segunda-feira, 15 de junho de 2015

FUTEBOL



As competições esportivas contribuem para a paz e a confraternização dos povos. Há lesões físicas em conseqüência da dinâmica dos jogos coletivos, algumas intencionais causadas pela maldade e falta de espírito esportivo do adversário e nem sempre punidas com rigor pelo árbitro e pelo tribunal esportivo. Ocorre, também, morte em campo por problema cardíaco do jogador. Nada que se compare a um confronto bélico. Neste mês de junho de 2015, estão sendo disputadas a copa do mundo de futebol feminino e copas regionais de futebol masculino.

Copa mundial de futebol feminino.
Realizada de quatro em quatro anos, desde 1991. Começou com 16 países participantes. Hoje, são 24, sendo 2 da Oceania (Austrália e Nova Zelândia); 3 da África (Camarões, Costa do Marfim e Nigéria); 4 da Ásia (China, Coréia do Sul, Japão e Tailândia); 7 da América (Brasil, Canadá, Colômbia, Costa Rica, Equador, Estados Unidos e México); e 8 da Europa (Alemanha, Espanha, França, Inglaterra, Noruega, Países Baixos, Suécia e Suíça). A copa foi vencida duas vezes pelas seleções dos EUA (1991 e 1999) e da Alemanha (2003 e 2007) e uma vez pelas seleções da Noruega (1995) e do Japão (2011). A seleção do Brasil foi vice-campeã em 2007.   
A copa está sendo realizada em 6 cidades do Canadá: Ottawa, Montreal, Vancouver, Winnipeg, Edmonton e Moncton. Os desempenhos coletivos e individuais variam de nível. A familiaridade com os fundamentos do esporte não afasta a vaidade das jogadoras. Os esforços durante as partidas não retiram a graciosidade dos atléticos e modelados corpos em movimento. As arbitragens são satisfatórias. O público nos estádios é numeroso e festivo. 
No jogo da seleção dos EUA contra a seleção da Suécia, houve empate sem gol. Futebol veloz e bem jogado, sem violência, sem cotoveladas, sem deslealdade, com poucas faltas e muito empenho, defendendo e atacando, sem retranca e com ótimo preparo físico e técnico das jogadoras. Poucos dribles, muitos passes, alguns de longa distância, chutes fortes. Na cobrança de escanteio, as suecas se enfileiravam na área adversária, ora ao lado uma da outra, ora atrás uma da outra para, em seguida, se dispersarem e tentarem o gol. A treinadora sueca e sua assistente estavam de bom humor, conversavam entre si e riam descontraídas durante o jogo. Bem humorados também a treinadora e o assistente estadunidense. Todos aparentavam equilíbrio emocional, sem gestos nervosos e escandalosos, sem gritaria e palavras agressivas. Pareciam felizes pela oportunidade de participar do certame. As torcidas alegres e festivas, pintadas e enfeitadas. A americana mais numerosa e barulhenta do que a sueca. Canadá e EUA são vizinhos enquanto a Suécia fica ao norte da Europa, na longínqua e fria Escandinávia. 
A seleção brasileira venceu a coreana (2 x 0). As brasileiras demonstravam preocupação excessiva, talvez por ser a sua partida de estréia nesta edição da copa do mundo. Estrela de primeira grandeza, a jogadora Marta estava tensa. As coreanas mostraram esforço, bom preparo físico, bom entrosamento e obediência ao esquema tático do treinador; elas mais se defenderam do que atacaram. A seleção brasileira também venceu a espanhola (1 x 0). O desempenho das duas equipes foi mediano. Faltas pesadas e ansiedade. As espanholas impuseram um jogo duro às brasileiras. O treinador brasileiro muito nervoso gesticulava e reclamava. As brasileiras também nervosas promoveram um festival de erros nos passes e sofreram muitos desarmes. Resta apurar se foi o treinador que influiu no estado de espírito das jogadoras ou se foram elas que influíram no estado de espírito do treinador. Marta e Andressa aparentavam estar mais tensas do que as companheiras. Assistência psicológica talvez lhes fizesse bem. Andressa, que abusou do individualismo no primeiro tempo da partida, mostrou oportunismo e inteligência no gol que marcou. Depois de ser disputada pela brasileira, pela goleira e pela zagueira, a bola saiu em direção ao gol livre. Andressa notou que a bola seria interceptada antes de entrar no gol. Então, correu na direção provável que a bola tomaria se tocada pela defensora. Deu certo. Ela chutou enquanto a zagueira ainda estava deitada sob o arco. Gol de placa pela beleza do lance, desde o seu início até o seu final. Formiga e Cristiane estiveram aquém das habilidades que costumavam exibir em campo. Cristiane parecia desmotivada ou indisposta, conseqüência, talvez, da menstruação ou de outra razão de ordem somática, psicológica ou familiar. Marta nervosa, mas aguerrida, foi duramente marcada pelas adversárias, rendeu pouco, mas deu um passe açucarado para Raquel que, sozinha diante da goleira, perdeu o gol porque a bola lhe fugiu dos pés. Emoção de estreante, quem sabe? Da equipe brasileira, Tamires foi a jogadora que melhor e mais regular desempenho apresentou durante o jogo.

Copa de futebol masculino da América.
Realizada em 8 cidades do Chile (Antofagasta, Concepción, La Serena, Rancágua, Santiago, Temuco, Valparaíso, Viña del Mar). No jogo inaugural, a seleção chilena venceu a seleção equatoriana (2 x 0). O desempenho das duas equipes foi sofrível. Na seqüência, a seleção mexicana empatou com a boliviana, sem gol. Fraco desempenho das duas equipes, sem destaques individuais que merecessem especial menção. A seleção uruguaia venceu a jamaicana pelo escore mínimo (1 x 0). Os uruguaios venceram os caribenhos com dificuldade. A seleção da Jamaica mostrou não ser o filé que a crítica noticiava. As duas equipes apresentaram um futebol tecnicamente razoável, sem jogador que merecesse especial destaque por sua atuação.
A seleção argentina empatou com a paraguaia (2 x 2). Os platinos venceram no primeiro tempo da partida graças a dois erros: um do defensor paraguaio e outro do árbitro. No primeiro gol, o defensor paraguaio deu um passe incrível ao atacante argentino Aguero, que não perdeu a chance e finalizou eficazmente. No segundo gol, o mesmo defensor paraguaio trombou com o argentino Di Maria dentro da área. Choque normal, porém o árbitro marcou pênalti. Messi cobrou mal e o goleiro paraguaio quase defendeu. Posteriormente, Messi foi atropelado dentro da área. Choque faltoso. O árbitro não marcou o pênalti. Este segundo erro compensou o primeiro. No segundo tempo, a seleção paraguaia voltou determinada a mudar o panorama do jogo. Marcou dois belos gols. Os paraguaios mostraram garra e espírito coletivo, superando a boa qualidade individual dos craques argentinos. Terminado o jogo, os paraguaios, ainda em campo, procuraram se confraternizar com os argentinos, mas foram recebidos com frieza e arrogância.   
A seleção venezuelana tão depreciada por comentários brasileiros com pitada política, venceu a enaltecida seleção colombiana (1 x 0). Em campo, não se confirmou o favoritismo da poderosa esquadra de James, Cuadrado, Falcão e Armero. O sistema defensivo da seleção da Venezuela neutralizou o ataque dos craques colombianos. No segundo tempo, o treinador da seleção da Colômbia substituiu defensores por atacantes, mas nem assim a sua equipe conseguiu marcar um gol sequer. Não houve retranca. Sempre que se oferecia oportunidade, os venezuelanos atacavam perigosamente a defesa colombiana. Oportuno e esperto cabeceio de Cuevas próximo à linha de fundo em direção ao centro da área adversária é aproveitado por Rondon que também de cabeça envia a bola para dentro do gol. Plasticidade artística. Os colombianos batiam mais forte do que os venezuelanos. Houve muitas faltas e cartões amarelos. Nenhum jogador teve desempenho extraordinário. No final da partida, ninguém estava disposto a confraternizar.
A seleção brasileira venceu a peruana (2 x 1). Nos primeiros cinco minutos da partida, dois gols foram marcados, um para cada lado, graças a clamorosas falhas das duas defesas. Sofreguidão brasileira durante o jogo. O gol da vitória foi marcado na bacia das almas. Faltavam dois minutos para terminar a partida quando, após um cochilo da defesa peruana, Douglas Costa, livre de marcação dentro da área, recebeu um passe açucarado de Neymar e finalizou com eficiência. Espetáculo razoável, faltas violentas e cartões amarelos. Fernandinho é como o escorpião: a sua natureza é ferir. Ainda conseguirá uma expulsão. Nas duas equipes havia bons jogadores, mas nenhum com atuação extraordinária. Guerrero, peruano incensado pela torcida corintiana e pela imprensa, marcado pelos defensores brasileiros, nada rendeu. Neymar, incensado pela torcida brasileira e pela imprensa, também rendeu pouco, além de cair muito e reclamar outro tanto. No final da partida, peruanos e brasileiros confraternizaram e trocaram camisas.

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