sábado, 10 de julho de 2021

FUTEBOL II

De um modo geral, os analistas e comentaristas esportivos, nos seus prognósticos, deixam-se levar por um longínquo passado de gloria das seleções de futebol, pela paixão, pela simpatia e pela admiração que devotam às equipes e a determinados jogadores. As suas análises e os seus prognósticos vêm ensombrados por esses fatores. Assim, por exemplo, analistas e comentaristas argentinos prognosticam a vitória da seleção argentina; analistas e comentaristas brasileiros prognosticam a vitória da seleção brasileira. Poucos são aqueles que procedem a uma análise dos fatos atuais e da situação do momento de um modo racional e desapaixonado. 
A tradição das equipes não serve a um isento prognóstico. O que serve é o comportamento delas e de seus jogadores no campeonato que está sendo realizado. As seleções de 2018, 2014 e anos anteriores não existem mais. As seleções que existem são as de 2021, algumas orientadas pelo mesmo treinador, outras por treinador diferente, quase todas com novos jogadores conservando poucos antigos. Destarte, não há um padrão geral e contínuo de desempenho. As seleções vitoriosas do passado podem ser as derrotadas do presente. O astro do campeonato anterior pode estar decadente no atual campeonato. A conduta social dos jogadores e as suas preferências políticas situam-se fora do prognóstico técnico esportivo. No entanto, como as seleções representam os seus respectivos países, desejável que não tivessem nos seus elencos jogadores de má índole, de comportamento imoral e escandaloso. O jogador pode ser temperamental sem ter esses atributos negativos na sua personalidade.    
As seleções da Argentina e do Brasil, tradicional e tecnicamente superiores, tiveram dificuldade maior nesta copa/2020, não porque estivessem mal e sim porque as seleções da Colômbia e do Peru estavam bem. A seleção da Colômbia, por sua boa atuação, merecia estar disputando o jogo final tanto quanto as seleções argentina e brasileira. O seu astro (Cuadrado) teve um desempenho tão bom quanto o dos famosos daquelas outras seleções (Messi e Neymar); pelo menos, mostrou-se mais dedicado e esforçado. A maneira intensa com que jogam os hispano-americanos do cone sul da América difere da maneira artística com que jogam os brasileiros. Entretanto, isto não configura superioridade ou inferioridade e sim diferente modo de conceber e de praticar o mesmo esporte.  
Fazer um isento prognóstico com base em fatos atuais verificados no curso de um campeonato não significa estar contra ou a favor de qualquer equipe. O prognóstico sobre um jogo de futebol funciona como indício e não como certeza do que vai acontecer em campo. A torcida pela seleção brasileira cabe aos brasileiros. A torcida pela seleção argentina, aos argentinos. 

Nenhum comentário: