quinta-feira, 27 de maio de 2010

FUTEBOL

FUTEBOL ALEGRE
A graça do palhaço e a graça do jogador são distintas. O palhaço pinta o rosto para esconder a seriedade com que executa o seu trabalho. Às vezes, embora triste por motivos íntimos, ainda assim o palhaço faz graça para alegrar o público. O jogador externa a sua alegria de jogar futebol nos treinos e certames ao se esforçar, esmerar-se e se solidarizar com a equipe. O futebol alegre resulta da irradiação desse contentamento que gera um ânimo coletivo jovial e descontraído durante as partidas e mantém a equipe sintonizada. O jogador brasileiro tem um gingado que ajuda na descontração. Esse bamboleio natural é uma das diferenças entre o brasileiro e o estrangeiro. Na comemoração dos gols, os jogadores brasileiros externam a sua alegria mediante abraços, sorrisos e expressões corporais, algumas vezes diante do local do estádio onde se encontram a torcida do seu clube e/ou a câmera de TV.
O técnico é o comandante à margem do campo. A ele cabe alertar os seus comandados sobre a diferença entre jogo e festa, entre alegria e euforia. Orientá-los para evitar o deboche. Todo adversário merece respeito. Certos malabarismos de efeito exclusivamente ornamental podem ofender os brios do adversário. Jogar bonito é jogar visando à vitória com habilidade, elegância, lealdade, coragem e determinação. Combinam-se prudência, beleza e eficiência. Jogar feio é jogar na retranca, com medo de perder, desconfiado da própria capacidade para vencer. A experiência ensina: fechar-se na defesa para garantir resultado é dar chance ao azar. Há meios mais eficientes para obter tal garantia.
O prazer de jogar não justifica a indisciplina. Quando o técnico resolve substituir o jogador, a decisão deve ser acatada por todos. Poucos ficam satisfeitos quando deixam o campo antes de a partida chegar ao fim. Isto é natural e compreensível, pois quem gosta da arte de jogar futebol não gosta de abandonar o jogo. Às vezes, a fisionomia do jogador revela tristeza, não por desgosto com o técnico ou com os companheiros, mas pela frustração de não continuar no jogo. Censurável, entretanto, a atitude do jogador quando demonstra insatisfação de maneira afrontosa e acintosa ao técnico, aos companheiros ou à torcida.
No futebol há estrelas de diferentes grandezas, segundo o potencial de energia e inteligência de cada jogador, cujo valor e brilho são medidos segundo critérios quantitativos e qualitativos, tais como: (i) domínio total ou parcial dos fundamentos da arte de jogar futebol; (ii) ausência, no seu histórico, de disputas violentas e desleais ou de jogadas bisonhas; (iii) atuação reveladora de inteligência lúdica: raciocínio rápido, visão de conjunto, antevisão das jogadas com resposta imediata e adequada, capacidade de improvisar durante o jogo quando o padrão tático for insuficiente; (iv) coragem, determinação, eficiência, criatividade, lealdade, elegância e solidariedade exibidas regularmente nos jogos; (v) disciplina, assiduidade e aplicação nos treinos; (vi) conduta compatível com a ética desportiva.
A fim de obter o maior rendimento possível, o técnico organiza a equipe de acordo com o potencial de cada jogador. Apesar disso, o resultado favorável depende, às vezes, de um lance ocasional, isolado, principalmente quando o desempenho e a qualidade técnica dos dois times se equivalem. A copa do mundo de futebol de 2010, na África do Sul, talvez revele equipes asiáticas e africanas competitivas e aptas a chegarem à partida final.

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