segunda-feira, 29 de agosto de 2022

ELEIÇÕES 2022 - XII

No debate de ontem (28/08/2022, às 21,00 horas) no canal 13, da TV Bandeirantes, houve unanimidade entre os seis debatedores: Felipe, Simone, Soraia, Ciro, Jair e Lula. Todos eles preocupados em agradar o eleitorado e conquistar votos, mostraram-se a favor do agronegócio, da proteção ao meio ambiente, do combate à fome, do amparo aos pobres, dos direitos da mulher e do trabalhador, do desenvolvimento social e econômico. Todos eles se posicionaram contra a corrupção, a inflação, a discriminação racial, a desigualdade da mulher inclusive quanto à representação na política. A divergência cingiu-se a alguns tópicos das propostas, aos quantitativos e aos métodos.
Políticos tradicionais. Alguns candidatos apresentam-se como distintos dos políticos tradicionais. No entanto, todos são farinha do mesmo saco.  “Político tradicional” tem conotação pejorativa: sujeito desonesto, mentiroso, hipócrita, enganador, sem espírito público, defensor de interesses particulares (seus e do seu grupo). Numa notação semântica, entende-se por político tradicional quem (i) dedica-se à vida pública em cargos eletivos como função profissional (ii) mantém o discurso na superfície (iii) ceva o eleitorado de modo permanente (iv) tem interesses, olhos e costumes eleitoreiros. 
Espertezas. Muita conversa e enrolação. Os candidatos não se deixam enganar com perguntas capciosas. Respondem como lhes convém. Fazem promessas inexequíveis. Projetos mirabolantes. Alguns exibem nível intelectual e cultural acima da média; abusam dos sofismas. Na argumentação e na credibilidade ficam abaixo de Lula que tem a seu favor o êxito incomparável do seu governo (2003-2010). As candidatas e os candidatos com formação universitária são bons no discurso. O candidato sem tal formação é carismático, excelente na ação política e administrativa e tem o afeto da massa popular. As candidatas e os candidatos intelectuais pensam e falam. O operário pensa, fala e faz. Os adversários apelam para as ofensas. O estadista permanece firme e incólume. 
Sobre promessas fáceis. Felipe, Simone, Soraia, Ciro, nos respectivos discursos, exibiram apoio à privatização, aos ruralistas e outros empresários, inclusive golpistas. Falaram sobre educação e ensino profissionalizante (que muito interessa aos donos do capital). Lula não só falou como também mostrou as realizações do seu governo na área da educação primária, secundária e universitária. Simone e Soraia defenderam a paridade de mulheres e homens, quer no Legislativo, quer no Executivo. Lula recusou-se a assumir tal compromisso e a fazer promessas fáceis, prometer o que não poderia cumprir, porque a escolha do auxiliar do presidente (ministro) não se faz pelo sexo, pela roupa ou pela farda e sim pela inteligência, pelo preparo moral e profissional e pela visão do mundo. 
Sobre corrupção. Houve troca de farpas e invasão do terreno pessoal. Atacaram Lula e o Partido dos Trabalhadores (PT) como se não houvessem: (i) outros partidos apoiadores do seu governo (ii) governos anteriores e posteriores onde ocorreram desvios éticos. No período posterior à ditadura militar, o governo Cardoso (PSDB) conquistou a taça do mais corrupto. Disputam (i) a medalha de prata, os governos Sarney e Bolsonaro (ii) a medalha de bronze, os governos Temer e Lula. O candidato que promete acabar com a corrupção ganha o troféu Pinochio. A corrupção física é lei do mundo da natureza. A corrupção moral é lei do mundo da cultura. Onde estiver a pessoa humana ali estará a corrupção moral em potência. As mudanças dos valores morais e da respectiva hierarquização na sociedade humana acontecem no curso da história dos povos. A corrupção moral mais grave refere-se aos valores protegidos pelo direito e violados pelas pessoas naturais. O crime é corrupção moral em grau máximo. Algumas pessoas sucumbem à tentação, aos impulsos, instintos, desejos, violam os limites estabelecidos na regra moral e na regra jurídica vigentes na sociedade e no estado. 
Na terra brasileira, tempos colonial, imperial e republicano, até os dias de hoje, a corrupção moral tem sido a companheira inseparável de todos os governos. Culpar este ou aquele partido por corrupção em tal ou qual governo constitui leviandade do acusador. O ato culposo é da pessoa natural e não da pessoa jurídica. Nem todo prefeito, governador ou presidente é culpado pela corrupção que acontece no seu governo. Ele será culpado se provada a sua participação direta ou indireta no ato delituoso. Não se há de responsabilizar o chefe de governo por atos de outros agentes políticos ou administrativos como se ele fosse chefe de família responsável pelos atos dos filhos menores de idade.   
Sobre o agronegócio. A ressalva de Lula foi para com os empresários ruralistas que não respeitam o meio ambiente e nem as terras indígenas. Ele mencionou a operação curitibana lava-jato que, além de perseguir os empresários acusados de práticas criminosas, também destruiu as empresas, ou seja, além de punir a pessoa física, puniu também a pessoa jurídica, trazendo enorme prejuízo à economia do país. Destarte, não é o agronegócio que deve ser punido ou extinto e sim o ruralista delinquente.

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