Roma (final).
Na arquitetura e na escultura os
romanos mostraram algum talento. Prevalecia a finalidade utilitária: palácios,
anfiteatros, banhos públicos, estádios para corridas, além das casas
particulares. O Panteon e o Coliseu ficaram famosos. Arcos de
triunfo (como o de Constantino), colunas, altares, bustos, estátuas e relevos
descritivos integram o inventário artístico romano. Estradas, pontes e aquedutos
foram construídos com solidez e engenhosidade. Os romanos foram pioneiros na
construção de hospitais e na criação de um sistema de saúde pública para
atendimento da plebe. Plínio, o velho, produziu uma enciclopédia científica
denominada “História Natural”. Ao lado de fatos comprovados, narrava histórias
fantásticas (77 a.C.).
Sêneca, o filósofo, também escreveu uma enciclopédia de ciência. Celso escreveu
um tratado de medicina e um manual sobre cirurgia plástica, catarata, papo e extração
das amídalas. Ainda na área médica destacaram-se: Galeno de Pérgamo, que
escreveu um tratado e provou que as artérias conduziam o sangue; Sorano de
Éfeso, ginecologista inventor do espéculo; Rufo de Éfeso, que descreveu com
exatidão o fígado e o ritmo do pulso e recomendou a fervura da água antes de
ser bebida; Demóstenes, oftalmologista. Todos eles foram expoentes em suas
especialidades no mundo antigo. Na fase final do império, verificou-se
estagnação cultural. As religiões orientais degradaram o intelecto. A literatura
cristã surge nesse período e seus escritores eminentes foram: Ambrósio (339 a 397), Jerônimo (348 a 420) e Agostinho (354 a 430).
A religião romana passou por
várias mudanças. A partir do primitivo animismo, que não desapareceu
inteiramente, avança racionalmente para o politeísmo republicano, depois para o
politeísmo imperial e finalmente para o monoteísmo cristão. A religião romana
politeísta era terrena; seu principal objetivo era prático: aumentar o poder, a
riqueza e a prosperidade do estado e protege-lo contra os inimigos. Não havia
sacramentos, nem dogmas, recompensas ou punições após a morte. A relação entre
os humanos e os deuses era mecânica, contratual. Em troca dos sacrifícios
oferecidos esperavam favores materiais. As divindades eram muitas e as
respectivas devoções variavam segundo a época: Telus (deusa da terra), Flora
(deusa das plantas), Minerva (deusa dos artesãos), Vesta (deusa do lar), Vênus
(deusa do amor), Júpiter (deus dos céus), Netuno (deus do mar), Marte (deus da
guerra), Janus (deus da luz), Vulcano (deus do fogo), Faunus (deus dos
animais), Quirino (deus da prosperidade), Apolo, Diana, Juno e outros. Chefiados
pelo rei, os pontífices eram dirigentes do cerimonial, depositários das
tradições sagradas e das leis cuja interpretação somente a eles cabia, sem desempenhar
papel de intermediários entre os romanos e os deuses. No crepúsculo da república,
surge a tendência entre os patrícios de abandonar a religião tradicional e se
devotar à filosofia (ao estoicismo e ao epicurismo, principalmente). Os plebeus
tendem para o misticismo oriental despido de intelectualismo e que aponta para
uma vida espiritual compensadora dos infortúnios sociais. O culto egípcio de
Isis e de Osíris, e o culto frígio da Grande Mãe, com seus sacerdotes, simbolismo
e orgias ritualísticas, entraram no gosto dos plebeus. Na fase imperial, inicia-se
o costume de divinizar os imperadores por decreto do Senado. Aumentou o número
de prostitutas, o homossexualismo virou moda e a paixão pela crueldade se aguçou.
Os divertimentos preferidos eram os que produziam ferimentos e mortes, com
destaque para a luta de gladiadores no Coliseu {ainda hoje há público
apreciador desse tipo de violência nos estádios, nos ringues, nas lutas
transmitidas pelas emissoras de televisão}.
O terreno estava adubado para as sementes
das religiões salvadoras. O mitraísmo se expandiu. O cristianismo chega a Roma
com os primeiros cristãos que serviram de bode expiatório pelas estripulias de
Nero (40 a
64). Posteriormente, os cristãos foram considerados tipos perigosos e desleais,
inimigos da vigente ordem romana pelos motivos seguintes: (1) recusa em prestar
juramento nos tribunais e de participar da religião cívica; (2) reuniões
privativas e sigilosas para seus ritos, o que os tornavam suspeitos de sedição;
(3) atitudes de passividade e humildade diante da agressão (não resistência)
cujo efeito emoliente podia comprometer o espírito guerreiro dos romanos; (4)
pregação contra a riqueza vista como hostilidade aos patrícios e ameaça à prosperidade
romana. Depois do período das perseguições, o cristianismo alçou vôo. Ao tempo
do imperador Constantino, os cristãos respiram livremente (306 a 337), mas o imperador
Juliano dá força ao paganismo (360
a 363). Sob influência da filosofia neoplatônica, Juliano
considera o cristianismo um produto das superstições judias. Ele despojou o
clero de alguns privilégios embora sem perseguir os cristãos. Historiadores
cristãos cognominaram-no “o apóstata”. O imperador Teodósio (que assombrado por
imaginárias conspirações, promovera a morte de milhares de pessoas) determinou
mediante decreto que todos os súditos se tornassem cristãos ortodoxos (378 a 395). Participar de
culto pagão foi tipificado como crime de traição punível com a morte. Historiadores
cristãos cognominaram-no “o grande”. Esse imperador dividiu o império romano
entre os seus dois filhos (oriental e ocidental). O cristianismo começa a
exercer influência na política, na ética e no direito romano, supera o
mitraísmo na preferência popular e se torna a principal religião do império
romano do oriente e do ocidente. O cristianismo adentrou a idade média e situou-se
na origem da civilização bizantina e da civilização européia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário