A luz da Física contrasta com a treva da Metafísica. Ciência e religião ocupam hemisférios opostos no entendimento humano. O cientista alemão Albert Einstein (1875-1965) dizia: “Há duas coisas infinitas no mundo: o universo e a estupidez humana”. Depois, com senso de humor e pitada de ironia, aduzia a ressalva: “Da primeira, eu não tenho certeza”.
Ícone da Física moderna, embora acreditasse na existência de uma inteligência ordenadora do universo e fizesse distinção entre o mundo dos fatos e o mundo dos valores, Einstein ridicularizava as narrativas da Bíblia. Apelidara-as “contos da carochinha”. Antes dele, na mesma descrença e no mesmo diapasão, os filósofos François-Marie Arouet (Voltaire, 1694-1778) e David Hume (1711-1776) referiam-se aos hebreus (judeus + israelitas) como um povo bárbaro e ignorante.
Segundo Tomás de Kempis (1380-1471), sacerdote agostiniano, as escrituras sagradas devem ser lidas com o mesmo espírito de quem as escreveu. Isto retira do leitor a liberdade de interpretação. A referência ao poder draconiano do deus Javé (ou Jeová) na escritura sagrada dos hebreus, destinava-se a domesticar esse povo de cabeça dura (Moisés dixit). Baruch Espinoza (1632-1677), filósofo holandês, foi expulso da sinagoga por analisar as escrituras sagradas de forma racional, livre e honesta e por defender ideias contrárias ao judaísmo. Baseado na anacrônica linguagem do texto, ele afirmou que a autoria dos cinco primeiros livros da Bíblia (Pentateuco) não era de Moisés.
Thomas Hobbes (1588-1679), filósofo inglês, na terceira parte do livro Leviatã, transcreve trecho da Bíblia no qual Esdras, sacerdote judeu, confessa ter escrito o Pentateuco sob inspiração divina durante o exílio na Babilônia (século V a.C.). Disse que assim agiu porque os originais tinham sido queimados na primeira destruição do templo de Jerusalém. Portanto, incluindo os dias atuais, o Pentateuco teria 2.500 anos (500 antes de Cristo e 2.000 depois de Cristo), aquém dos 6.000 anos (4.000 a.C. + 2.000 d.C.) atribuídos pelo clero. Considerando a malícia que impregna a Bíblia, cabe a dúvida: os originais mencionados por Esdras alguma vez existiram? A religião liga a estupidez dos crentes à arte inteligente e esperta dos sacerdotes e dos políticos.
O cérebro humano é predisposto a estimular o júbilo por ideias e imagens reais e irreais que se lhe apresentam de modo agradável. Daí, essas ideias e imagens serem aceitas sem análise crítica. A conduta humana oscila de acordo com a economia hormonal controlada pelo cérebro. Este é considerado órgão do pensamento, da consciência e do controle do corpo. Assim, por exemplo, à tendência inata para desafiar lei (natural ou cultural) e autoridade (pública ou privada) contrapõe-se a reflexão sobre a conveniência ou inconveniência de obedecê-las. As células do cérebro (neurônios) com suas funções informativa, comunicativa, associativa e controladora, processam e comunicam dados e sinais. Agrupados em módulos nas diferentes áreas do cérebro, os neurônios respondem pela consciência: [1] física (ser, realidade e virtualidade, juízos de fato) [2] intelectual (verdade e falsidade, juízos lógicos) [3] moral (dever ser, bem e mal, justiça e injustiça, juízos de valor) [4] cósmica (percepção ampla das dimensões material e espiritual do mundo).
Conceitos e ações de caráter religioso e moral passam pelo crivo da consciência que aprova ou reprova. Os neurotransmissores conectam a vida interior com a vida exterior. O trabalho neurocientífico implica enlace dos elementos psíquico e somático da natureza humana e cogita sobre a existência de acervo na memória que, embora acessível, não é usado. Se tal acervo vier à superfície, o sujeito deparar-se-á, talvez, com algo até então misterioso ou inimaginável. “Quem procura não cesse de procurar até achar; quando achar será estupefato e quando estupefato ficará maravilhado e, então, terá domínio sobre o universo”. [Tomé]. “Buscai e achareis. Batei e vos será aberto”. [Jesus].
Há vestígios do sentimento religioso desde o homo sapiens, pelo menos, provocado pelo instinto gregário e relacional. A percepção do infinito e das potências telúricas pressiona o entendimento humano e gera crença mística (vida interior) e crença religiosa (vida exterior). A religião resulta da síntese, produzida no cérebro, da vida interior com a vida exterior. A crença em sobrenaturais poderes de coisas, lugares, pessoas e divindades pavimenta a senda religiosa. Culto dos antepassados e outros ritos, tabus, animismo, totemismo, xamanismo, conformam a religião nas sociedades primitivas. Quando a cultura humana atinge o grau de civilização, a religião se institucionaliza. Da organizada e permanente exploração do sentimento religioso nasce a instituição religiosa. Esta se diversifica impulsionada [1] pela cósmica lei do movimento, multiplicação e adaptação [2] pelas humanas divergências sobre divindade, alma, sentido da vida, pecado, culpa, liturgia, interpretação de textos, direitos, obrigações, finanças, modus operandi.
Ícone da Física moderna, embora acreditasse na existência de uma inteligência ordenadora do universo e fizesse distinção entre o mundo dos fatos e o mundo dos valores, Einstein ridicularizava as narrativas da Bíblia. Apelidara-as “contos da carochinha”. Antes dele, na mesma descrença e no mesmo diapasão, os filósofos François-Marie Arouet (Voltaire, 1694-1778) e David Hume (1711-1776) referiam-se aos hebreus (judeus + israelitas) como um povo bárbaro e ignorante.
Segundo Tomás de Kempis (1380-1471), sacerdote agostiniano, as escrituras sagradas devem ser lidas com o mesmo espírito de quem as escreveu. Isto retira do leitor a liberdade de interpretação. A referência ao poder draconiano do deus Javé (ou Jeová) na escritura sagrada dos hebreus, destinava-se a domesticar esse povo de cabeça dura (Moisés dixit). Baruch Espinoza (1632-1677), filósofo holandês, foi expulso da sinagoga por analisar as escrituras sagradas de forma racional, livre e honesta e por defender ideias contrárias ao judaísmo. Baseado na anacrônica linguagem do texto, ele afirmou que a autoria dos cinco primeiros livros da Bíblia (Pentateuco) não era de Moisés.
Thomas Hobbes (1588-1679), filósofo inglês, na terceira parte do livro Leviatã, transcreve trecho da Bíblia no qual Esdras, sacerdote judeu, confessa ter escrito o Pentateuco sob inspiração divina durante o exílio na Babilônia (século V a.C.). Disse que assim agiu porque os originais tinham sido queimados na primeira destruição do templo de Jerusalém. Portanto, incluindo os dias atuais, o Pentateuco teria 2.500 anos (500 antes de Cristo e 2.000 depois de Cristo), aquém dos 6.000 anos (4.000 a.C. + 2.000 d.C.) atribuídos pelo clero. Considerando a malícia que impregna a Bíblia, cabe a dúvida: os originais mencionados por Esdras alguma vez existiram? A religião liga a estupidez dos crentes à arte inteligente e esperta dos sacerdotes e dos políticos.
O cérebro humano é predisposto a estimular o júbilo por ideias e imagens reais e irreais que se lhe apresentam de modo agradável. Daí, essas ideias e imagens serem aceitas sem análise crítica. A conduta humana oscila de acordo com a economia hormonal controlada pelo cérebro. Este é considerado órgão do pensamento, da consciência e do controle do corpo. Assim, por exemplo, à tendência inata para desafiar lei (natural ou cultural) e autoridade (pública ou privada) contrapõe-se a reflexão sobre a conveniência ou inconveniência de obedecê-las. As células do cérebro (neurônios) com suas funções informativa, comunicativa, associativa e controladora, processam e comunicam dados e sinais. Agrupados em módulos nas diferentes áreas do cérebro, os neurônios respondem pela consciência: [1] física (ser, realidade e virtualidade, juízos de fato) [2] intelectual (verdade e falsidade, juízos lógicos) [3] moral (dever ser, bem e mal, justiça e injustiça, juízos de valor) [4] cósmica (percepção ampla das dimensões material e espiritual do mundo).
Conceitos e ações de caráter religioso e moral passam pelo crivo da consciência que aprova ou reprova. Os neurotransmissores conectam a vida interior com a vida exterior. O trabalho neurocientífico implica enlace dos elementos psíquico e somático da natureza humana e cogita sobre a existência de acervo na memória que, embora acessível, não é usado. Se tal acervo vier à superfície, o sujeito deparar-se-á, talvez, com algo até então misterioso ou inimaginável. “Quem procura não cesse de procurar até achar; quando achar será estupefato e quando estupefato ficará maravilhado e, então, terá domínio sobre o universo”. [Tomé]. “Buscai e achareis. Batei e vos será aberto”. [Jesus].
Há vestígios do sentimento religioso desde o homo sapiens, pelo menos, provocado pelo instinto gregário e relacional. A percepção do infinito e das potências telúricas pressiona o entendimento humano e gera crença mística (vida interior) e crença religiosa (vida exterior). A religião resulta da síntese, produzida no cérebro, da vida interior com a vida exterior. A crença em sobrenaturais poderes de coisas, lugares, pessoas e divindades pavimenta a senda religiosa. Culto dos antepassados e outros ritos, tabus, animismo, totemismo, xamanismo, conformam a religião nas sociedades primitivas. Quando a cultura humana atinge o grau de civilização, a religião se institucionaliza. Da organizada e permanente exploração do sentimento religioso nasce a instituição religiosa. Esta se diversifica impulsionada [1] pela cósmica lei do movimento, multiplicação e adaptação [2] pelas humanas divergências sobre divindade, alma, sentido da vida, pecado, culpa, liturgia, interpretação de textos, direitos, obrigações, finanças, modus operandi.
Bibliografia será publicada após o sexto e último artigo desta serie.
Nenhum comentário:
Postar um comentário