As competições esportivas contribuem para a paz e a
confraternização dos povos. Há lesões físicas em conseqüência da dinâmica dos
jogos coletivos, algumas intencionais causadas pela maldade e falta de espírito
esportivo do adversário e nem sempre punidas com rigor pelo árbitro e pelo
tribunal esportivo. Ocorre, também, morte em campo por problema cardíaco do
jogador. Nada que se compare a um confronto bélico. Neste mês de junho de 2015,
estão sendo disputadas a copa do mundo de futebol feminino e copas regionais de
futebol masculino.
Copa mundial de
futebol feminino.
Realizada de quatro em quatro anos, desde 1991.
Começou com 16 países participantes. Hoje, são 24, sendo 2 da Oceania
(Austrália e Nova Zelândia); 3 da
África (Camarões, Costa do Marfim e Nigéria); 4 da Ásia (China, Coréia do Sul, Japão e Tailândia); 7 da América (Brasil, Canadá, Colômbia,
Costa Rica, Equador, Estados Unidos e México); e 8 da Europa (Alemanha, Espanha, França, Inglaterra, Noruega, Países
Baixos, Suécia e Suíça). A copa foi vencida duas vezes pelas seleções dos EUA
(1991 e 1999) e da Alemanha (2003 e 2007) e uma vez pelas seleções da Noruega
(1995) e do Japão (2011). A seleção do Brasil foi vice-campeã em 2007.
A copa está sendo realizada em 6 cidades do Canadá: Ottawa, Montreal, Vancouver, Winnipeg,
Edmonton e Moncton. Os desempenhos coletivos e individuais variam de nível. A
familiaridade com os fundamentos do esporte não afasta a vaidade das jogadoras.
Os esforços durante as partidas não retiram a graciosidade dos atléticos e
modelados corpos em
movimento. As arbitragens são satisfatórias. O público nos
estádios é numeroso e festivo.
No jogo da seleção dos EUA contra a seleção da Suécia,
houve empate sem gol. Futebol veloz
e bem jogado, sem violência, sem cotoveladas, sem deslealdade, com poucas
faltas e muito empenho, defendendo e atacando, sem retranca e com ótimo preparo
físico e técnico das jogadoras. Poucos dribles, muitos passes, alguns de longa
distância, chutes fortes. Na cobrança de escanteio, as suecas se enfileiravam
na área adversária, ora ao lado uma da outra, ora atrás uma da outra para, em
seguida, se dispersarem e tentarem o gol. A treinadora sueca e sua assistente
estavam de bom humor, conversavam entre si e riam descontraídas durante o jogo.
Bem humorados também a treinadora e o assistente estadunidense. Todos
aparentavam equilíbrio emocional, sem gestos nervosos e escandalosos, sem
gritaria e palavras agressivas. Pareciam felizes pela oportunidade de
participar do certame. As torcidas alegres e festivas, pintadas e enfeitadas. A
americana mais numerosa e barulhenta do que a sueca. Canadá e EUA são vizinhos
enquanto a Suécia fica ao norte da Europa, na longínqua e fria
Escandinávia.
A seleção brasileira venceu a coreana (2 x 0). As
brasileiras demonstravam preocupação excessiva, talvez por ser a sua partida de
estréia nesta edição da copa do mundo. Estrela de primeira grandeza, a jogadora
Marta estava tensa. As coreanas mostraram esforço, bom preparo físico, bom
entrosamento e obediência ao esquema tático do treinador; elas mais se
defenderam do que atacaram. A seleção brasileira também venceu a espanhola (1 x
0). O desempenho das duas equipes foi mediano. Faltas pesadas e ansiedade. As
espanholas impuseram um jogo duro às brasileiras. O treinador brasileiro muito
nervoso gesticulava e reclamava. As brasileiras também nervosas promoveram um festival
de erros nos passes e sofreram muitos desarmes. Resta apurar se foi o treinador
que influiu no estado de espírito das jogadoras ou se foram elas que influíram
no estado de espírito do treinador. Marta e Andressa aparentavam estar mais
tensas do que as companheiras. Assistência psicológica talvez lhes fizesse bem.
Andressa, que abusou do individualismo no primeiro tempo da partida, mostrou
oportunismo e inteligência no gol que marcou. Depois de ser disputada pela
brasileira, pela goleira e pela zagueira, a bola saiu em direção ao gol livre.
Andressa notou que a bola seria interceptada antes de entrar no gol. Então,
correu na direção provável que a bola tomaria se tocada pela defensora. Deu
certo. Ela chutou enquanto a zagueira ainda estava deitada sob o arco. Gol de
placa pela beleza do lance, desde o seu início até o seu final. Formiga e
Cristiane estiveram aquém das habilidades que costumavam exibir em campo. Cristiane
parecia desmotivada ou indisposta, conseqüência, talvez, da menstruação ou de
outra razão de ordem somática, psicológica ou familiar. Marta nervosa, mas
aguerrida, foi duramente marcada pelas adversárias, rendeu pouco, mas deu um
passe açucarado para Raquel que, sozinha diante da goleira, perdeu o gol porque
a bola lhe fugiu dos pés. Emoção de estreante, quem sabe? Da equipe brasileira,
Tamires foi a jogadora que melhor e mais regular desempenho apresentou durante
o jogo.
Copa de futebol
masculino da América.
Realizada em 8 cidades do Chile (Antofagasta,
Concepción, La Serena,
Rancágua, Santiago, Temuco, Valparaíso, Viña del Mar). No jogo inaugural, a
seleção chilena venceu a seleção equatoriana (2 x 0). O desempenho das duas
equipes foi sofrível. Na seqüência, a seleção mexicana empatou com a boliviana,
sem gol. Fraco desempenho das duas equipes, sem destaques individuais que
merecessem especial menção. A seleção uruguaia venceu a jamaicana pelo escore
mínimo (1 x 0). Os uruguaios venceram os caribenhos com dificuldade. A seleção
da Jamaica mostrou não ser o filé que a crítica noticiava. As duas equipes
apresentaram um futebol tecnicamente razoável, sem jogador que merecesse
especial destaque por sua atuação.
A seleção argentina empatou com a paraguaia (2 x 2).
Os platinos venceram no primeiro tempo da partida graças a dois erros: um do
defensor paraguaio e outro do árbitro. No primeiro gol, o defensor paraguaio
deu um passe incrível ao atacante argentino Aguero, que não perdeu a chance e finalizou
eficazmente. No segundo gol, o mesmo defensor paraguaio trombou com o argentino
Di Maria dentro da área. Choque normal, porém o árbitro marcou pênalti. Messi
cobrou mal e o goleiro paraguaio quase defendeu. Posteriormente, Messi foi
atropelado dentro da área. Choque faltoso. O árbitro não marcou o pênalti. Este
segundo erro compensou o primeiro. No segundo tempo, a seleção paraguaia voltou
determinada a mudar o panorama do jogo. Marcou dois belos gols. Os paraguaios mostraram
garra e espírito coletivo, superando a boa qualidade individual dos craques
argentinos. Terminado o jogo, os paraguaios, ainda em campo, procuraram se
confraternizar com os argentinos, mas foram recebidos com frieza e
arrogância.
A seleção venezuelana tão depreciada por comentários brasileiros
com pitada política, venceu a enaltecida seleção colombiana (1 x 0). Em campo,
não se confirmou o favoritismo da poderosa esquadra de James, Cuadrado, Falcão
e Armero. O sistema defensivo da seleção da Venezuela neutralizou o ataque dos
craques colombianos. No segundo tempo, o treinador da seleção da Colômbia
substituiu defensores por atacantes, mas nem assim a sua equipe conseguiu
marcar um gol sequer. Não houve retranca. Sempre que se oferecia oportunidade,
os venezuelanos atacavam perigosamente a defesa colombiana. Oportuno e esperto
cabeceio de Cuevas próximo à linha de fundo em direção ao centro da área
adversária é aproveitado por Rondon que também de cabeça envia a bola para
dentro do gol. Plasticidade artística. Os colombianos batiam mais forte do que
os venezuelanos. Houve muitas faltas e cartões amarelos. Nenhum jogador teve
desempenho extraordinário. No final da partida, ninguém estava disposto a
confraternizar.
A seleção brasileira venceu a peruana (2 x 1). Nos
primeiros cinco minutos da partida, dois gols foram marcados, um para cada
lado, graças a clamorosas falhas das duas defesas. Sofreguidão brasileira
durante o jogo. O gol da vitória foi marcado na bacia das almas. Faltavam dois
minutos para terminar a partida quando, após um cochilo da defesa peruana,
Douglas Costa, livre de marcação dentro da área, recebeu um passe açucarado de
Neymar e finalizou com eficiência. Espetáculo razoável, faltas violentas e
cartões amarelos. Fernandinho é como o escorpião: a sua natureza é ferir. Ainda
conseguirá uma expulsão. Nas duas equipes havia bons jogadores, mas nenhum com
atuação extraordinária. Guerrero, peruano incensado pela torcida corintiana e
pela imprensa, marcado pelos defensores brasileiros, nada rendeu. Neymar,
incensado pela torcida brasileira e pela imprensa, também rendeu pouco, além de
cair muito e reclamar outro tanto. No final da partida, peruanos e brasileiros
confraternizaram e trocaram camisas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário