sexta-feira, 1 de julho de 2022

PALAVRAS II

As palavras do presidente da república e dos seus filhos não merecem crédito imediato e acrítico, nem exagerada preocupação de quem as ouve. Esperar dessas pessoas decência, honestidade, respeito, veracidade, bom caráter, é o mesmo que esperar suco doce da folha da espinha-de-veado. As palavras e atitudes dessas pessoas estão condicionadas pelo cenário político eleitoral e alicerçadas no preconceito relativo à ignorância e à covardia do povo brasileiro. Essas pessoas valem-se da tática usada por Fernando Henrique ao disputar a reeleição e por José Serra ao disputar a eleição para presidente da república: infundir medo no eleitorado. Atemorizam o público com ameaças e insinuações de golpe de estado caso o presidente não seja reeleito. Insinuam que serão imitadas aqui no Brasil a criminosa conduta de Trump e a criminosa invasão do Capitólio. O medo corrói a alma e conturba a mente. Nessas ocasiões, a coragem é virtude necessária e indispensável. . 
Políticos, jornalistas e a parcela maior do eleitorado provavelmente não ficarão intimidados com tais ameaças e insinuações. A derrota de Jair é de alta probabilidade. Ao espernear, ele mostra que sabe e reconhece que vai ser derrotado. Ele sabe que os seus 15 ou 20 milhões de fiéis eleitores, todos nazistas, fascistas, antidemocráticos, espalhados pelo território nacional, são insuficientes para vencer as eleições. Ele sabe que os 130 milhões de eleitores restantes estão descontentes com o seu governo por  diversos e graves motivos, tais como: 1. Amesquinhar a soberania nacional ao prestar continência à bandeira dos EUA. 2. Desrespeito rotineiro à dignidade da pessoa humana. 3. Desapreço à vida humana (i) facilitando a morte de milhares de pessoas ao protelar o combate à pandemia (ii) abrindo a porteira da Amazônia “para passar a boiada” e, assim, tacitamente, validar invasões e explorações ilegais e agravar conflitos e mortes de pessoas, como aconteceu recentemente com um indigenista brasileiro e um jornalista britânico. 4. Nomeação de apaniguados desqualificados para o exercício de altas funções, como atestam os recentes episódios de deterioração moral de um Ministro da Educação e de um presidente da Caixa Econômica Federal. 5. Intervenção na polícia federal em busca de blindagem para si próprio, familiares e comparsas. 6. Uso da Procuradoria-Geral da República como escudo contra denúncias de ilicitudes praticadas por ele e comparsas. 7. Gastos com o cartão corporativo excessivos e estranhos ao interesse público. 8. Falar e agir de modo incompatível com o decoro exigido pela liturgia do cargo. 
Dizer que os EUA ficarão isolados na América Latina se Luiz Inácio vencer as eleições é tolice rematada e claro sinal de desespero. Luiz Inácio governou o Brasil por 8 anos sem qualquer isolamento dos EUA. O presidente daquele país, num momento de descontração, deixou escapar a admiração que devotava ao presidente Luiz Inácio. Potência mundial isola-se por suas próprias vontade e estratégia, como os EUA antes da segunda guerra mundial. 
Dizer que a América Latina ficará toda vermelha com a eleição de Luiz Inácio é anacronismo e exagero. Linguagem do século XX aplicada à realidade do século XXI. Neste século, a direita ainda governa países americanos, ou seja, a América é bicolor: azul e vermelha. Reflete o jogo democrático: capitalismo versus socialismo, quando viceja a liberdade.  
Dizer que, se Jair perder as eleições, nunca mais a esquerda deixará o poder é linguagem vazia. Inexiste essa eternidade na política. Até na separação de amantes, o nunca mais tem prazo de validade, assim como, em reverso, na união de amantes “o amor é eterno enquanto dura” (Vinícius de Morais).
Dizer que o resultado das urnas será rejeitado é linguagem que expressa, ora de modo explícito, ora de modo implícito, zombaria, provocação, fanfarronice estribada no golpe de 1964, incentivo aos nazifascistas para agirem ilegalmente. O processo eleitoral está disciplinado na Constituição, no Código Eleitoral, em leis e resoluções esparsas e integra a forma democrática de governo estabelecida pelo legislador constituinte. Violar essa ordem jurídica é ingressar no campo do ilícito criminal. Tumultuar as eleições tipifica crime eleitoral. Os agressores devem ser identificados, processados e punidos na forma da lei. A polícia e o ministério público, como medida cautelar, devem promover sindicâncias a fim de apurar a autoria e a materialidade das ameaças e insinuações, pois, é provável que os autores sejam brasileiros nazifascistas (inclusive o presidente, seus filhos e comparsas), portanto, inimigos da democracia. Diz o vulgo: melhor prevenir do que remediar. Quem é ativo inimigo do regime democrático não pode usar os direitos constitucionais para destruir a liberdade e a democracia.     


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