quarta-feira, 18 de agosto de 2021

MISTÉRIO CÓSMICO IV

A existência de reino espiritual é o grande mistério que desafia a inteligência humana. Se, pelo conhecimento, não receberdes o reino dos céus que está dentro de vós, não conseguireis encontra-lo jamais. [Palavras ouvidas por Tiago saídas da boca de Jesus]. 
Ao não conseguirem compreender e explicar racionalmente certos fenômenos, os humanos, movidos por essa ignorância, pelo medo e pela esperança de uma vida melhor após a morte, criaram o mundo espiritual e as divindades. Povoaram-no com almas dos mortos, santos, anjos, arcanjos, querubins, serafins. Estabeleceram hierarquia celestial em cujo ápice colocaram o deus mais poderoso. Acreditam na comunicação com a divindade à qual fazem oferendas, prestam culto, suplicam proteção e da qual esperam receber benefícios. Parcela da humanidade acredita na reencarnação como processo de aprendizagem e de purificação da personalidade anímica.  
O filósofo espiritualista francês Hippolyte Léon Denizard Rivail (1804-1869), cognome Allan Kardec, interessou-se pelas reuniões conhecidas como mesas girantes, ou dança das mesas. Aprofundou a investigação dos fenômenos paranormais aplicando o método científico, em voga na Europa, utilizado nos estudos e pesquisas do mundo natural. Ao cabo da sua investigação, Kardec elaborou a doutrina espírita. [I] Admitiu a existência de deus, do princípio vital e do mundo espiritual separado do mundo material [II] Conceituou a alma como um ser individual, imaterial e imortal incorporado ao humano e que, ao se desligar do corpo na ocasião da morte física, conserva a sua individualidade no mundo espiritual [III] Afirmou que o invisível mundo espírita é o mundo normal, primitivo, eterno, preexistente, que a tudo sobrevive, povoado por seres inteligentes denominados espíritos criados por deus [IV] Tratou (i) da encarnação e reencarnação das almas (ii) da formação do mundo e dos seres vivos (iii) da origem e natureza dos espíritos (iv) da intervenção dos espíritos no mundo material (v) da comunicação dos vivos com os mortos através de pessoas apelidadas de médiuns (vi) das leis morais individuais e sociais (vii) do amor, da justiça e da caridade (viii) das penas e recompensas na vida presente e na vida futura. 
Esse movimento, denominado espiritismo por Kardec, expandiu-se e adquiriu extensão planetária. No Brasil, o espiritismo é visto e praticado como religião por milhões de pessoas, entre as quais, alguns médiuns famosos, como o mineiro Francisco Cândido Xavier (1910-2002). O conhecimento científico deste século XXI permite visão diferente. As descobertas da neurociência estão a exigir revisão das doutrinas espiritualistas. Em virtude do seu potencial, das suas funções e da eletricidade que o ativa, o cérebro humano pode ser visto como órgão pelo qual a alma se expressa. Tal como as ondas de luz, som e imagem que vagam pelo espaço e são captadas por aparelhos celulares, as ondas elétricas do cérebro também permanecem no espaço e podem ser captadas em qualquer época sob condições receptivas. Isto explica (i) a transmissão de pensamento sem aparelho (ii) o contacto com a mente de pessoas já falecidas (iii) a mediunidade. Desde priscas eras, substancias psicoativas que estimulam áreas do cérebro foram usadas em rituais para esse tipo de comunicação. 
No século XX, o cientista francês, filósofo e teólogo católico Pierre Teilhard de Chardin (1881-1955) foi proibido pela Santa Sé de lecionar e de publicar suas obras teológicas. Ele foi quase excomungado por ter feito a síntese fé + razão (religião + ciência), considerada ofensiva à doutrina católica. Removido para a China, seu trabalho paleontológico foi recebido com ceticismo. Na sua visão de mundo, há compatibilidade entre a teoria da evolução e a teoria da criação. O universo evoluíu do caos primordial ao estágio atual em que os humanos adquiriram a plena consciência de si mesmos e do seu meio ambiente na Terra. A expansão dessa consciência engendrará uma só rede inteligente por ele chamada  Noosfera, que cobrirá toda a Biosfera. 
A rede de computadores atual conforma-se à previsão de Chardin. O espaço está repleto de invisíveis partículas eletromagnéticas que transportam sons e imagens em torno do globo terrestre e podem ser captadas por aparelhos receptores. O cérebro humano é capaz de captar vibrações emanadas do campo de forças magnéticas do universo. Se treinado, o corpo humano pode funcionar como receptor à semelhança dos médiuns espíritas e dos pacientes da hipnose. A intuição e a meditação também funcionam como receptoras. 

Bibliografia. Será apresentada depois do sexto artigo desta série. 

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