? / Meu
coração só de escutá-lo quando eu vinha / dançar junto ao funchal, batia
angustiado. / Eu lhe bordara lírios numa bandeirinha / destinada a flutuar no
alto do seu cajado. / E agora, para quem farei lírios bordados? / Seu bordão
refloresce às margens do Jordão. / Vieram prende-lo, ó Rei Herodes, teus
soldados / e em meu jardim lírios murcharam desde então. / Vinde todos comigo,
além, sob os quincôncios / Não chores mais, lindo bufão de reis / em vez do
guiso, empunha esta cabeça e dança! / Mãe, sua fronte fria está. Não lhe
toqueis. / Senhor, ide na frente e que a guarda nos siga. / Abriremos um fosso
e nele o enterraremos / entre flores e, em roda, em torno dançaremos /
dançaremos até que eu perca a minha liga / o rei, a tabaqueira, a infanta, o
seu rosário/ e o cura, o seu breviário. (“Salomé”. Guillaume Apollinaire Kortrovitz).
domingo, 18 de março de 2012
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário