domingo, 30 de maio de 2010

FUTEBOL

O TÉCNICO E O PRESIDENTE
Ficou na retina a imagem do técnico da seleção brasileira de mão no bolso cumprimentando o Presidente da República na parte externa do palácio do governo em Brasília, antes do embarque para a África do Sul. Lembrou a imagem de Parreira com as duas mãos nos bolsos durante os treinos e jogos da seleção brasileira na copa de 2006. A displicência aparente na atitude de Parreira foi mais grave do que a de Dunga, no que tange a resultados.
Embora injustificável, o comportamento displicente de Dunga é explicável. A diplomacia não é o seu forte. Ele costuma ser franco e direto. Desde a sua atuação em campo como jogador, o público percebeu o seu modo sério e responsável, a sua franqueza rude, simples, comum aos homens e mulheres das sulinas querências. O público possivelmente se lembra do episódio durante uma das partidas da copa de 1994, quando ele discutiu com Bebeto. Os dois quase entraram em luta corporal, conforme imagem transmitida por emissora de televisão.
Disciplinado e disciplinador, o técnico parecia estar descontente com a perda de tempo em Brasília. A fisionomia do presidente não mostrava satisfação em cumprimentar o técnico. O presidente baixou os olhos, como querendo livrar-se logo do incômodo. Por sua vez, o técnico mostrou altivez ao encarar o presidente e falta de educação ao cumprimentá-lo sem tirar a mão do bolso. O aparente desgosto do técnico por essa visita tem prováveis fontes exotéricas e esotéricas. A fonte exotérica pode ser os escândalos do governo, a roubalheira, o tráfico de influência, o aparelhamento do Estado com os curraleiros do partido do presidente. Ser fotografado e filmado ao lado do chefe da quadrilha parece cumplicidade ou adesismo.
Ao invés de seguir diretamente de Curitiba para a África do Sul e poupar os jogadores de um desgaste desnecessário, a seleção foi a Brasília para saciar a sede de popularidade e a vaidade do presidente, comuns à classe política. O presidente dos EUA também não abriu mão da politicagem e se deixou filmar e fotografar junto à seleção de futebol daquele país. Pela imagem transmitida, os jogadores estadunidenses não pareciam satisfeitos em servir ao interesse político eleitoral do presidente e do seu partido.
Em Brasília, a seleção correu o risco de se contaminar com a urucubaca de Luis Inácio, coisa que todos gostariam de evitar. Aí está a provável fonte esotérica do desgosto do técnico. Por algum crédito resultante da incidência da lei do carma, quiçá oriundo das dificuldades que enfrentou desde a infância até assumir a presidência da República, Luis Inácio e sua família enriqueceram, desfrutam de boa vida, sem preocupação com inquéritos policiais e ações judiciais. O crédito e o débito decorrentes do carma não se transferem a terceiros. Logo, o crédito de Luis Inácio decorrente do seu carma pessoal positivo é intransferível. A imprensa registrou o fato de pessoas regredirem após visitar o presidente. A vibração que dele emana parece produzir efeitos negativos. Quiçá por isso, o técnico preferisse que a visita ocorresse no retorno, com a seleção exibindo a taça. A visita prévia pode azarar a seleção Além das dificuldades naturais, o técnico e sua equipe terão de superar mais essa dificuldade metafísica.

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