quinta-feira, 28 de julho de 2022

ELEIÇÕES 2022 - VII

Em “Juízes Medrosos”, artigo publicado neste blog (15/07/2022) foi dito que o notável saber é insuficiente para qualificar o bom magistrado; que, para os jurisdicionados, mais importante é o bom caráter do magistrado, a sua honestidade, a sua independência, a sua serenidade e a sua coragem. Mutatis mutandi, o mesmo se aplica aos políticos. 
Ao representante do povo nas funções legislativa e executiva do estado não bastam inteligência lúcida e bem operada, vasto conhecimento, facilidade de expressão. Para o povo, mais importante é o bom caráter do legislador e do administrador público, o seu espírito público, o seu carisma voltado para o bem comum, a sua urbanidade, a sua honestidade, a sua coragem, a sua sensibilidade para com (i) as carências dos desafortunados (ii) a família (iii) o meio ambiente ecologicamente equilibrado (iv) a justiça social. 
Não merecem o voto dos eleitores os candidatos rancorosos, cheios de mágoa, invejosos, maledicentes, mentirosos, de má cepa, insensíveis à dor alheia, de índole autoritária, que não respeitam os princípios fundamentais do direito e da moral, exploradores de verdades parciais fora do contexto e predispostos à violência. A recusa dos eleitores em reeleger, nas eleições de 2022, parlamentares e chefes de governo federais e estaduais com todas ou com algumas dessas características, afastará desgraceiras como as geradas pelas eleições de 2018. 
O legislador e o administrador público devem aplicar o conhecimento brotado da sua experiência de vida, ainda que não seja amplo e acadêmico, no trato com o setor produtivo; devem cuidar dos interesses do empresário e do trabalhador de modo razoável e ponderado; devem estar sintonizados com a ordem econômica e com a ordem social juridicamente estruturadas na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Os princípios fundamentais enunciados nessa lei magna devem ser a espinha dorsal de todo programa de governo democrático, seja de direita, seja de esquerda. [CR 1º a 4º]. 
Razão e moral nem sempre andam juntas. Bons e bem articulados argumentos expressos em linguagem escorreita podem ocultar intenções malévolas. Mediante racional discurso e primorosa cultura, o indivíduo exibe o seu saber e a sua vaidade, porém, por detrás desse brilho, ele esconde a sua má índole, a sua tendência aos maus costumes. Sobre o divórcio entre o notável saber de alguém e a sua conduta social eticamente avaliada, citamos, no artigo mencionado no início deste, o exemplo emblemático de Francis Bacon (1561-1626), filósofo, cientista e político britânico que, depois de ter sido procurador-geral e chanceler, foi condenado por corrupção e proibido de exercer cargos públicos, conforme decisão proferida no devido processo legal (due process of law). 

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