segunda-feira, 19 de julho de 2010

VIAGEM

DIÁRIO DE VIAGEM IV

No dia seguinte (03/07/2010), após o desjejum, ficamos no quarto do hotel até as 11,00 horas, pois amanhecera chovendo. Quando a chuva amainou, saímos para visitar Montmatre e, assim, concluir o circuito por nós programado. Fizemos o check-out e deixamos as malas guardadas no hotel. Sem medo de ser feliz, embarcamos no Metrô de Paris (rima espontânea). Descemos na estação mais próxima do Sacré Coeur. Turistas aos magotes. Ruas apinhadas de gente, lojas e bancas. A pé, subimos até a base da escadaria do urbanizado monte. Então, pegamos o elevador até o cimo, onde a igreja se destaca altiva e soberana. O interior da igreja estava claro, altas colunas, abóboda e vitrais bonitos, atmosfera leve e inspiradora. Fizemos o périplo, tal qual na igreja de Notre Dame. Desta vez, porém, a sensação foi diferente: paz sem melancolia, convite à introspecção. Apesar de não ser adepto de religião alguma, detive-me em um dos nichos onde havia pequeno e doirado crucifixo. Emocionado, rezei a oração contida em “O Evangelho da Irmandade”. Jussara e Rafael, em silêncio, respeitaram aquele solitário momento de místico fervor. Passeamos pelas vielas da parte alta de Montmatre, localizadas ao lado e aos fundos da igreja, onde há bares, restaurantes, lojas, bancas de artesanato e exposições de arte pictórica e escultural. Em uma pequena praça, ao som do realejo por ela própria acionado, uma senhora de mediana estatura, magra, esbelta, cantava à La Piaf. Vestia-se à francesa, boina, lenço ao pescoço, gestos graciosos, voz agradável e afinada, carregando na pronúncia dos erres. Na mesa da pequena área externa do restaurante Deli´s nós tomamos vinho e almoçamos enquanto apreciávamos o movimento. Deixamos a sobremesa para a varanda de outro estabelecimento da mesma Rue Du Mont Cenis. Do lado de fora, um artista com aparência de Carlitos permanecia imóvel sobre um caixote por algum tempo, depois atendia às crianças curiosas que o tocavam. No caminho de volta, a francesa do realejo cantava na mesma praça, agora sob os aplausos de um público mais numeroso. De taxi, voltamos para o centro de Paris. Paramos na Rue St. Dominique para tomar café expresso no Columbus Café. A seguir, apanhamos a nossa bagagem no hotel e esperamos o taxi recomendado pelo gerente. O motorista era um japonês baixinho, gordinho, risonho e desleixado tal como a viatura que dirigia. Passamos por mais dois hotéis onde outros passageiros aguardavam. Ficamos aliviados quando chegamos ao aeroporto, pois o japonês era afobado na boléia.

Aeroporto de Orly. 18,40. Paris, 03 de julho de 2010.
Seguiu-se a rotina: check-in, exibição dos passaportes e inspeção policial. Circulamos pelas dependências do aeroporto. A companhia aérea (Vueling) informa: a partida marcada para as 21,25 atrasaria duas horas. Esse foi o único atraso que enfrentamos desde que saímos do Rio de Janeiro. Jussara e Rafael travaram longa, agradável e alegre conversação com mãe e filhas espanholas da Catalunha, também passageiras do nosso vôo. Isto amenizou a espera. Lanchamos no aeroporto e de lá partimos para Madri por volta das 23,30 horas.

Aeroporto de Barajas. Hora: 01,30. Madri, 04 de julho de 2010.
Desembarcamos, exibimos os passaportes, passamos pela inspeção policial e tomamos um taxi que nos deixou na casa do Rafael. Colocamos nas malas e em sacolas as coisas que ali havíamos deixado antes de viajar para Oslo. Depois, fomos para o Hotel Castillas II, onde tínhamos reserva de quarto. Instalamo-nos, tomamos banho e dormimos. Rafael voltou na manhã seguinte, tomou café conosco no hotel e nos acompanhou até o aeroporto. Ele foi atencioso durante toda a nossa visita e se esforçava para que os passeios ocorressem conforme o planejado. Em Madri, Oslo e Paris, a comunicação minha e da Jussara com as pessoas se dava através do gestual e da estropiada linguagem em espanhol, inglês e francês. Motoristas de taxi, lojistas, atendentes em hotéis, bares, restaurantes, estações de barcos e trens arranhavam esses idiomas, quando não lhes era o pátrio. Sem a entonação dos guias profissionais, os motoristas de taxi com ponto nos aeroportos contavam coisas do seu país, conforme permitisse a conversa. Assim, por exemplo, em Oslo, falaram da historia do povo norueguês e da modernização do país; em Paris, dos seus 4 milhões de habitantes (8 milhões em toda a França), além de outros assuntos.

Aeroporto de Barajas. 12,30. Horário europeu. Madri, 04 de julho de 2010.
Chegamos por volta das 09,30 horas no aeroporto, procedemos ao check-in e exibimos os passaportes. Antes da inspeção policial, despedimo-nos do Rafael. Como nos demais aeroportos, colocamos numa vasilha de plástico todos os pertences metálicos, inclusive o cinto (por causa da fivela). Felizmente, as calças não caíram. As malas passaram pelo aparelho de raios-X que não registrou a presença de arma, artefato nuclear ou narcótico. Circulamos pelo aeroporto e aguardamos o embarque em local próximo ao terminal 4S. O embarque teve início pontualmente às 11,45 horas. Chamada dos passageiros pela numeração dos assentos no sentido da traseira para a dianteira da aeronave facilitou a acomodação de todos e economizou tempo. A aeronave da Ibéria decolou no horário previsto.

Aeroporto Tom Jobim. 17,55. Hora de Brasília. Rio, 05 de julho de 2010.
Desembarcamos. Exibimos os passaportes. Preenchemos o formulário solicitado pela polícia federal, distribuído previamente no avião, e o entregamos na saída. De taxi, fomos para o Leblon e nos hospedamos no apartamento do Evandro, nosso primeiro filho. Fui ao apartamento de Gabriela, nossa filha, localizado na quadra seguinte e lhe entreguei os óculos encomendados, a medalha do Sacré Coeur e as roupas que trouxemos para o nosso neto, com quem brinquei e troquei carinho por algum tempo. Depois, fomos jantar no Belmonte. Na manhã seguinte, Jussara e eu apanhamos o ônibus na estação rodoviária e regressamos à nossa casa em Penedo, município de Itatiaia, Estado do Rio de Janeiro. Pretinho, Bóris, Brigitte e Laika, nossos cachorros e cachorras, fizeram festa quando nos viram. Eles estavam bem cuidados pelo Manoel, zelador da nossa casa. Assistimos às partidas finais da copa do mundo de futebol. Gostei mais da disputa pelo terceiro lugar entre Alemanha e Uruguai. Na partida final, a Holanda abusou da truculência. Apesar disto, foi a melhor seleção da copa e revelou o melhor jogador. A vitória final da seleção espanhola e o fato de a FIFA escolher o uruguaio Forlán melhor jogador da competição, em nada mudaram a minha opinião. O desempenho de Sneijder e da seleção holandesa foi excelente durante toda a copa, o que não ocorreu com os altos e baixos de Forlán e da seleção espanhola. Jussara e eu nos alegramos com a vitória da seleção espanhola. Afinal, nosso filho caçula mora na Espanha!

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