sexta-feira, 26 de agosto de 2022

ELEIÇÕES 2022 - XI

Na entrevista de ontem (25/08/2022, às 20,30 horas) no jornal da emissora Globo de televisão, com Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à presidência da república nas eleições marcadas para outubro/2022, parecia que, em certos momentos, os entrevistadores se davam conta de que estavam diante de um estadista de prestígio internacional. Faço esse registro ante a posição histórica dessa emissora e dos seus jornalistas de ferrenho combate a esse político e ao seu partido. Essa empresa e seus jornalistas apoiaram a farsa da operação lava-jato que levou o petista à prisão ilegítima e infame. 
A emissora e seus jornalistas trataram indevida e maliciosamente a entrevista como “sabatina”. Isto coloca o sabatinado em posição subalterna diante dos examinadores. O entrevistado comparece à sabatina como o aluno da escola diante da professora. De costas para o futuro e o presente, os entrevistadores olhavam de frente para o remoto passado, vendo o entrevistado como pobre e simples operário, sem diploma universitário, brasileiro de segunda categoria diante da elite social e econômica. Os entrevistadores com pretensa autoridade de professores e examinadores, revelaram-se politicamente tendenciosos, intelectualmente desonestos e moralmente deficientes. Exibiram deficiências comuns a certo tipo de jornalista: inteligência e cultura medianas, mau caráter e falta de profissionalismo. Muita pose e pouca substância. Sem pensamento próprio, eles dependem da cola estampada na tela do laptop ou passada pelo ponto de escuta.
O entrevistado mostrou-se nervoso como menino de calças curtas ao prestar exame final diante da professora. Certamente, ele aguardava feroz ataque dos entrevistadores, como de costume. O “sabatinado” cuidou muito bem do mérito do questionamento. A lhe dar respaldo, tinha o seu excelente governo (2003-2010) que o elevou à categoria de estadista e de melhor chefe de governo da história republicana do Brasil, com aprovação de 87% do povo. 
Entretanto, na entrevista, faltou-lhe habilidade ou vontade para criticar as premissas de algumas das perguntas que lhe foram endereçadas. Nesse tipo de crítica preliminar, Leonel Brizola era mestre. Ciro Gomes também mostra-se hábil e ágil na argumentação. Antes de entrar no mérito, Brizola criticava, e Ciro ainda critica, a formulação da pergunta. Depois, na parte nuclear da pergunta, Brizola dava a resposta que melhor lhe convinha, sem se importar com a opinião do entrevistador. Katia Abreu também assim procedeu certa ocasião ao responder pergunta formulada por Míriam Leitão.
Na entrevista de ontem, os entrevistadores mencionavam o Partido dos Trabalhadores (PT), sem mencionar os demais partidos aliados. Luiz Inacio não foi eleito em 2002, não governou e nem governará com o apoio de um único partido. Em 2023 ele governará com 7 partidos, ou, até mais se houver adesão. No entanto, os entrevistadores insistiam em bater só no PT, tal como fazem os demais adversários. Colocaram esse partido nos casos de corrupção sem a direta e enérgica impugnação do entrevistado. Este se limitou ao óbvio ululante: (i) a confissão dos corruptos (ii) a partilha do produto do roubo (iii) a tentativa dos procuradores de participar da partilha.
A responsabilidade pela corrupção é do indivíduo que a pratica e não da instituição a que pertence. Se o diretor da instituição sabe do fato ilícito e nada providencia a fim de apurar resposabilidades, então será cúmplice. Exemplo concreto: Petrobrás. Constatada corrupção, fulano e beltrano foram responsabilizados e não a empresa (que é vítima), nem o partido político a que pertencem os corruptos, menos ainda o presidente da república (salvo se provada a sua participação efetiva como mandante). Exemplo hipotético: Globo. Suponhamos que Bonner desvie dinheiro da emissora. O autor do delito que ficará sujeito a processo criminal será Bonner e não a Globo (que é a vítima) nem o partido social democrático (PSDB) a que ele supostamente pertence.
No governo Cardoso (1995-2002) o responsável pela corrupção era quem a praticou; tanto podia ser Fernando Henrique, Aécio Neves, ou qualquer outro tucano ou funcionário, menos o partido a que pertenciam. Ademais, o corrupto pode não pertencer a partido algum. Na administração pública direta e indireta funcionam pessoas de ambos os sexos e de diferentes cores ideológicas, filiadas e não filiadas a partido político, honestas e desonestas, dedicadas ao trabalho e preguiçosas. Há diversidade na pluralidade. O fato de a corrupção acontecer durante determinado governo não significa necessariamente que o governante (prefeito, governador, presidente) seja corrupto. A corrupção é falha na estrutura moral da pessoa e acontece em todos os governos, desde a independência do Brasil até a época atual. Ocorre nas esferas municipal, estadual e federal. Poucas vezes, a corrupção é descoberta e os responsáveis punidos. 
Divergir da filosofia política e do programa de um partido político faz parte do sistema democrático. Natural que a divergência proceda dos cidadãos e dos partidos de direita, principalmente da extrema direita, quando o partido criticado é de esquerda. Nazistas e fascistas não suportam cidadãos e partidos socialistas e comunistas. Contra os adeptos do socialismo, os nazifascistas usam até violência física. 

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