quarta-feira, 19 de outubro de 2022

VIDA POLÍTICA - III

Em consequência da intromissão de algumas seitas religiosas na vida política brasileira, a campanha eleitoral em curso (outubro/2022) incluiu a busca de votos no seio (i) da comunidade católica, que soma cerca de 150 milhões de brasileiros dos quais talvez 70 milhões sejam eleitores (ii) da comunidade protestante (histórica + neopentecostal) que soma cerca de 30 milhões de brasileiros dos quais talvez 15 milhões sejam eleitores. No Tribunal Superior Eleitoral inexistem estatísticas sobre eleitorado religioso. Esse dado pode ser encontrado (i) no recenseamento nacional periódico e (ii) nos registros das igrejas, aqui  de modo cauteloso, pois, a tendência geral é de cada uma exagerar a quantidade dos seus fiéis. 
Os valores espirituais integram a estrutura moral e influem nas decisões e condutas das pessoas. Os candidatos a cargos eletivos também tentam influir nas decisões e condutas dos eleitores. Para tanto, usam os valores espirituais nas suas retóricas como poder de influência e convencimento para atrair os votos dos católicos e protestantes. 
As pesquisas feitas na área religiosa podem ter a finalidade de amparar o malicioso questionamento do atual presidente da república contra a confiabilidade das urnas eletrônicas. Dirá, por exemplo, que as estatísticas calculavam em 50% as intenções de votos a seu favor e as urnas registraram apenas 30%. Logo, teria havido algum tipo de fraude, pois, de acordo com as pesquisas o vencedor seria ele e não o adversário. Pedirá a anulação do pleito. Em 2014, os tucanos golpistas pediram anulação à justiça eleitoral. Sem êxito. Como já se constatou nas eleições pretéritas, as urnas eletrônicas não mentem. 
Ante as discrepâncias apresentadas e a onda artificial em direção ao empate, torna-se imperioso investigar os institutos de pesquisas e seus diretores. Considerando que em política não há neutralidade, necessária tal investigação sobre preferências e mensurações manipuladas, mistura de dados reais com dados fictícios, insuficiências das amostragens e das  induções. Exemplo: Num total de 156 milhões de eleitores, são entrevistados só meia dúzia de eleitores no campo mais favorável ao apadrinhado.  
Diante das pesquisas que indicam votos de evangélicos para Luiz Inácio, surgem imediatamente pesquisas que indicam votos de católicos para Jair Messias. Malícia à parte, há votos nos dois lados. Tendo em vista o pluralismo religioso no Brasil, certamente há católicos, protestantes, judeus, muçulmanos, budistas, espíritas, que votaram e votarão nos dois candidatos. Rosacruzes, maçons, pitagóricos e ateus certamente votaram e votarão nesses candidatos. Entre todos eles, há os que se abstiveram e tornarão a se abster, os que votaram e votarão em branco e os que anularam e anularão o voto. 
Sabe-se que os eleitores católicos são mais numerosos, porém, não se sabe com certeza quantos votaram ou votarão neste ou naquele candidato. O voto é secreto e nem todos os eleitores revelam-no. Por diferentes motivos, os que revelam podem estar faltando com a verdade. Ante o costumeiro comportamento social da população brasileira, podemos classificar os católicos em dois tipos: A e B. 
Pertencem ao tipo A, homens e mulheres que frequentam a igreja regularmente e são receptivos aos sacramentos (batismo, confirmação, ordem, eucaristia, penitência, matrimônio, extrema unção). Provavelmente, esses católicos não votarão em Jair Messias pelos motivos já conhecidos da sociedade, inclusive as recentes e afrontosas visitas dele às festas religiosas de relevância simbólica para o catolicismo (N. Sra. Aparecida e Círio de Nazaré).  
Pertencem ao tipo B, homens e mulheres que só receberam parte dos sacramentos (batismo, confirmação) e não se mostram receptivos aos demais (ordem, eucaristia, penitência, matrimônio, extrema unção). Esses católicos não comparecem às missas e à sagrada comunhão (eucaristia) salvo esporadicamente por algum especial motivo (batizado, crisma e casamento dos filhos, cerimônia fúnebre). Para essas pessoas, o termo católico funciona mais como um rótulo do que uma autêntica profissão de fé religiosa. Do meio desses “católicos” provavelmente saíram e sairão alguns votos para Jair Messias. 

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