sexta-feira, 23 de julho de 2021

FUTEBOL IV

Copa Libertadores da América. Campeonato de futebol masculino entre clubes da América do Sul. Oportuno preparo de jogadores sul-americanos para a copa mundial de 2022. A fase das partidas oitavas-de-final terminará no início de agosto com Fluminense x Cerro Porteño. Para a fase seguinte (quartas-de-final) já se classificaram: 2 clubes paulistas (São Paulo e Palmeiras), 1 carioca (Flamengo), 1 mineiro (Atlético), 1 argentino (River Plate), 1 equatoriano (Barcelona) e 1 paraguaio (Olimpia). Como se vê dos números, o futebol brasileiro está muito bem qualificado na América. 
Nas fases intermediária e final do campeonato, por motivos táticos, psicológicos, patrióticos e das rivalidades, cresce a dificuldade em campo. Como de costume, a prioridade será da tática defensiva a fim de garantir passagem para a fase seguinte. Isto promete um cenário de empates e mediocridade. Para quem aprecia o futebol bem jogado e alegre, sem confundir com alegria de circo ou do bobo da corte, a retranca gera tristeza e irritação. A equipe que resolver atacar sem excessivo cuidado em se defender, terá mais chance de marcar gol e disputar as partidas semifinais. 
Há alguns anos, na decisão da Copa do Rei, o Atlético de Madri vencia o Real Madri (1x0). Para garantir o placar, o Atlético ficou na retranca. No minuto final da partida veio o castigo: depois de cobrança do escanteio, Sérgio Ramos cabeceou e a bola entrou no gol atleticano. Jogo empatado (1x1). Na prorrogação, só o Real marcou gols. Frustração do Atlético. Fatos como este acontecem nas competições nacionais e internacionais. Vencendo por mínima diferença, a equipe se fecha desafiando a potência do ataque adversário. Às vezes dá certo, como na recente partida final da Copa América entre a seleção argentina e a brasileira. Às vezes dá errado, principalmente se a retranca começa muito cedo diante de uma valorosa equipe adversária. 
A lição das artes marciais serve para o esporte: o ataque é a melhor defesa. Na partida Flamengo 4 x 1 Defensa y Justicia, o clube carioca colocou em prática a citada lição. O astral da equipe estava nas alturas. Apesar de estar vencendo, não abandonou o ataque. Ascarreta, Bruno, Gabi, Rodrigo (ordem alfabética), exigiram atenção e muito esforço dos argentinos. A entrada em campo de Michael e Vitinho renovou o ímpeto agressivo dos cariocas. [Libertadores, 21/07/2021]. 
O São Paulo FC vencia o Racing pela diferença de 3 gols quando afrouxou o ataque e optou pelo zigue-zague na linha intermediária do campo. Esse comportamento mexeu com os brios dos argentinos que reagiram, marcaram gol e poderiam inverter o marcador se houvesse mais tempo. No jogo dos mineiros (Atlético) e argentinos (Boca J) o que mais chamou a atenção não foi a troca de passes e sim a troca de porradas. Anulado o gol dos platinos pelo VAR, o que os deixou zangados, permaneceu o empate sem gols. Na cobrança dos tiros livres, os mineiros erraram menos. No jogo Internacional x Olímpia, o VAR anulou o gol dos gaúchos deixando-os inconformados. Permaneceu o empate sem gols. Na cobrança dos tiros livres, o gaúcho errou o último; os paraguaios acertaram todos os 5 tiros e se classificaram.  
Depois do exemplo dado pelo goleiro da seleção argentina no jogo contra a seleção colombiana, o goleiro mineiro (Atlético x Boca J) e o goleiro gaúcho (Internacional x Olimpia) passaram a fazer o mesmo tipo de provocação para desestabilizar os cobradores dos tiros livres. Os árbitros admoestaram-nos, pois, dependendo da situação de fato, esse comportamento pode tipificar ofensa à dignidade do cobrador. O mesmo se diga de gestos irônicos como os de Gabi em direção ao jogador do Defensa, insinuando pederastia. Atletas negros e atletas homossexuais têm sofrido discriminação, o que não é bom para a estrutura moral dos esportes. Seria bom evitar esse tipo de atitude. Ser “gozador”, fama do carioca, não convém nas competições esportivas ante a probabilidade de ferir a autoestima do outro competidor e provocar reações inoportunas e indesejáveis. Mútuo respeito é fundamental às boas relações humanas em todos os setores da vida social. Como esporte coletivo, o futebol enseja relações amistosas e respeitosas interna e externamente. Essa oportunidade nem sempre é aproveitada por diretores, técnicos e jogadores. Boa educação não é sinônimo de frouxidão. O indivíduo pode ser bem educado e ao mesmo tempo viril e corajoso. 
No século XX, prevalecia a mentalidade bélica. O jogo era uma guerra e o adversário visto como inimigo. Aceitava-se a violência como justificado uso da força máscula. A proximidade com a guerra mundial (1939/1945) contribuiu para esse tipo de mentalidade, apesar das juras de paz contidas na Carta das Nações Unidas (26/06/1945). 
No século XXI, tal mentalidade arrefeceu no mundo dos esportes. No entanto, a violência está no DNA dos humanos. Nos EUA ainda é comum o treinador de basquete, vôlei, futebol, referindo-se aos jogadores da equipe adversária dizer aos seus: “acabem com eles”. Ódio, assassinato, genocídio, belicismo, compõem a cultura e se refletem nas expressões verbais daquele povo de origem anglo-saxônica. 
As copas mundiais e as olimpíadas realizadas neste século têm contribuído para: (i) reduzir a violência (ii) aumentar o respeito entre os competidores (iii) fortalecer o espírito esportivo (iv) aceitar as diferenças naturais e culturais. Em alguns confrontos nesta Copa Libertadores de América (2021), a violência se fez presente e o espírito esportivo se fez ausente. A rivalidade entre brasileiros e argentinos descambou para a brutalidade em certos momentos. Os indícios apontam para temperatura elevada nas próximas partidas. Pelo comportamento dos árbitros em algumas partidas, nota-se que a comissão de arbitragem está atenta e disposta a reprimir condutas antiesportivas.  

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