sábado, 22 de fevereiro de 2014

FILOSOFIA VIII - G



Roma (final).

Na arquitetura e na escultura os romanos mostraram algum talento. Prevalecia a finalidade utilitária: palácios, anfiteatros, banhos públicos, estádios para corridas, além das casas particulares. O Panteon e o Coliseu ficaram famosos. Arcos de triunfo (como o de Constantino), colunas, altares, bustos, estátuas e relevos descritivos integram o inventário artístico romano. Estradas, pontes e aquedutos foram construídos com solidez e engenhosidade. Os romanos foram pioneiros na construção de hospitais e na criação de um sistema de saúde pública para atendimento da plebe. Plínio, o velho, produziu uma enciclopédia científica denominada “História Natural”. Ao lado de fatos comprovados, narrava histórias fantásticas (77 a.C.). Sêneca, o filósofo, também escreveu uma enciclopédia de ciência. Celso escreveu um tratado de medicina e um manual sobre cirurgia plástica, catarata, papo e extração das amídalas. Ainda na área médica destacaram-se: Galeno de Pérgamo, que escreveu um tratado e provou que as artérias conduziam o sangue; Sorano de Éfeso, ginecologista inventor do espéculo; Rufo de Éfeso, que descreveu com exatidão o fígado e o ritmo do pulso e recomendou a fervura da água antes de ser bebida; Demóstenes, oftalmologista. Todos eles foram expoentes em suas especialidades no mundo antigo. Na fase final do império, verificou-se estagnação cultural. As religiões orientais degradaram o intelecto. A literatura cristã surge nesse período e seus escritores eminentes foram: Ambrósio (339 a 397), Jerônimo (348 a 420) e Agostinho (354 a 430).        
A religião romana passou por várias mudanças. A partir do primitivo animismo, que não desapareceu inteiramente, avança racionalmente para o politeísmo republicano, depois para o politeísmo imperial e finalmente para o monoteísmo cristão. A religião romana politeísta era terrena; seu principal objetivo era prático: aumentar o poder, a riqueza e a prosperidade do estado e protege-lo contra os inimigos. Não havia sacramentos, nem dogmas, recompensas ou punições após a morte. A relação entre os humanos e os deuses era mecânica, contratual. Em troca dos sacrifícios oferecidos esperavam favores materiais. As divindades eram muitas e as respectivas devoções variavam segundo a época: Telus (deusa da terra), Flora (deusa das plantas), Minerva (deusa dos artesãos), Vesta (deusa do lar), Vênus (deusa do amor), Júpiter (deus dos céus), Netuno (deus do mar), Marte (deus da guerra), Janus (deus da luz), Vulcano (deus do fogo), Faunus (deus dos animais), Quirino (deus da prosperidade), Apolo, Diana, Juno e outros. Chefiados pelo rei, os pontífices eram dirigentes do cerimonial, depositários das tradições sagradas e das leis cuja interpretação somente a eles cabia, sem desempenhar papel de intermediários entre os romanos e os deuses. No crepúsculo da república, surge a tendência entre os patrícios de abandonar a religião tradicional e se devotar à filosofia (ao estoicismo e ao epicurismo, principalmente). Os plebeus tendem para o misticismo oriental despido de intelectualismo e que aponta para uma vida espiritual compensadora dos infortúnios sociais. O culto egípcio de Isis e de Osíris, e o culto frígio da Grande Mãe, com seus sacerdotes, simbolismo e orgias ritualísticas, entraram no gosto dos plebeus. Na fase imperial, inicia-se o costume de divinizar os imperadores por decreto do Senado. Aumentou o número de prostitutas, o homossexualismo virou moda e a paixão pela crueldade se aguçou. Os divertimentos preferidos eram os que produziam ferimentos e mortes, com destaque para a luta de gladiadores no Coliseu {ainda hoje há público apreciador desse tipo de violência nos estádios, nos ringues, nas lutas transmitidas pelas emissoras de televisão}.
O terreno estava adubado para as sementes das religiões salvadoras. O mitraísmo se expandiu. O cristianismo chega a Roma com os primeiros cristãos que serviram de bode expiatório pelas estripulias de Nero (40 a 64). Posteriormente, os cristãos foram considerados tipos perigosos e desleais, inimigos da vigente ordem romana pelos motivos seguintes: (1) recusa em prestar juramento nos tribunais e de participar da religião cívica; (2) reuniões privativas e sigilosas para seus ritos, o que os tornavam suspeitos de sedição; (3) atitudes de passividade e humildade diante da agressão (não resistência) cujo efeito emoliente podia comprometer o espírito guerreiro dos romanos; (4) pregação contra a riqueza vista como hostilidade aos patrícios e ameaça à prosperidade romana. Depois do período das perseguições, o cristianismo alçou vôo. Ao tempo do imperador Constantino, os cristãos respiram livremente (306 a 337), mas o imperador Juliano dá força ao paganismo (360 a 363). Sob influência da filosofia neoplatônica, Juliano considera o cristianismo um produto das superstições judias. Ele despojou o clero de alguns privilégios embora sem perseguir os cristãos. Historiadores cristãos cognominaram-no “o apóstata”. O imperador Teodósio (que assombrado por imaginárias conspirações, promovera a morte de milhares de pessoas) determinou mediante decreto que todos os súditos se tornassem cristãos ortodoxos (378 a 395). Participar de culto pagão foi tipificado como crime de traição punível com a morte. Historiadores cristãos cognominaram-no “o grande”. Esse imperador dividiu o império romano entre os seus dois filhos (oriental e ocidental). O cristianismo começa a exercer influência na política, na ética e no direito romano, supera o mitraísmo na preferência popular e se torna a principal religião do império romano do oriente e do ocidente. O cristianismo adentrou a idade média e situou-se na origem da civilização bizantina e da civilização européia.         

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