Hitita (2000 a
1200 a.C.).
A civilização hitita, à
semelhança da egéia, só foi descoberta no século XIX da era cristã, quando
foram encontradas na Síria algumas pedras com interessantes inscrições. A
Bíblia e os gregos citam o povo hitita. Monumentos e textos gravados em
pequenas tábuas de argila foram encontrados em diferentes regiões da Ásia Menor
e do Oriente Próximo. Trabalho arqueológico revelou as ruínas de uma cidade
fortificada de nome Hatusas. Descobriu-se que se tratava da capital do império
hitita na Anatólia (hoje, Turquia). No interior das ruínas havia dezenas de
milhares de documentos e fragmentos. Grande parte desse material era
constituída de leis e decretos. Esse povo localizava-se na linha leste-oeste,
entre as regiões do Egito, Mesopotâmia e Mar Egeu. Os hititas eram de baixa
estatura, robustos, cabeça redonda, cabelos e barbas compridos, nariz adunco, originários
do Cáucaso, região montanhosa que fica no sudoeste da Rússia. Aventa-se a
hipótese de parentesco com os cassitas, com os medos e com os persas. A língua falada
é desconhecida. Escrita cuneiforme e também hieroglífica.
Os hititas viviam da agricultura,
da indústria e do comércio. Produziam trigo, cevada, vinho, frutas e criavam
ovelhas e vacas. Oleiros, sapateiros, carpinteiros e ferreiros eram os artesãos
de maior prestígio. Os hititas dedicavam-se à metalurgia. Eles extraíam prata,
cobre e chumbo que vendiam aos outros povos. A prata era utilizada como meio de
troca. Descobriram o uso do ferro, metal mais precioso do que o ouro naquela
época. As pequenas tábuas de argila cujas inscrições foram decifradas
referiam-se a negócios, leis, religião e a plágios de mitos sumerianos tais
como: (1) as lendas da criação do mundo e do dilúvio; (2) a lenda de Gilgamesh,
rei de Uruk (cidade da Suméria) que aspirava a imortalidade e recebeu da
divindade o segredo da eterna juventude: colher determinada planta no fundo do
mar. O herói mergulhou e retirou a planta, mas uma serpente a roubou enquanto
ele descansava.
O conjunto das tábuas decifradas
aponta para uma requintada sociedade (rural e urbana), submetida a um governo
forte. O monarca era chefe político, comandante militar e sacerdote supremo.
Havia um conselho de nobres (anciãos) que velava pelo respeito à lei e às
instituições. As províncias eram governadas por pessoas da família real. A
terra era propriedade do estado. Havia concessão de terras a particulares que
se obrigavam a cultivá-las. Caso não cumprissem a obrigação, a terra era
devolvida ao estado. Mercadorias tinham seu preço fixado em lei, inclusive
alimentos e vestuário. A remuneração dos serviços prestados também era fixada em lei. A remuneração das
mulheres correspondia à metade da remuneração dos homens {no século XX (1901 a 2000) as operárias
inglesas conseguiram salário quase igual ao salário dos operários; no Brasil, a
desigualdade persiste}. A pena de morte era restrita aos crimes de feitiçaria,
relações sexuais com animais irracionais, furto de bens do palácio e estupro.
Quanto a este último, importante era o lugar do fato: se as montanhas ou se a
casa. (1) Se o fato ocorresse nas montanhas, considerava-se crime consumado e
provado; (2) se o fato ocorresse em casa e a mulher gritasse por socorro,
considerava-se consumado e provado o crime; (3) se o fato ocorresse em casa e a
mulher não gritasse por socorro, presumia-se relação sexual consentida; neste
caso, se a mulher fosse casada, configurava-se o adultério. O homicídio era
punido com multa. A pena de mutilação era aplicada em dois casos: incêndio
premeditado e furto cometido por escravo. Fora isto, não havia penas cruéis
como as dos assírios (esfolamento, castração, empalação).
A escultura e a arquitetura dos
hititas eram pobres (templos, estátuas de divindades). Arte rudimentar. A águia
de duas cabeças era o símbolo do império (estados ocidentais modernos também
usaram este símbolo). Os outros povos temiam os ligeiros carros de guerra dos
hititas, puxados por cavalos, com lugar para o condutor e dois guerreiros e
armas de ferro (espadas, lanças, escudos, capacetes, pontas das flechas).
Inúmeros deuses e formas de
adoração lembravam a religião da Babilônia. A deusa da fertilidade e o deus da
tempestade ocupavam o lugar mais alto na hierarquia divina. Os hititas eram
liberais em matéria religiosa: abriam as portas para as divindades dos outros
povos. Orações, purificações, sacrifícios, adivinhação, integravam as práticas
religiosas.
A civilização hitita foi
transmissora da cultura regional para alguns povos da antiguidade, como os
cananeus e os hicsos. A cultura própria
dos hititas também exerceu influência direta sobre os frígios, os troianos e os
cretenses. A civilização hitita chegou a ser comparada com a egípcia e a
mesopotâmica, quando o rei Supiluliuma
conquistou um grande império que ocupou parte da Ásia Menor, a parte
setentrional do Rio Eufrates, a Síria, a Fenícia e a Palestina (1380 a.C.) Nesta época, a
principal cidade do império hitita era Carchemish, próxima do Rio Eufrates,
importante centro comercial. Esse império incluía-se entre as grandes potências
da época (Egito, Babilônia e Assíria). Na defesa dos respectivos interesses
comerciais e estratégicos, hititas e egípcios disputaram o domínio da Síria (1200 a.C.). Na batalha de
Kadesch (Hatusilis x Ramsés II) os dois lados se declararam vitoriosos, mas
quem ficou com a Síria foi Hatusilis, o rei hitita. No tratado de paz foram
estabelecidos os limites de Canaã (Palestina). Aquela tremenda guerra contribuiu para a
decadência dos dois impérios (hitita e egípcio). Os hititas perderam os seus
territórios para os assírios, lídios e frígios (700 a 601 a.C.). Hatusas, a capital
do império, foi saqueada e incendiada. A civilização
hitita chega ao seu final (600
a.C.).
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