domingo, 23 de maio de 2010

FUTEBOL

GENIALIDADE NO FUTEBOL
Os jornalistas que vivem de sensacionalismo criam fantasias como essa dos jogadores do Santos FC, Ganso e Neymar, qualificados de “gênios”. A genialidade banaliza-se: qualquer bom jogador é “gênio”. Pessoas sensatas não se deixam iludir: confiam no testemunho dos seus próprios olhos e avaliam a qualidade do jogador segundo critérios objetivos. No sensacionalismo vem embutida propaganda subliminar favorável às empresas de comunicação, aos comunicadores sociais, anunciantes, patrocinadores e também aos jogadores que perdem rendimentos se perderem o patrocínio. Daí o interesse econômico em estar na crista da onda. Com esse objetivo, a mesma boa jogada (às vezes única do jogador) é repetida milhares de vezes pelas emissoras de televisão.
Esse artifício também é usado pelos argentinos para enaltecer Maradona e colocá-lo no mesmo nível de Pelé. Nas devidas proporções, considerado o desempenho durante a carreira, o argentino não foi melhor do que Rivelino, Jairzinho e outros jogadores brasileiros. Os comunicadores sociais não mencionam os lances negativos dos seus protegidos: furadas, passes errados, perdas de bola e de gol, dribles e chapéus sofridos, faltas cometidas, simulações, deslealdades e assim por diante.
A genialidade do jogador se revela no curso da sua vida esportiva. Acertos e erros no que tange aos fundamentos da arte de jogar futebol devem ser contabilizados. A genialidade supõe criatividade e inteligência lúdica (ludus = jogo) que não se confunde com intelecto cultivado. O jogador pode ter pouco estudo e cultura rudimentar, mas ser um gênio, criativo, dotado de vocação e inteligência para a arte de jogar futebol. Garrincha, fenomenal jogador de pernas tortas, serve de exemplo. Os gênios do futebol mundial são brasileiros: Didi, Garrincha, Leônidas, Pelé, Romário, Ronaldo Gaúcho e Zizinho (ordem alfabética). Até o momento, não há jogador que a eles se compare.
Estrelas de segunda grandeza, os estrangeiros Beckenbauer, Cristiano Ronaldo, Di Stefano, Eusébio, Fontaine, Gerd Muller, Kócsis, Maradona, Messi, Platini, Puskas, Riquelme, Zidane brilham em intensidade igual ou inferior à dos brasileiros: Ademir, Ademir da Guia, Amarildo, Cafu, Djalma Santos, Domingos da Guia, Falcão, Gerson, Giovane, Jairzinho, Júnior, Nilton Santos, Paulo César, Reinaldo, Rivaldo, Rivelino, Roberto Carlos, Robinho, Sócrates, Tostão, Vavá, Zé Roberto, Zico (ordem alfabética). No gol, entre os melhores do mundo: Castilho, Gilmar, Julio César, Leão, Marcos, Taffarel e fenômeno raro: goleiro-artilheiro Rogério Ceni.
Estrelas de terceira grandeza, os estrangeiros Anelka, Baggio, Ballack, Batistuta, Beckham, Breitner, Cambiasso, Cruyff, Cubillas, Deco, Eto´o, Klinsmann, Klose, Lato, Lineker, Malouda, Nasri, Ribery, Robben, Rummenigg, Totti, Valderrama, Vieri, brilham em intensidade igual ou inferior a uma plêiade de defensores, armadores e atacantes brasileiros: Adriano, Alex, Bebeto, Careca, Carlos Alberto, Clodoaldo, Coutinho, Diego Tardelli, Dirceu Lopes, Edu, Juan, KK, Leivinha, Lúcio, Luis Fabiano, Luis Pereira, Maicon, Miller, Nelinho, Nilmar, Palhinha, Pepe, Pinheiro, Raí, Renato, Roberto Dinamite, Ronaldo, Zagalo, Zito (ordem alfabética).
Gol de placa não é privativo de gênio. Resulta de um lance feliz. Nas semifinais da copa do Brasil (maio, 2010), Santos FC e Grêmio de Porto Alegre enfrentaram-se. No primeiro jogo, Jonas, do Grêmio, faz belo gol de fora da área. O comentarista da TV usou o jargão. No segundo jogo, Ganso, do Santos, faz gol idêntico. O comentarista da TV o qualificou de “gênio”. Debita-se o exagero ao bairrismo, jabá, patrocínio ou mera simpatia, pois, ao contrário do gremista, o santista só apresentou bom futebol no segundo tempo da segunda partida. Em belo gol, Robinho encobriu o goleiro, à semelhança do que fizeram e fazem outros jogadores brasileiros e estrangeiros.

Nenhum comentário: