Minguou a genialidade no futebol
na primeira década deste século XXI. Até o momento, não se vê sucessores de
Romário, Ronaldo Gaúcho e Zidane, últimos gênios do futebol. Cristiano Ronaldo
e Lionel Messi eram promessas; aquele malabarista, este marreteiro, ambos de
bom nível. Na copa de 2010 esses dois mostraram limitações e tiveram atuações
apagadas. Ao enfrentar jogadores e equipes de alto nível revelaram desempenho
muito longe da genialidade. A copa reúne os melhores jogadores de cada
continente. Bilhões de pessoas assistem-na e testemunham atuação desses
jogadores. Na copa de 2010 destacaram-se os holandeses Robben e Sneijder. No
entanto, outros jogadores menos valorosos foram escolhidos pela FIFA.
Há jogadores brasileiros com
potencial a ser exteriorizado na próxima copa se estiverem em forma e forem
convocados, tais como: Dedé, Felipe Coutinho, Ganso, Leandro Damião, Lucas,
Marcelo, Neymar. Esses jogadores talvez ultrapassem o nível de excelência da
fase áurea de jogadores como Adriano, Carlos Alberto, Falcão, Geovani,
Jairzinho, Júnior, KK, Rivaldo, Ronaldo Nazário, Zico. Ultrapassagem difícil,
mas possível. O futuro dirá. De um modo geral, aos citados novos jogadores
ainda faltam: firmeza, maturidade, plena capacidade de assimilação das mudanças
introduzidas pelos treinadores durante a partida. Além da habilidade individual
dos jogadores, o futebol requer eficiência coletiva e inteligência. Certa
ocasião, no confronto entre Corinthians e Palmeiras, os treinadores, Luxemburgo
de um lado e Scolari de outro, alternavam-se nas mudanças táticas e na
composição das equipes no curso da partida. Luciano do Valle, que narrava o
jogo transmitido pela emissora de televisão, exclamou empolgado: “isto está
parecendo um jogo de xadrez”. Aliás, excelente narrador há muitos anos,
simples, bem educado, Luciano conhece o esporte, respeita o público e a opinião
dos comentaristas mesmo quando deles discorda. Quando equipes e treinadores são
de alto nível, a inteligência entra em campo, o jogo adquire extraordinário
colorido.
A crítica às atitudes em campo de
jogadores católicos e protestantes feita no artigo anterior teve o propósito de
mostrar: (1) o inconveniente de misturar religião e futebol (2) o distorcido
papel do jogador em campo como sacristão de chuteiras e propagandista de seitas
religiosas (3) a equivocada crença de cristãos no Antigo Testamento – coleção
de livros hebraicos da Bíblia (4) que, se católicos e protestantes fossem
cristãos, seguiriam o Novo Testamento – coleção de livros cristãos da Bíblia
(5) que, se católicos e protestantes fossem fiéis, guiar-se-iam pela doutrina
de Jesus exposta pelos apóstolos, ao invés de se guiarem pela doutrina de
Moisés (6) o culto seria prestado ao Pai Celestial, deus universal, bondoso e
misericordioso que Jesus adorava, e não a Jeová, cruel e satânico deus nacional
do povo hebreu (judeus + israelitas).
Assim como outros povos da antiguidade, os hebreus
também adoravam deuses e eram felizes no Egito até que Moisés lhes impôs o
exclusivo culto ao severo Jeová e os submeteu aos sofrimentos do êxodo (1250 a.C.). As seqüelas
ficaram gravadas no DNA desse povo. No curso dos anos 30 a 40 do século I, o profeta Jesus se
propôs a catequizar primeiro os monoteístas (judeus) e depois os politeístas
(pagãos). Com esse propósito, ele procura tranqüilizar os judeus dizendo que
não viera para abolir a lei e os profetas e
sim para levá-los à perfeição (Mateus, 5: 17; único evangelista a mencionar
essa comparação entre a lei antiga e a lei nova). A lei era o pentateuco, cinco primeiros livros do Antigo Testamento,
cuja autoria foi atribuída a Moisés. Os profetas
eram 18 livros contidos no Antigo Testamento, cuja autoria foi atribuída aos
profetas judeus e israelitas. Nesse mistér de aperfeiçoamento, Jesus expôs nova
doutrina (evangelho = boa nova): I. Anunciou novo deus (Pai Celestial); II.
Dessacralizou o sábado (dia sagrado dos hebreus); III. Revogou a lei do olho
por olho, dente por dente (talião);
IV. Aboliu o sacrifício de animais à divindade; V. Mandou: (1) amar a Deus, ao
próximo e aos inimigos (2) salvar os amigos com a própria vida (3) perdoar os
devedores e as ofensas (4) dividir a riqueza com os pobres e não acumular
tesouros neste mundo. Todos esses preceitos brotam da visão de mundo jesuítica,
diferente da visão de mundo mosaica; sustentam-se na autoridade moral do
profeta. Entre os adeptos das religiões que se dizem cristãs (católicos e
protestantes) a doutrina do Cristo, luz no plano do espírito, tem sido um farol
apagado no plano da conduta.
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