terça-feira, 8 de maio de 2012

FUTEBOL


Os jogos dos campeonatos estaduais de 2012 exibem futebol de alto nível. À rigidez dos jogos europeus contrapõe-se a flexibilidade, a criatividade, os dribles, os belos gols dos brasileiros, além do bom sistema de jogo utilizado pelos treinadores que integra defesa, armação e ataque. Diante dessa realidade, os jogos europeus ficam monótonos. Caxias, clube do interior gaúcho, pratica futebol à altura do Internacional, clube que já foi campeão do mundo e que atualmente é um dos melhores do Brasil. Os dois clubes empataram a primeira partida pelo placar mínimo (1x1). A segunda partida, certamente bem equilibrada, será realizada em Porto Alegre e definirá a equipe campeã. No clássico atletiba paranaense, Atlético x Coritiba também empataram (2x2). Não há favorito. Qualquer desses dois clubes poderá vencer a segunda partida e conquistar a taça, ainda que seja por tiro direto da marca do pênalti para desempate. Santos venceu o Guarani (3x0) em Campinas e tudo indica que tornará a vencer na segunda partida, apesar do bom futebol campineiro. Exibição de gala do Fluminense na primeira partida diante do Botafogo (4x1). Raros são os times que sabem aproveitar a vantagem de ter um jogador a mais. O Fluminense soube-o, depois da expulsão de Lucas, defensor botafoguense. Isto não significa que a segunda partida será vencida com facilidade pelo Fluminense. O Botafogo tem bom elenco, bom treinador e poderá vencer, ainda mais se o tricolor se encolher na defesa, contrariando a melhor tática. Maravilhoso o gol de “bicicleta” feito pelo Fred. Sóbis marcou dois gols e perdeu um. Deco tem sido o expoente do time, com eficientes armações e assistências. 

A política dos clubes de repatriar jogadores ora se mostra bom investimento, como foi o caso de Deco e de Luis Fabiano, ora se mostra investimento ruim, como foi o caso de Adriano. O Grêmio contratou Zé Roberto, melhor jogador da festiva e irresponsável seleção brasileira de 2006. Sobre o jogador “experiente” como sinônimo de “idoso” e inapto para o futebol, resta o preconceito. Basta o jogador atingir a faixa dos 35 anos para que o público e a imprensa esportiva comecem a sugerir aposentadoria. Na verdade, com os recursos atuais da medicina preventiva, das técnicas de preparo físico com ou sem aparelhos, das dietas e dos cuidados individuais (sem fumo, sem bebida alcoólica e sem orgias) a vida útil do jogador de futebol vai além dos quarenta anos. O que importa é a boa forma física, mental e técnica, ainda mais se houver talento. O clube dos quarentões como Djalma Santos e Romário tende a aumentar.

Propaganda dos organizadores da copa do mundo de 2014 veiculada nas emissoras de televisão mostra Pelé e Ronaldo Nazário lado a lado. Diz a verdade sobre Pelé: “o melhor jogador de futebol do século XX”. Diz grossa mentira sobre Ronaldo: “o maior artilheiro de todas as copas”. Ronaldo não foi maior artilheiro do que Pelé, como a propaganda insinua subliminalmente, nem o artilheiro referido explicitamente. Para fazer 15 gols Ronaldo precisou disputar quatro copas, média de 3,8 gols por copa. Pela média aritmética, a partir de 1950 até 2006, os maiores artilheiros de todas as copas foram: (i) Just Fontaine = 13 gols; (ii) Sandor Kocsis = 11 gols; (iii) Ademir Meneses e Eusébio = 9 gols; (iv) Gerd Muller = 7 gols; (v) Pelé e Rahn = 6 gols; (vi) Lineker e Klose = 5 gols; (vii) Vavá, Jairzinho, Rossi, Vieri = 4,5 gols; (viii) Ronaldo Nazário = 3,8 gols; (ix) Klinsmann, Cubillas, Lato, Batistuta = 3,3 gols; (x) Rummenigg e Baggio = 3 gols. Portanto, o maior artilheiro de todas as copas foi Just Fontaine: 13 gols em uma só copa. Quem é o maior artilheiro: aquele que em uma só copa faz 13 gols ou aquele que precisa disputar quatro copas para somar 15 gols? Tira-se a média. A matemática não mente. Os organizadores da copa sim, tentam enganar o povo.

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