sábado, 20 de janeiro de 2018

NÚMEROS

No Brasil, estado de feição oligárquica desde o período colonial, a elite econômica situa-se à direita do espectro político, aliada à potência estrangeira de cada período da sua história (Inglaterra, Alemanha, EUA). A massa popular é heterogênea: a parte maior situa-se à esquerda e a parte menor à direita do espectro. O resultado das eleições presidenciais publicado pelo Tribunal Superior Eleitoral deixa isto evidente. Nas últimas eleições (2014) verificou-se, em números redondos, que não é pequena a parte menor do eleitorado situado à direita: somou 50 milhões de eleitores. A parte maior, situada à esquerda, somou 54 milhões de eleitores.
O corpo eleitoral naquele ano somava 142.384.193 eleitores. Às urnas compareceram 114.906.580. Isto significa que deixaram de votar naquele pleito 27.477.613 (= A) eleitores, que tanto podiam ser de esquerda como de direita ou de centro. Dos eleitores que compareceram às urnas, 17.549.931 (= B) votaram em branco ou anularam o voto. Tais eleitores podem ser enquadrados como de centro. Provável que os 45.027.544 (A + B) que não votaram sejam de centro, descontentes com os candidatos da direita e da esquerda, com a política partidária, com a classe política e com o sistema eleitoral em vigor. Esta é uma fatia do eleitorado ótima para os aventureiros, mas péssima para o conceito da classe política.
Em números redondos, portanto, considerando apenas os eleitores que compareceram às urnas, apresenta-se o seguinte quadro: (1) eleitores de esquerda: 54 milhões; (2) eleitores de direita: 50 milhões; (3) eleitores de centro: 17 milhões. No próximo pleito esses números e a proporção entre eles certamente mudarão em consequência do golpe de 2016, da desastrosa, criminosa e impopular administração do governo Temer, da imoral e antijurídica atuação dos juízes e tribunais na seara política e da eventual participação direta ou indireta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Provavelmente, eleitores da direita migrarão para o centro e eleitores do centro migrarão para a esquerda. O número de votos em branco e nulos e de ausências poderá aumentar e atingir a casa dos 50 milhões em 2018.        

A ameaça ao processo eleitoral que restabelecerá a democracia no país e o senso de justiça do povo aguçado pela implacável perseguição a um líder político, fortalecem a união em torno de um estandarte e motivam a rebelião pacífica ou violenta. A insidiosa manobra dos perdedores das eleições de 2014 e o fraudulento e dreyfusiano processo judicial instaurado na vara federal de Curitiba contra Luiz Inácio, uniram brasileiros pobres e remediados, da esquerda à direita, em defesa de um julgamento – não ideológico e partidário – e sim justo e jurídico. Despertaram o gigante adormecido. A revolta não é a de um partido e sim a de uma coletividade composta de homens e mulheres ativistas e não ativistas, mas de espírito democrático.      

Em números redondos e aproximados, a população do Brasil neste novo ano deverá girar em torno de 210 milhões de habitantes. Dessa população, 14 milhões de famílias dependem do programa social Bolsa Família. Isto significa que cerca de 56 milhões de crianças, adolescentes e adultos estão na linha da miséria. Da população total, cerca de 30 milhões de pessoas (15%) têm rendimento mensal acima de R$2.000,00. Isto indica que a renda mensal de cerca de 180 milhões de pessoas (85% da população total) é inferior a R$2.000,00. Tal estimativa toma por base dados da Receita Federal. Do grupo de maior renda, cerca de 1 milhão e 500 mil contribuintes (5%) situam-se na parte superior da pirâmide social e econômica com suas respectivas famílias.

A desigualdade de renda entre os brasileiros ainda é imensa. Integram o enorme grupo de menor renda cerca de 180 milhões de brasileiros (crianças, adultos, empregados, desempregados). Das pessoas com idade laboral (cerca de 150 milhões) 10% estarão sem emprego regular (cerca de 15 milhões). Com a redução dos direitos trabalhistas ficou pior a situação da massa assalariada. Isto repercutirá negativamente no comércio e fortalecerá politicamente a esquerda nas próximas eleições.

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