sábado, 9 de outubro de 2021

FUTEBOL MASCULINO II

Copa do Mundo de Futebol Masculino/2022. Partidas eliminatórias/2021. 
As seleções brasileiras de futebol masculino, no curto período de 12 anos, conquistaram 3 copas mundiais e 1 vice-campeonato (1958-1970). Depois disto, chegaram os cientistas e filósofos do futebol com suas teorias, estratégias e riqueza vocabular. Se você é incapaz de criar algo novo, mude o nome daquilo que já existe e ganhará fama de inovador moderno. Os intelectuais do futebol demoraram 24 anos para conquistar uma copa mundial (1970-1994) e mais 8 anos para outra (1994-2002). Daí em diante, decorridos 19 anos (2002-2021) não mais conquistaram copas mundiais. Como se isto não bastasse, a seleção brasileira de 2014 ainda levou uma surra da seleção alemã jogando aqui no Brasil (7 x 1). A “inteligência” dos cientistas e filósofos do futebol brasileiro e a nefasta influência dos corruptos dirigentes da Confederação Brasileira de Futebol e patrocinadores, contribuíram para essa decadência. Na copa de 2022, a seleção dificilmente passará das partidas quartas-de-final. Apesar dos pesares, o Brasil continua a ser celeiro de craques.  
No jogo contra a seleção venezuelana realizado no dia 07/10/2021, a seleção brasileira venceu, mas não convenceu (3 x 1). Dois gols de bola parada (escanteio e tiro direto da marca do pênalti) e um gol de bola em movimento tático. A seleção brasileira demorou para se refazer do gol sofrido. Faltou liga entre os jogadores, esse elemento abstrato, psíquico, afetivo, entre companheiros. Alguns deles, talvez preocupados em se manter no elenco, prejudicaram involuntariamente o entrosamento e a solidariedade interna da equipe. 
A seleção nacional de qualquer país funciona também como vitrine internacional para os seus jogadores. Quando, no espírito do jogador, não há insegurança no que tange à sua permanência no elenco, nem outro motivo que agrave a concorrência interna, mais fácil se torna a formação da liga ética e afetiva entre ele e os demais jogadores. Há ligas duradouras e ligas efêmeras, tanto nas seleções como nos clubes. Basta lembrar as duplas: Pelé/Coutinho (Santos 1958-1970); Assis/Washington (Fluminense 1984); Romário/Bebeto (seleção 1994) e os trios: Pelé/Garrincha/Didi (seleção 1962); Messi/Neymar/Suarez (Barcelona 2014-2017); Arrascaeta/Bruno Henrique/Gabi (Flamengo 2021). No campeonato francês, a derrota do PSG para o Rennes em 03/10/2021 (0 x 2), evidenciou a fraca consistência da liga do trio Messi/Mbappé/Neymar. No segundo tempo, o brasileiro foi substituído. O trio mexicano Los Panchos tinha um repertório mais agradável e era bem mais afinado do que o trio “galáctico” francês. [Metáfora musical]. Mbappé x Neymar desafinam em duo e se repelem por motivo mal explicado, quiçá de natureza moral, religiosa e/ou profissional. Enfim, eles são pretos, que se entendam. 
A propósito, cabe citar episódio ocorrido na circunscrição do registro civil de Copacabana em 1974. Alguém solicita o registro de nascimento de uma menina com o nome de Preta. O oficial do cartório recusou o registro por se tratar de nome comum e não de nome próprio. O pai da menina apelou para o juiz de direito com o seguinte argumento: se era possível o registro de menina com o nome de Branca, também devia ser possível o registro de menina com o nome de Preta. No entanto, num país onde o preconceito racial é muito forte, aquele nome poderia tornar a menina alvo de zombaria e constrangimento na vida social futura, inclusive na escola. Apesar disto e com fulcro no constitucional princípio da igualdade perante a lei (isonomia), o juiz de direito [meu colega de concurso para o tribunal de justiça do Estado da Guanabara/1973, de magistratura e de magistério superior], deferiu o pedido do pai da criança e determinou ao oficial do cartório que procedesse ao registro do nascimento da menina com o nome de Preta Maria Gadelha Gil. Agora, sirvo-me de argumento semelhante: se é possível a frase “eles são brancos, que se entendam”, também o é a frase “eles são pretos, que se entendam”. 
As afinadas e harmoniosas ações conjuntas dos defensores, armadores e atacantes ensejam ao time de futebol bom e eficiente desempenho. Individualmente, os jogadores da atual seleção brasileira são de bom nível técnico, pois, caso contrário, não teriam sido convocados. Entretanto, a boa qualidade técnica individual pesa pouco (I) quando não há solidariedade e companheirismo entre os jogadores (II) quando falta entrosamento (III) quando ausentes:  (i) o senso de unidade do todo (ii) o respeito mútuo (iii) a isonomia. 
O solista exibe a sua arte de modo egocêntrico. A orquestra exibe a sua arte de modo altruístico e harmonioso. Por analogia, o mesmo se aplica ao craque e ao time de futebol. Há momentos do jogo nos quais, com coragem, oportunismo e perícia, o craque tem que executar o solo. Todavia, durante a maior parte do jogo, ele exibe a sua perícia sintonizado e sincronizado com o grupo, dentro das linhas estratégicas traçadas pelo treinador. Para a dosagem respectiva não há fórmula farmacológica e sim a solução do momento apreendida intuitivamente pelo jogador e/ou pelo treinador durante a partida, diante do que está acontecendo em campo. 

Nenhum comentário: