segunda-feira, 22 de outubro de 2018

ELEIÇÕES 2018 XI

Circulou, na rede de computadores, crítica a Fernando Haddad formulada por pessoas da esquerda. Esse pessoal não aprende as lições da experiência. Hora errada. A desunião prevalece mesmo no momento crucial para a democracia. Vaidade, mesquinharia e despeito se conjugam no divórcio. Para esconder essa fraqueza moral, o partido censor (PDT) oferece ao candidato do outro partido (PT) um “apoio crítico”. Puro cinismo. No íntimo, o censor torce para que o candidato do partido nazista (PSL) seja eleito; em outras palavras: torce para que o candidato da esquerda, por ser de outro partido, seja derrotado. O raivoso discurso de Cid Gomes (PDT) deixou isto claro. Jornalistas defensores de Ciro Gomes batem na mesma tecla.  
Fernando Haddad foi criticado até o cúmulo de ser taxado de traidor do PT e de Lula pela resposta que deu à pergunta sobre a operação lava-jato: “houve irregularidades, mas o saldo é positivo”.
No entanto, ele apenas avaliou sucintamente a operação e não o operador. As irregularidades praticadas na citada operação por delegados, procuradores e juízes são atos e fatos públicos e notórios (conduções coercitivas sem prévia notificação, prisões abusivas, diligências escandalosas e humilhantes, técnicas ilegais para obter confissão e delação, excesso de prêmio aos delatores, acusações e decisões artificiosas, arbitrário constrangimento da liberdade de expressão). Sobre esse lado negativo da operação, Haddad entende prevalecer o lado positivo (crimes do colarinho branco investigados, provados e punidos, combate à corrupção no alto escalão da república, preparo técnico da polícia federal para descobrir fraudes sofisticadas e recuperar dinheiro desviado).
Tal é a opinião do entrevistado sintetizada naquela frase. A opinião contrária também é válida: o lado negativo da operação lava-jato prevaleceu sobre o lado positivo. Atos e fatos podem ser avaliados distintamente conforme a perspectiva do analista e os critérios da pesagem.
Na disputa política, as palavras de um candidato podem ser distorcidas – e geralmente o são – pelos adversários. O temperamento pacífico e o compromisso de dizer a verdade podem levar à derrota na arena política. Atitude aguerrida enquanto durar a batalha é preciso. Mentir pode ser útil e interessante, embora censurável. Há melhor caminho. Não basta ao candidato ser pessoa comum. Tem que ser artista. Salvo engano, Paulo Maluf nunca perdeu eleição em São Paulo, apesar da sua comprovada desonestidade. Ele soube conquistar o coração dos paulistas. “Rouba, mas faz”, dizia o povo paulista referindo-se ao governador Ademar de Barros. O governador Paulo Maluf seguiu a mesma trilha. Ambos populistas. O povo paulista gostava dos dois. Até achava graça. O malufiano “estupra, mas não mata” entrou para o anedotário.               
Diante de questão embaraçosa, jamais deixa-la sem resposta. Basta ao candidato esquivar-se com elegância e vivacidade. O público gosta (e se diverte). Leonel Brizola era mestre nessa arte. Kátia Abreu parece discípula desse mestre. A entrevistadora Miriam Leitão perguntou X. Kátia respondeu Y. A enfezada entrevistadora reclamou. A entrevistada retrucou: “você manda na tua pergunta; eu mando na minha resposta”. É isso aí. Nada de se intimidar. Jornalistas exercem o poder da imprensa, mas isto não significa que eles sejam técnica, intelectual e culturalmente mais preparados do que o entrevistado. Só o curriculum vitae não basta para qualificar alguém a exercer cargo eletivo. Mister provar idoneidade moral, boa saúde física e mental e vida pregressa honrosa (cumprimento dos seus deveres para com a família, a profissão e o estado). O discurso há de ser adequado ao nível do público (auditório) e coerente com o programa apresentado.
O corpo eleitoral não é homogêneo, nem unívoco, tampouco racional. A paixão move os eleitores mais do que a razão. Isto exige tática apta a conquistar, pela via emocional, o maior número de eleitores. O método utilizado nem sempre é limpo. A postagem de notícias falsas na internet (aplicativo WhatsApp) macula o processo eleitoral. Na entrevista aos jornalistas concedida pela presidente do Tribunal Superior Eleitoral colocou-se o problema desse tipo de postagem e os seus reflexos no resultado das urnas (21/10/2018). Além da presidente, várias autoridades ocuparam a mesa. Notava-se alguma tensão nos mesários entrevistados. Falas entrecortadas. Respostas triviais. Promessa de futura solução. Negaram a existência de movimento organizado. Estado democrático de direito, devido processo legal, fato novo de extensão mundial, falta de instrumento adequado ao combate, normalidade do processo eleitoral até o momento e outros argumentos similares, serviram para justificar a ausência de medidas preventivas e repressivas imediatas.

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