domingo, 9 de outubro de 2022

ANALFABETISMO POLÍTICO

Alguns brasileiros que acreditaram nas pesquisas de intenções de voto surpreenderam-se com os 51 milhões de votos dados a Jair Messias no primeiro turno destas eleições (outubro/2022). Esqueceram dos 57 milhões de votos que ele obteve no segundo turno das eleições de 2018. Agora, no segundo turno do processo eleitoral em curso, ele não irá muito além do que conseguiu no primeiro, embora tenha em seu proveito: (i) o mecanismo político e administrativo do estado por ele chefiado (ii) a distribuição das verbas previdenciárias e orçamentárias (iii) o generoso financiamento privado (iv) a coação dos empregadores sobre os empregados (v) o terror a que estão submetidos os crentes, pelos pastores evangélicos, e a população, pela milícia armada (vi) a intencional desinformação veiculada na rede de computadores. 
Sem ajuda igual ao do concorrente, Luiz Inácio obteve 57 milhões de votos. Se não esmorecer, chegará à casa dos 60 milhões no segundo turno.
Intenção de voto é maleável. Qual biruta de aeroporto, a vontade do eleitor pode mudar de direção conforme o vento. A pesquisa de intenções é especulação útil à imprensa que atiça candidatos e partidos, cria expectativas, faz da campanha eleitoral um espetáculo. Envolvido numa enganosa aura de exatidão matemática, o cálculo fundado nessa base é incerto. Nele, há intuição, indução, ilusão. Só o resultado saído das urnas eletrônicas é seguro e confiável.  
A vitória final de Luiz Inácio, apertada ou folgada, acontecerá. Ele não tem concorrente que o supere em carisma, popularidade, estatura política e valor pessoal. Ficaram no passado as grandes personalidades da política brasileira: Getúlio Vargas, Luiz Carlos Prestes, Plínio Salgado, Carlos Lacerda, Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros, João Goulart, Golbery do Couto e Silva, Antonio Carlos Magalhães, Miguel Arraes, Leonel Brizola, Ulisses Guimarães, Tancredo Neves. No presente, desponta a personalidade de Simone Tebet, por seu espírito público, por sua linguagem clara e vibrante, por sua franqueza, coragem, lucidez e cultura. Ela tem razão. Mais do que a disputa pelo cargo, mais do que a avaliação dos programas, o que mais importa neste momento é a defesa do estado democrático de direito e a recuperação da credibilidade do Brasil no concerto das nações. O momento é grave demais para o processo eleitoral ser tratado como jogo esportivo ou como festival de vaidades. Partidos aliaram-se depois do primeiro turno, juntaram suas forças para garantir o vigor do regime democrático e resistir ao avanço do nazifascismo. Esse fato ficará registrado como um dos mais belos capítulos da história do Brasil. 
Os dados e a dinâmica do pleito autorizam cálculo aproximado. Luiz Inácio obteve 57.259.504 votos; Jair Messias 51.072.345. O corpo eleitoral compõe-se de 156.454.011 eleitores. Do cálculo aritmético, resulta que 48.122.162 eleitores não votaram nesses dois candidatos. Deste saldo, 32.770.982 se abstiveram, 3.487.874 votaram nulo, 1.964.779 votaram em branco e 9.887.870 votaram validamente. Os candidatos esforçar-se-ão para atrair esses votos e acrescentá-los ao capital que formaram no primeiro turno. Se o quantum de abstenções, votos nulos e votos em branco do primeiro turno repetir-se, restarão só os 9.887.870 votos válidos para os candidatos dividirem entre si. 
Na disputa eleitoral, nem sempre a lógica e a sensatez prevalecem. Muitas vezes, o candidato menos qualificado é eleito, como aconteceu em 2018. No segundo turno desta eleição (outubro/2022) pode não haver acréscimos e sim decréscimos em relação ao resultado do primeiro turno, ou, haver acréscimo para um candidato e decréscimo para outro. O eleitor pode mudar de ideia e teclar outro número, anular o voto, ou, votar em branco. O ausente no primeiro turno comparece no segundo. O presente no primeiro turno não comparece no segundo. 
Por todo o território nacional há eleitor honesto, inteligente, sensato e há eleitor desonesto, burro, insensato. Os votos deles têm igual valor jurídico. Jair Messias transgrediu a regra constitucional do igual valor ao qualificar de analfabetos os eleitores do Norte e Nordeste por votarem em Luiz Inácio. No mesmo diapasão e com igual leviandade, poder-se-ia acusar os eleitores do Sul e Sudeste de analfabetos por votarem em Jair Messias, deficiente moral e intelectual, despreparado para o cargo, que envergonha a maioria da nação brasileira.  
Os votos obtidos por esse mau caráter refletem a ascensão do nazismo e do fascismo na Europa e na América. Confirma-se o constatado nas eleições de 2018: a existência de enorme contingente de civis e militares nazifascistas no Brasil. Misturados nos 51 milhões de eleitores do presidente, há evangélicos e antipetistas que não se consideram nazifascistas, sem perceberem que a sua mentalidade, as suas opiniões e as suas ações coincidem com o nazifascismo.

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