sexta-feira, 2 de março de 2018

POLÍTICA & SATANISMO

Política define-se como função social, arte e ciência, de vital importância para a sociedade civilizada. A raiz da palavra já denuncia a sua origem.
Polis (grego) = cidade. Política = arte de administrar a cidade (ou governar o estado). Cidadania = conjunto de deveres, direitos, garantias e prerrogativas, resultante do vínculo da pessoa com a cidade (ou estado); status de cidadão; identidade nacional do indivíduo na comunidade internacional.
Civis (latim) = cidade. Civilização = estado avançado da cultura de um povo organizado em cidade (ou estado). Civilidade = relações humanas no âmbito da cidade, do estado e da comunidade internacional, fundadas na polidez e no mútuo respeito.
Política, como ciência, significa o estudo racional e sistemático do fenômeno político na sociedade. Como arte, implica diretrizes ideológicas e programáticas e tem por escopo zelar pela soberania nacional, pela dignidade da pessoa humana, pelo bem comum (inclusive o meio ambiente); estabelecer as leis e manter a ordem na sociedade; defender a nação e o seu território contra agressões externas; relações cordiais dos poderes entre si, do governo com o povo e do país com os demais países; reconhecer a plenitude dos direitos individuais e lhes garantir a eficácia no plano dos fatos; promover e incentivar o desenvolvimento econômico; planejar e regular a atividade econômica; disciplinar as relações entre capital e trabalho; assegurar a vigência e a eficácia dos direitos sociais (trabalho, seguridade, educação, saúde, moradia, lazer).
Quer sob regime democrático, quer sob regime autocrático, a política compreende: [I] a disputa para conquistar o poder do estado [II] o exercício desse poder (normativo, deliberativo, executivo) por um sujeito singular, ou coletivo, em prol do interesse privado e/ou do interesse público [III] o uso formal da força pelo governo (prevenção/repressão) e informal pelo povo (resistência/desobediência civil) [IV] organização de partidos [V] em menor extensão, o estabelecimento por um indivíduo, ou grupo, das regras estruturais e funcionais das instituições públicas e privadas (escolas, empresas, associações civis, igreja, exército).   
Atualmente, nota-se alguma insistência em recomendar ao público não satanizar a política. Satanizar é atribuir caráter satânico aos seres vivos e às coisas. Ao satanizar o homem, sataniza-se o que já e satânico, posto ser bipolar a natureza humana: demoníaca e angélica. A dupla espiral do DNA parece espelhar tal bipolaridade. O verbo satanizar tem sido usado para salientar a perversidade e o lado ruim das pessoas e das coisas. Em todo governo exercido pelo homem – e não por deus – no curso da história, a face demoníaca tem prevalecido. Na defesa dos seus interesses econômicos e estratégicos, o governo dos EUA planeja, provoca e apoia (diplomática e logisticamente) conflitos armados e golpes de estado na América Latina, na África, na Ásia. Nas devidas proporções, os governos da Rússia, China, Inglaterra, França, fazem a mesma coisa.
No Brasil, internamente, o governo exibiu espetacularmente a sua face demoníaca após o golpe de 2016, planejado, promovido e apoiado pelo governo dos EUA. A crítica dos opositores a esse governo ilegítimo se dirige principalmente aos políticos e não à política como arte ou como ciência. Honestidade, verdade, justiça e honradez nas esferas civil e militar caíram do altar pisadas por bárbaros. O povo critica o modo como o estado é administrado, a má conduta dos senadores, deputados e chefes de governo que, em grande número, são corruptos e mentirosos. O péssimo conceito desses indivíduos estende-se à política por eles praticada.
A grande importância da política na sociedade civilizada não significa que os políticos desonestos sejam imprescindíveis, que o povo deva aceita-los e se sentir representado. A má fama da atividade política se deve: (i) à atuação de políticos corruptos no Legislativo e no Executivo (ii) à administração do estado por bandidos do colarinho branco (iii) à submissão do governo à elite econômica (iv) à prioridade dada aos interesses privados, inclusive estrangeiros, em detrimento do interesse público (v) à preponderância da opinião e da vontade dos governantes sobre a opinião e a vontade do povo (vi) ao costume de enganar o povo (vii) à existência de partidos de aluguel (viii) ao funcionamento dos partidos como organizações criminosas (ix) à leviandade dos partidos que elaboram programas sem intenção de cumpri-los (x) à filiação partidária como condição de elegibilidade.

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