Grécia (continuação).
Os cidadãos de Esparta eram da
linhagem dórica e cultivavam espírito militarista. Organizaram governo
despótico. Isolados no Peloponeso pela geografia, pouco aproveitaram da cultura
exterior. Conquistaram a região conhecida como Lacônia ou Lacedemônia. A esta
região anexaram Messênia, planície fértil, depois de enfrentar forte e armada
resistência dos messênios. A fim de se proteger de idéias perigosas, o governo espartano dificultava viagens dos
cidadãos e proibia o comércio exterior (dois mil e seiscentos anos depois,
Stalin também confessava mais temer as idéias
do que as armas).
A ordem interna era mantida sob
férrea disciplina. O coletivismo político, social e econômico era amplo e a
liberdade individual restrita. Na sociedade espartana distinguiam-se três
camadas: a dos governantes, a dos periecos e a dos hilotas. A primeira camada se
compunha dos cidadãos, minoria da população, descendentes dos primeiros
conquistadores. Somente estes cidadãos, que atribuíam a si mesmos o tratamento
exclusivo de espartanos, detinham
privilégios políticos; congregavam-se e destinavam parte de suas rendas a uma
caixa comum. Eles se submetiam a severa disciplina que incluía castigos
corporais. O propósito era o de se manterem rijos para a guerra. Interesses
individuais deviam ser sacrificados em prol do estado. Os espartanos deviam servir ao estado dos 20 aos 60 anos de idade. O
casamento era obrigatório. Os homens deviam morar em tendas ou barracas, o que
estimulava encontros furtivos com mulheres e facilitava a pederastia. Os
maridos sem boa saúde eram obrigados a ceder suas esposas a homens saudáveis a
fim de gerar crianças vigorosas. Crianças defeituosas eram descartadas. Cedo os
jovens eram tirados do lar e recolhidos a instituições estatais para receber
formação militar.
Os periecos (moradores da periferia) eram estrangeiros que
voluntariamente continuavam sob o domínio de Esparta. A esta camada eram
permitidos o comércio e a manufatura {as atividades comerciais e industriais estavam
proibidas aos cidadãos (espartanos) e
aos servos}. Os periecos gozavam de certo conforto. A camada inferior da
sociedade era dos servos (hilotas).
Estavam vinculados às terras dos proprietários e lhes era concedida parte da
produção. A melhor terra era de propriedade do estado. O governo doava glebas
aos cidadãos. Com a terra seguiam os hilotas (não podiam ser vendidos
separadamente).
A constituição espartana, cuja
autoria é atribuída a um antigo legislador chamado Licurgo, previa dois governantes (reis) de distintas famílias com
poderes de natureza militar e sacerdotal. A supervisão administrativa e a
elaboração de projetos cabiam a um conselho composto por ambos os reis e mais
28 nobres, todos com idade superior a 60 anos. Esse conselho funcionava também
como corte suprema nos processos criminais. A aprovação dos projetos e a
eleição dos funcionários públicos cabiam a uma assembléia composta de homens
que gozavam de elevada posição política e dispunham de rendas. Esta assembléia
escolhia cinco cidadãos denominados éforos
para exercerem funções governamentais por um ano. Este mandato podia ser
renovado tantas vezes quantas fossem da vontade da assembléia. Os éforos
presidiam o conselho e a assembléia. Os seus poderes incluíam: o de destituir os
reis segundo indicação dos prognósticos religiosos, o de vetar a legislação, o
de censurar a vida dos cidadãos, o de decidir sobre o destino das crianças recém-nascidas,
o de iniciar demandas perante o conselho e o de controlar o sistema educacional
e a distribuição das terras.
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