sábado, 16 de novembro de 2013

FILOSOFIA IV - B



Hitita (2000 a 1200 a.C.).

A civilização hitita, à semelhança da egéia, só foi descoberta no século XIX da era cristã, quando foram encontradas na Síria algumas pedras com interessantes inscrições. A Bíblia e os gregos citam o povo hitita. Monumentos e textos gravados em pequenas tábuas de argila foram encontrados em diferentes regiões da Ásia Menor e do Oriente Próximo. Trabalho arqueológico revelou as ruínas de uma cidade fortificada de nome Hatusas. Descobriu-se que se tratava da capital do império hitita na Anatólia (hoje, Turquia). No interior das ruínas havia dezenas de milhares de documentos e fragmentos. Grande parte desse material era constituída de leis e decretos. Esse povo localizava-se na linha leste-oeste, entre as regiões do Egito, Mesopotâmia e Mar Egeu. Os hititas eram de baixa estatura, robustos, cabeça redonda, cabelos e barbas compridos, nariz adunco, originários do Cáucaso, região montanhosa que fica no sudoeste da Rússia. Aventa-se a hipótese de parentesco com os cassitas, com os medos e com os persas. A língua falada é desconhecida. Escrita cuneiforme e também hieroglífica.
Os hititas viviam da agricultura, da indústria e do comércio. Produziam trigo, cevada, vinho, frutas e criavam ovelhas e vacas. Oleiros, sapateiros, carpinteiros e ferreiros eram os artesãos de maior prestígio. Os hititas dedicavam-se à metalurgia. Eles extraíam prata, cobre e chumbo que vendiam aos outros povos. A prata era utilizada como meio de troca. Descobriram o uso do ferro, metal mais precioso do que o ouro naquela época. As pequenas tábuas de argila cujas inscrições foram decifradas referiam-se a negócios, leis, religião e a plágios de mitos sumerianos tais como: (1) as lendas da criação do mundo e do dilúvio; (2) a lenda de Gilgamesh, rei de Uruk (cidade da Suméria) que aspirava a imortalidade e recebeu da divindade o segredo da eterna juventude: colher determinada planta no fundo do mar. O herói mergulhou e retirou a planta, mas uma serpente a roubou enquanto ele descansava.
O conjunto das tábuas decifradas aponta para uma requintada sociedade (rural e urbana), submetida a um governo forte. O monarca era chefe político, comandante militar e sacerdote supremo. Havia um conselho de nobres (anciãos) que velava pelo respeito à lei e às instituições. As províncias eram governadas por pessoas da família real. A terra era propriedade do estado. Havia concessão de terras a particulares que se obrigavam a cultivá-las. Caso não cumprissem a obrigação, a terra era devolvida ao estado. Mercadorias tinham seu preço fixado em lei, inclusive alimentos e vestuário. A remuneração dos serviços prestados também era fixada em lei. A remuneração das mulheres correspondia à metade da remuneração dos homens {no século XX (1901 a 2000) as operárias inglesas conseguiram salário quase igual ao salário dos operários; no Brasil, a desigualdade persiste}. A pena de morte era restrita aos crimes de feitiçaria, relações sexuais com animais irracionais, furto de bens do palácio e estupro. Quanto a este último, importante era o lugar do fato: se as montanhas ou se a casa. (1) Se o fato ocorresse nas montanhas, considerava-se crime consumado e provado; (2) se o fato ocorresse em casa e a mulher gritasse por socorro, considerava-se consumado e provado o crime; (3) se o fato ocorresse em casa e a mulher não gritasse por socorro, presumia-se relação sexual consentida; neste caso, se a mulher fosse casada, configurava-se o adultério. O homicídio era punido com multa. A pena de mutilação era aplicada em dois casos: incêndio premeditado e furto cometido por escravo. Fora isto, não havia penas cruéis como as dos assírios (esfolamento, castração, empalação).
A escultura e a arquitetura dos hititas eram pobres (templos, estátuas de divindades). Arte rudimentar. A águia de duas cabeças era o símbolo do império (estados ocidentais modernos também usaram este símbolo). Os outros povos temiam os ligeiros carros de guerra dos hititas, puxados por cavalos, com lugar para o condutor e dois guerreiros e armas de ferro (espadas, lanças, escudos, capacetes, pontas das flechas).
Inúmeros deuses e formas de adoração lembravam a religião da Babilônia. A deusa da fertilidade e o deus da tempestade ocupavam o lugar mais alto na hierarquia divina. Os hititas eram liberais em matéria religiosa: abriam as portas para as divindades dos outros povos. Orações, purificações, sacrifícios, adivinhação, integravam as práticas religiosas.   
A civilização hitita foi transmissora da cultura regional para alguns povos da antiguidade, como os cananeus e os hicsos.  A cultura própria dos hititas também exerceu influência direta sobre os frígios, os troianos e os cretenses. A civilização hitita chegou a ser comparada com a egípcia e a mesopotâmica, quando o rei Supiluliuma conquistou um grande império que ocupou parte da Ásia Menor, a parte setentrional do Rio Eufrates, a Síria, a Fenícia e a Palestina (1380 a.C.) Nesta época, a principal cidade do império hitita era Carchemish, próxima do Rio Eufrates, importante centro comercial. Esse império incluía-se entre as grandes potências da época (Egito, Babilônia e Assíria). Na defesa dos respectivos interesses comerciais e estratégicos, hititas e egípcios disputaram o domínio da Síria (1200 a.C.). Na batalha de Kadesch (Hatusilis x Ramsés II) os dois lados se declararam vitoriosos, mas quem ficou com a Síria foi Hatusilis, o rei hitita. No tratado de paz foram estabelecidos os limites de Canaã (Palestina). Aquela tremenda guerra contribuiu para a decadência dos dois impérios (hitita e egípcio). Os hititas perderam os seus territórios para os assírios, lídios e frígios (700 a 601 a.C.). Hatusas, a capital do império, foi saqueada e incendiada. A civilização hitita chega ao seu final (600 a.C.).


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