03/08/2012. Futebol feminino. Brasil x Japão. Vitória da seleção
japonesa (2x0). Descabe falar em zebra e censurar as jogadoras brasileiras.
Elas não têm o preparo físico, nem o apoio moral e patrimonial de que desfrutam
as adversárias no Japão. Desde o final do século XX os japoneses se programaram
para chegar ao bom nível de hoje no futebol masculino e feminino. Contrataram
jogadores e treinadores estrangeiros. Serviram-se dos recursos da moderna
tecnologia. Aprenderam bem as lições. Sem grandes talentos individuais,
investiram no coletivo, nas táticas, no preparo físico, na velocidade, na
objetividade, no elemento surpresa. A isto agregam o espírito samurai, a
dedicação e o empenho guerreiro das artes marciais. Do começo ao fim das
partidas, nada de desânimo ou lentidão. Mesmo perdendo, os asiáticos amarelos
lutam pelo gol de honra. No futebol masculino e feminino, nos clubes e na
seleção, os brasileiros são desprovidos desse espírito. Cultura diferente da
asiática.
04/08/2012. Futebol masculino. Brasil x Honduras. Vitória da
seleção brasileira (3x2), favorecida pela arbitragem que marcou pênalti
inexistente e expulsou dois jogadores hondurenhos. Mesmo com essas
desvantagens, a seleção hondurenha esteve por duas vezes à frente no marcador.
Isto indica que a seleção brasileira venceu, mas não convenceu. Se continuar
nesse padrão e a arbitragem não ajudar, perderá para a seleção coreana, próxima
adversária na partida semifinal (terça feira, 07/08/2012). Os asiáticos
amarelos do futebol masculino e feminino trazem para o campo o espírito
guerreiro das artes marciais. Avançam para tirar a bola dos pés do adversário
como matilha de lobos. Exibem preparo físico, correm e lutam até o fim; são
velozes, persistentes e obstinados. Defendem-se e atacam com muito empenho e
senso coletivo. Os jogadores brasileiros são lentos e sofrem desarmes pela
rapidez dos asiáticos que se antecipam nas jogadas. Parcialmente correta a
lição brasileira: a bola é que deve correr e não o jogador. Todavia, há
momentos na partida em que o jogador deve correr em velocidade maior, com ou
sem a bola, conforme o desenho da jogada. O atleta precisa estar atento,
ligado, esperto, do início ao fim da partida, sob pena de ser surpreendido pelo
adversário. A seleção brasileira tem bons valores individuais e razoável senso
coletivo. Poderá driblar o estilo asiático. Apesar do toque de bola
que caracteriza o futebol brasileiro (já foi melhor) nota-se quantidade de
passes errados incompatível com a fama. Há jogador pisando na bola.
O espírito de Feola podia baixar
no treinador da seleção brasileira e ensinar como se organiza de modo simples e
eficiente uma seleção e como se aproveita bem os valores individuais. Às vezes,
Feola chegava a tirar uma soneca durante o jogo, tal era a sua confiança na
capacidade e no talento dos jogadores (grande mestre Didi, impetuoso
centroavante Vavá, endiabrado ponta direita Garrincha, rápido e eficiente ponta
esquerda Zagalo, atrevido, corajoso e estreante garoto Pelé, entre outros
craques). Interpelado, Feola dizia que não estava dormindo, mas apenas meditando.
Tendo à sua disposição dois dribladores de alto nível como Neymar e Lucas, o
pragmático Feola aproveitaria ambos, um em cada ponta e depois meditaria alguns minutos durante o jogo.
Por não querer enxergar o óbvio, o treinador quase perde a chance de levar a
equipe à semifinal. O seu receio de perder é maior do que a vontade de ganhar.
Estiveram bem nas partidas: Marcelo, Oscar, Thiago
Silva e Rafael (faz um trabalho pela direita que lembra o de Zagalo pela
esquerda em 1958). Contra a seleção de Honduras, Hulk não esteve bem. Parrudo,
rosto graúdo, quadrado e de traços marcantes, esse jogador se parece com o
verde personagem do filme. Daí, o apelido. Durante transmissão do jogo pela TV,
comentarista reclama da ausência de Ganso. Nesse particular, a razão está com o
treinador. Ganso atravessa momento desfavorável do ponto de vista técnico e
psicológico. Na sua última exibição em campo ficou evidente a frustração por
ficar na sombra e não apresentar a sua antiga e boa forma física e técnica. Se
o Brasil estiver vencendo de 3x0, o treinador poderá colocá-lo em campo no
final do jogo para ajudar na sua recuperação e na contratação por um clube
europeu. Fora disto, a prioridade há de ser da equipe.
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