terça-feira, 28 de setembro de 2010

ROSACRUZES7

Oitava parte.

No dia 07/09, os grupos de trabalho se reuniram por volta das 9,00 horas até as 10,30 horas. No verso do crachá de cada participante havia uma cor que correspondia ao seu grupo. No meu crachá, a cor era verde. Composto de 25 pessoas, o grupo verde reuniu-se no espaço de arte Francis Bacon, casa anexa ao prédio da Grande Loja - GL, no Bacacheri (bairro de Curitiba). A função de relator, rejeitada pelos demais integrantes do grupo, foi aceita por mim. Alguém tinha de relatar. Alguns membros apresentaram propostas por escrito. As minhas, também escritas, partiram da suposição de que a URCI começava agora. Por ignorar a sua estrutura, eu não tinha condições para propor mudança. Resumi os trabalhos do grupo no relatório. O modo autoritário de conduzir os trabalhos pela coordenadora foi questionado por uma sóror com veemência, porém, educada e fraternalmente. A sóror entendeu que a coordenadora cerceava a liberdade de expressão dos participantes do grupo. Outra sóror já afirmara que somos livres pensadores; que a Ordem R+C permite a liberdade de pensamento. Depois disto, os trabalhos tiveram curso livre e producente.

A propósito da liberdade, recordo a confissão do professor Ferrari, durante o curso de mecânica quântica que precedeu ao congresso, sobre a dificuldade que ele sentiu nos primeiros 10 anos de estudos rosacruzes, para aceitar a doutrina da reencarnação. Comigo aconteceu o contrário. Espiritismo kardecista e reencarnação eram moedas correntes na minha família por influência da minha avó materna. Com tais crenças ingressei na Ordem R+C, mas no decorrer dos estudos, depositei-as no cofre da fantasia. A perda de crença na reencarnação não impediu minha permanência na AMORC, nem que eu extraísse dos ensinamentos rosacruzes a minha própria interpretação e aplicação.

No grupo verde houve reclamações sobre: (i) a falta de resposta da GL aos trabalhos que lhe são enviados pelos membros; (ii) o despreparo de alguns palestrantes credenciados pela GL quando se apresentam nos corpos afiliados; (iii) a exigência de prévia aprovação do teor das palestras pela direção da GL.

Submeti o rascunho do relatório à apreciação do grupo। Procedi às retificações solicitadas. A referência à censura foi uma delas. Uma sóror protestou, dizendo não se tratar de censura e sim de aprovação prévia como determina o manual administrativo. Diante do clima fraternal, retirei a expressão, embora discordando intimamente. Censura é o exame crítico de obra alheia do qual resulta aprovação ou reprovação, autorização ou proibição para publicar. A obrigação de submeter publicação de qualquer texto à autorização de outrem significa censura prévia. No caso da AMORC, a censura contém-se no poder administrativo da instituição, faz parte das suas normas e do controle interno sobre os seus palestrantes. Visa ao resguardo dos valores e objetivos da instituição. Destarte, quem discorda do sistema não deve se candidatar a palestrante. Uma sóror qualificou esta discordância de falta de humildade. Talvez, seja; talvez, não seja. Nestes 45 anos de filiação, eu jamais me candidatei e sempre recusei ser palestrante da AMORC, porque prezo a liberdade de expressar meu pensamento, embora compreenda os motivos da censura. Além disto, entendo que as características recomendáveis a um palestrante da AMORC sejam a horizontalidade e a tranqüilidade de um lago, perfil no qual não me enquadro, porque as minhas características são a verticalidade e a agitação de uma cachoeira. Por volta de 1977/1978, aceitei convite do frater Luna para uma palestra aos fratres e sórores de Curitiba, pelos seguintes motivos: (i) não foi exigida prévia aprovação do texto; (ii) não fiz a palestra como oficial da AMORC e sim como juiz de direito; (iii) a palestra versava o casamento, a separação, os alimentos e a situação dos filhos, assimilável por membros e não membros.

Após o intervalo do café, o reitor da URCI (Grande Mestre da GL) discursou em tom de encerramento e se retirou sem esperar a apresentação dos trabalhos dos grupos। As atitudes valem mais do que as palavras. Ficou a impressão de que os nossos trabalhos tinham pouca ou nenhuma importância. Do discurso do reitor, foi possível perceber que todos os assuntos relativos à URCI já estavam equacionados por seus órgãos de direção. Ao meu sentir, a opinião dos congressistas foi solicitada apenas como estratégia para engajá-los na revitalização da universidade. Cada relator dispôs de 5 minutos para, da tribuna do auditório H. S. Lewis, apresentar o relatório dos trabalhos do seu grupo. Depois da leitura, o relatório e as propostas escritas eram entregues à secretária da URCI para encaminhá-los à reitoria. Cada coordenador apresentou considerações finais. A seguir, foi encerrado o congresso.

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