domingo, 18 de setembro de 2022

ELEIÇÕES 2022 - XIII

Na república democrática, a real importância da política deve estar presente no espírito de cada cidadã e de cada cidadão, desde a infância até a velhice. A política é de suma importância para a vida do indivíduo, da família e da sociedade. A visão individual e a visão comum da realidade integram-se na compreensão desse valor. O voto reflete essa compreensão.
No Brasil, parcela do corpo eleitoral não percebe essa importância. Esses eleitores votam em branco ou votam despreocupados, sem o cuidado necessário. Apresentam argumentos depreciativos, tais como: (i) não entendo e nem quero entender de política porque política é negócio muito sujo (ii) todo político é ladrão (iii) estou desiludido com a política (iv) o bom candidato depois de eleito adere aos maus costumes.  
Eleitoras e eleitores que assim pensam e agem contribuem para a cristalização do baixo nível da política partidária. Deixar de votar ou votar sem responsabilidade equivale a desprezar a força moral e política do voto, a abdicar da cidadania, a reduzir à insignificância a mais alta expressão da soberania popular. 
Política, na Grécia antiga, significava arte de governar a cidade (polis = cidade). Em termos atuais, significa arte de governar o estado, ou seja, arte de cuidar do povo, do território e do patrimônio público. Bela arte por sua finalidade de zelar pelo bem comum. Às vezes, porém, o artista é incompetente, medíocre, desonesto, tirano. Então, os vícios do artista superam as virtudes; as suas atitudes e ações mancham a beleza da política como se rabiscassem o retrato de Monalisa, interpolassem palavras chulas no Lusíadas, cobrissem de lama a estátua de Davi.  
Política, no sentido amplo e moderno, significa: (i) arte de dirigir as instituições humanas (ii) ciência que estuda o fenômeno do poder na sociedade.
Equivoca-se, quem vê o senado e a câmara dos deputados como um mar de lama. Na verdade, são duas instituições políticas da maior relevância para a sociedade democrática. Corrupta não é a instituição. Corruptos são os seus membros (senadores e deputados) que deslustram a instituição política. Os corruptos lá estão porque as eleitoras e os eleitores lá os colocaram, quer neles votando sem qualquer cuidado, quer anulando o voto. Deixar de escolher candidatos aos cargos eletivos é deixar passagem livre para os corruptos. Sim, porque os corruptos têm o seu cercado e a fidelidade do gado ali cevado.  
A escolha da eleitora e do eleitor há de ser criteriosa e livre de cercas. Quando a maioria dos senadores e deputados é corrupta, ocupada em lesar o erário, em fraudar a lei orçamentária, em criar artifícios para obter vantagens para si e para o seu grupo, a minoria que pauta sua conduta pela decência e pelos bons costumes se vê na contingência de sujar os pés no terreno enlameado. Daí, a importância da atenção do eleitorado para: (i) não se iludir com promessas vãs, com discursos enganosos, distantes da realidade (ii) pesquisar a vida pregressa do candidato (iii) escolher o candidato mais qualificado do ponto de vista moral, político, administrativo, familial, profissional e intelectual. 
Não merecem o voto da eleitora e do eleitor aqueles candidatos: (i) que não cumprem os seus deveres para com a família e para com a sociedade (ii) que, empregado ou empregador, burlam o trabalho (iii) que não respeitam o meio ambiente e nem a vida e o patrimônio alheios (iv) que no exercício de mandato anterior, mostraram-se ineptos, desonestos, corruptos, sem espírito púbico. 


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