quarta-feira, 25 de julho de 2012

POESIA


Libertaram o escravo quebrando-lhe as correntes / e ele ficou mais escravo do que nunca. / Trazia consigo os ferros do servilismo / as algemas da indolência e da preguiça / as cadeias do temor e da superstição / da ignorância, da desconfiança, da barbárie... / Sua escravidão não estava nas correntes / mas nele próprio. / Somente os homens livres são libertados... / e nem isso é necessário. / Os homens livres libertam-se sozinhos. (“O Escravo” – James Oppenheim – trad. Sérgio Milliet). 

Pois que tinha o olhar vendado / perguntou para que lado / devia ir. / Uns tratantes que passavam / com dedos cheios de anéis / tomaram-lhe o pulso e a ataram / com seus cordéis. / E foram dormir com ela / e cortaram-lhe os cabelos / só pra eles. / E esconderam-na bem entre / a muralha gorda feita / dos seus ventres. / Não a julgueis mal por isso / vós que podeis avaliar / seus sorrisos! / Ela não sabe aonde vai... / No seu pulso a corda má... / faz-lhe mal. / É aquela venda maldita... / Talvez, atrás dela, a mágoa / ter-lhe-á feito o olhar bonito / raso de água. / Tirem-lhe a faixa assassina / e ela até será capaz / com seus olhos de menina / de ir levar pão aos pardais. (“Canção da Fortuna” – Charles Vildrac = Charles Messager. Trad. Guilherme de Almeida).

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