sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

POESIAS


(I) Não chores, meu filho;/ Não chores, que a vida/ É luta renhida:/ Viver é lutar./ A vida é combate,/ Que os fracos abate,/ Que os fortes, os bravos,/ Só pode exaltar.
(II) Um dia vivemos!/ O homem, que é forte/ Não teme da morte;/ Só teme fugir;/ No arco que entesa/ Tem certa uma prêsa,/ Quer seja tapuia,/ Condor ou tapir.
(III) O forte, o cobarde/ Seus feitos inveja/ De o ver na peleja/ Garboso e feroz;/ E os tímidos velhos/ Nos graves conselhos,/ Curvadas as frontes,/ Escutam-lhe a voz!
(IV) Domina, se vive;/ Se morre, descansa/ Dos seus na lembrança,/ Na voz do porvir./ Não cures da vida!/ Sê bravo, sê forte!/ Não fujas da morte,/ Que a morte há de vir!
(“Canção do Tamoio” – Gonçalves Dias)

Minha terra tem palmeiras,/ Onde canta o sabiá;/ As aves que aqui gorjeiam,/ não gorjeiam como lá./ Nosso céu tem mais estrelas,/ Nossas várzeas têm mais flores,/ Nossos bosques têm mais vida,/ Nossa vida mais amores./ Em cismar, sozinho, à noite,/ Mais prazer encontro eu lá;/ Minha terra tem palmeiras,/ Onde canta o sabiá./ Minha terra tem primores,/ Que tais, não encontro eu cá;/ Em cismar, sozinho, à noite,/ Mais prazer encontro eu lá;/ Minha terra tem palmeiras,/ Onde canta o sabiá./ Não permita Deus que eu morra,/ Sem que eu volte para lá;/ Sem que desfrute os primores/ Que não encontro por cá;/ Sem qu´inda aviste as palmeiras,/ Onde canta o sabiá.
(“Canção do Exílio” – Gonçalves Dias)

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