domingo, 16 de janeiro de 2011

VIAGEM3

Domingo (02/01/2011). Dona Isaura, Jussara e eu, para não escapar ao hábito, fomos almoçar no restaurante Madalosso, em Santa Felicidade, bairro turístico de Curitiba. Na volta, fizemos rápida passagem pelo centro da cidade e logo retornamos à casa da sogra, porque Jussara ainda não estava bem. Ainda sentia o cansaço da viagem e a indisposição da gripe.

Segunda feira (03/01/2011). Jussara amanheceu melhor e me acompanhou na caminhada matinal. À tarde, visitamos o casal Lucinyr/Marco e seus filhos Tiago e Stephany, dois universitários às vésperas de viagem ao velho continente, jovens inteligentes, bem educados, que buscam ampliar o horizonte profissional e cultural. A casa localiza-se no bairro chamado Barreirinha, em um recanto silencioso, densa área verde, pássaros em profusão cantando a liberdade. Chegamos às 17,00 horas. Segundo nossos cálculos, a visita seria breve, porém a hospitalidade, a simpatia e a atenção desses nossos queridos amigos dobraram o tempo previsto. Lá estiveram, também, Elizabeth e Antonio, pais de Marco. A reunião foi agradável, alegre e descontraída; primeiro, na área externa, depois, na sala interna. Lanche delicioso. Mesa bem arrumada, copos, xícaras, talheres, refrigerante, café, leite, variedade de pães, queijo, manteiga, doces, salgados (inclusive tipo italiano do forno saído). Talvez, eles nos visitem este ano. Lunyr e Luciano, pais de Lucinyr, moram no litoral catarinense; no segundo semestre de 2010 eles nos visitaram aqui em Penedo; conheço-os desde o tempo em que éramos solteiros e vizinhos no Juvevê (bairro de Curitiba). Naquele tempo, eu e Lecy, irmão mais velho de Luciano, éramos companheiros de boemia; tínhamos quase a mesma idade, com diferença de alguns meses. Elisabeth perguntou sobre o violão. Ela gosta de ouvir e cantar. Fato inédito: esqueci o violão em Penedo; coloquei-o na capa, mas não no automóvel, o que deve ser debitado à ânsia de colocar o pé na estrada (e também à idade). Por volta das 21,30 horas, despedimo-nos com fraternais abraços. A saudade, essa intrometida, chegou antes da hora. Partimos com vontade de ficar (royalties para Vinicius de Moraes).

Terça feira (04/01/2011). Manhã rotineira. No início da tarde, Jussara saiu às compras com a Leda, sua amiga dos tempos da escola primária. Cumprindo promessa que eu fizera ao casal Leda/Arms, entreguei-lhes três exemplares do romance da minha autoria intitulado “O Evangelho da Irmandade”, um deles autografado com dedicatória. Caso os dois pretendessem ler o romance ao mesmo tempo, haveria exemplares de sobra. Além disso, se eles gostassem do texto, poderiam presentear os dois filhos, Klaus e Camila, ambos com formação acadêmica na área médica e exercendo a profissão: o moço, anestesista e a moça odontóloga; ou poderiam presentear amigos com os exemplares. O livro está fora do circuito comercial e se destina à distribuição gratuita a pessoas que gostam de assuntos esotéricos.

Arms perguntou se o livro fora antecedido de pesquisa. Dois professores já haviam formulado essa pergunta; por coincidência, um deles também era doutor em disciplina odontológica, tal como Arms. Respondi que sim. Cacoete do magistério: certificar-se das fontes. Por brevidade, cito apenas algumas: (1) Bíblia (Centro Bíblico Católico, São Paulo. Editora Ave Maria, 1987); (2) La Vida Mística de Jesús (Lewis, H. Spencer. Califórnia. Amorc, 1967); (3) O Cristo Cósmico e os Essênios (Rohden, Huberto. São Paulo. Martin Claret, 1991); (4) A Doutrina Mística (Blavatski, Helena P. São Paulo. Hemus, 1981); (5) O Fenômeno Humano (Chardin, Pierre Teilhard. Porto. Tavares Martins, 1970); (6) O Homem Eterno (Pauwels, Jacques Bergier e Louis. São Paulo. Divisão Européia do Livro, 1971); (7) Leviatán (Hobbes, Thomas. Madri. Nacional, 1979); (8) Para compreender os manuscritos do Mar Morto (Shanks, Hershel. Organizador. Rio. Imago, 1993); (9) O Santo Graal e a Linhagem Sagrada (Baigent, Michael e/os. Rio. Nova Fronteira, 1993); (10) O Código Da Vinci (Brown, Dan. Rio, Sextante, 2004); (11) Quebrando o Código Da Vinci (Bock, Darrell L. Osasco. Novo Século, 2004); (12) Decodificando Da Vinci (Welborn, Amy. São Paulo. Cultrix, 2004); (13) Operação Cavalo de Troia (Benítez, J.J. São Paulo. Mercuryo, 1987); (14) Pequena História da Maçonaria (C.W. Leadbeater. São Paulo. Pensamento, 1968); (15) Manual Rosacruz (Grande Loja do Brasil. Curitiba, 1964); (16) Admirável Mundo Novo (Huxley, Aldous. São Paulo. Victor Civita, 1980); (17) História da Civilização Ocidental (Burns, Edward Mcnall. Rio/SP/Porto Alegre. Globo, 1955); tudo acoplado a filmes documentários, à minha formação jurídica, filosófica e mística e à minha experiência de vida. Apesar do tema universal, do fundo histórico, da sintonia com a natureza, da original e inédita abordagem, o livro é um romance, onde há licença artística, criatividade, por isso mesmo, não contém bibliografia.

Cheguei à residência do casal às 16,30 horas. Jussara e Leda chegaram logo depois, felizes com as compras. Conversamos animadamente. Lanche delicioso: refrigerante, café, leite, diferentes tipos de pão, mel, manteiga, queijo, salgado, doce. Da sala passamos para a cozinha, sem arrefecer a conversa e sem reduzir os assuntos. No Paraná, inobstante azáfama da modernidade, ainda se conserva, em alguns lares, o costume de reunir na cozinha as pessoas que gozam da confiança e da intimidade dos donos da casa. Ali a prosa vem molhada no chimarrão, no cafezinho, no refresco, reforçada com algum petisco; os donos da casa caminham para lá e para cá a fim de atender aos visitantes; depois, tornam a sentar. Passamos ao quintal. Arms, cultor de um pé de café, nos presenteou com muda. Odontólogo e professor universitário, ele ainda encontra tempo para estudar piano e lidar com plantas. Agradecidos, eu e Jussara nos despedimos dos prezados amigos.

Quarta feira (05/01/2011). Visitamos nossos primos Emerson, Cristina e João Gilberto. Cristina e Gilberto são primos da Jussara na linha paterna (o pai deles é irmão do pai dela) e são meus primos na linha materna (a mãe deles é irmã da minha mãe). Lá chegamos às 17,00 horas. Colocamos alguns assuntos em dia. Ficamos sabendo que os dois filhos do casal residem fora (Ricardo, membro ativo da Opus Dei e Isabelle, estudando nos EUA). Além das suas ocupações como engenheiro, Emerson se dedica a um programa social na área da educação (www.forja.org.br). Autografei com dedicatória um exemplar do livro para o casal e outro para o João Gilberto. Lanchamos. Mesa farta e variada. Pães, salgados e doces, refrigerante, café, licor. Os primos são alegres e hospitaleiros. Os dois rolinhos de algodão, pai e filho, gostaram do nosso colo; perceberam que nós também temos cães. Programada para ser breve, a visita durou cinco horas. O retorno previsto para o dia seguinte foi adiado para sexta feira. Ainda bem, pois nos livramos de um baita temporal em São Paulo.

Ao chegarmos à nossa casa, os cachorros fizeram festa (Pretinho, Bóris, Brigitte e Laika, na ordem decrescente de idade). Manoel, o zelador, cuidava deles e do quintal. Recolhia as mangas espalhadas pelo chão, desprendidas das quatro mangueiras. A safra deste ano foi boa em quantidade, mas ruim em qualidade. Aproveitamos as mangas boas para fazer suco (comemos algumas). Vamos plantar a muda de café que Leda e Arms nos deram.

Chove muito. A grama está encharcada. As folhagens e as flores não se ressentiram. Moramos em lugar alto e o volume das chuvas não constitui ameaça. Estamos no sul do Estado do Rio de Janeiro. A região serrana, onde ocorreu tragédia noticiada pela TV (uma das maiores do mundo resultante de fatores naturais) fica no oeste do Estado: Petrópolis, Teresópolis, Nova Friburgo. O aristocrata serrano teve seu dia de plebeu. Os veículos de comunicação social se aproveitam da desgraça coletiva para fazer sensacionalismo; torcem para que sejam milhares os mortos e, assim, o Brasil conquiste mais este recorde; os apresentadores de TV indagam ansiosamente se foram encontrados mais cadáveres. Alguns repórteres aproveitam a ocasião para se exibirem como heróis da imprensa nos locais da tragédia. O governo estadual se aproveita para receber do governo federal vultosa quantia em dinheiro de cuja aplicação o povo fica alheio. Entidades oficiais e extra-oficiais se aproveitam para pedir e receber donativos que nem sempre são entregues aos flagelados. Governantes omissos, irresponsáveis e desonestos não executam medidas de prevenção, tais como: fiscalização dos terrenos e encostas, remoção de famílias, proibição de construção e moradia em áreas de risco, obras de contenção, efetivação dos planos diretores municipais. Os administradores públicos aguardam a tragédia acontecer. Isto rende ensejo de manipular recursos do erário. Esses burocratas, habituados à política rasteira, são especialistas em maquiagem, engodo e ladroagem. Diante da tragédia, os políticos aparentam tristeza e preocupação, porém, no íntimo, pouco se importam com o infortúnio alheio. Tiram proveito da situação. No entender da canalha, o número de mortos nada significa diante do excesso de gente nesta terra, posto que, em economia, só o escasso tem valor; quanto aos sobreviventes da camada pobre da população, podem recuperar o perdido e modesto patrimônio através do crediário das casas Bahia.

Nenhum comentário: