Nos seus respectivos países da
África, América, Ásia, Europa, Oceania, jogadores podem ser considerados os
melhores do mundo, porém, comparados com os jogadores brasileiros ficarão em
desvantagem se, na comparação, forem aplicados critérios objetivos, consideradas:
(i) a época; (ii) a arte de jogar futebol [beleza plástica, toque de bola
sincronizado, inteligência lúdica, visão de jogo, habilidade no uso do corpo
(cabeça, tronco, membros), capacidade de improvisar, criatividade,
versatilidade]; (iii) a técnica de jogar futebol [espírito de equipe, controle
do ritmo do jogo, objetividade na armação das jogadas, velocidade na execução,
eficiência nos passes, dribles, desarmes, cabeceios, artilharia, cobranças de
faltas e de escanteios e na reposição de bola pelas laterais do campo].
Obedecidos tais critérios, destacam-se os quatro maiores jogadores de futebol
de todos os tempos: Arthur Friedenreich, Leônidas da Silva, Manuel Francisco do
Santos e Edison Arantes do Nascimento. Brasileiros de humilde origem social, de
excepcional habilidade, artilheiros, atuaram com êxito em diversos clubes e na
seleção brasileira, conforme consta das respectivas biografias no Google e da
tradição oral e escrita difundida internacionalmente nos séculos XX e XXI.
Arthur Friedenreich – pai alemão
e mãe brasileira – nasceu em 1892 e morreu em 1969, na cidade de São Paulo.
Parte do povo brasileiro pronunciava seu nome assim: “frederracha”. Ele jogou
dentro e fora do Brasil quando ainda o futebol era esporte amador.
Posicionou-se contra a profissionalização do esporte, cuja via foi aberta nos
anos 30, após a fundação da FIFA em 1904. No campeonato sul americano de 1919
(futura Copa América) no Uruguai, recebeu o apelido de “El Tigre”. Participou
de quatro desses campeonatos: 1916, 1919, 1922 e 1925. Após a vitória da
seleção brasileira sobre a seleção francesa, em 1925, a imprensa francesa
outorgou-lhe o título de “rei do futebol”. Praticou o esporte de 1909 a 1935. Mulato, alto,
magro, elegante, veloz, versátil, ele criou o drible curto, a finta de corpo e
o chute de efeito. Friedenreich atuou em mais de 1.200 partidas e fez mais de
1.200 gols, média de um gol por jogo (ciência trazida por tradição oral e
escrita). Em uma só partida ele fez sete gols jogando pelo Paulistano contra o clube
União da Lapa.
Leônidas da Silva nasceu em São Cristóvão, na
cidade do Rio de Janeiro, em 1913 e faleceu na cidade de Cotia, no Estado de
São Paulo, em 2004. Começou sua carreira em 1923, jogando no infantil do São
Cristóvão FC e a encerrou em 1951, jogando pelo São Paulo FC. Negro, estatura
mediana, veloz, grande elasticidade que lhe valeu o apelido de homem borracha,
tornou popular e mundialmente conhecida a jogada denominada “bicicleta” criada
por Petronilho de Brito (1904-1983). Atacante aguerrido e habilidoso, Leônidas
fez centenas de gols, alguns de “bicicleta”. Realizava essa jogada com
perfeição, os dois pés despregados do solo, pedalando e acertando a bola ainda
no ar. A torcida exaltou o jovem Leônidas como “o novo Petronilho”. [A
comparação era honrosa, pois Petronilho de Brito era fabuloso, de baixa
estatura e drible rápido, marcou muitos gols, jogou em vários clubes e nas
seleções paulista e brasileira; quando jogava na Argentina, no clube San
Lorenzo (1933-1935), Petronilho recebeu elogios da crônica desportiva platina
que refletiam o seu apuro artístico e técnico: “El Maestro”, “El Bailarin”, “El
Artista de la Pelota”,
“El Malabarista”, “Fenômeno”]. Na copa do mundo de 1938 (França), o árbitro
anulou gol de “bicicleta” feito por Leônidas, alegando que aquela jogada não
constava das regras do futebol. Artilheiro dessa copa com nove gols (incluído o
anulado pela rigidez e ignorância do árbitro) Leônidas maravilhou a Europa com
a sua arte e foi considerado o melhor jogador de futebol do mundo. A imprensa
francesa deu-lhe o apelido “Diamante Negro”, que se converteu em marca de
chocolate e lhe rendeu royalties por dois anos.
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