quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

FIDELIDADE.
A decoração do apartamento era bem personalizada. As cores da parede da sala, vivas e fortes. No sofá, Glória sentava-se sobre as pernas bem torneadas, com os joelhos dobrados, exibindo parte das coxas. Frederico e Leonardo, de frente para ela, ocupavam poltronas separadas. No espaço entre o sofá e as poltronas, a mesa de centro com enfeites, cinzeiro e vazo com flores artificiais. Na estante, os aparelhos de TV e DVD desligados. Havia um suspense no ambiente. Frederico rompeu o silêncio.
- Leonardo, deixa disso. Pense bem. Maria de Lurdes é uma esposa maravilhosa, fiel e te ama de verdade. Se ela descobrir o teu romance com a Glória, ficará muito infeliz.
- Maravilhosa? Só falta você dizer que Maria de Lurdes é uma santa !!!! Maravilhosa sou eu, que cuido bem do Leonardo. Nos meus braços é que ele fica feliz e em paz com a vida; ao lado daquela megera, é só dissabores.
- Glória, por favor! Estou falando com o Leonardo.
- Você quer que ele se dedique exclusivamente à esposa porque tem inveja dele. Pensa que não notei, ontem no parque, o teu olhar guloso para os meus seios e as minhas pernas? Agora mesmo, você não tira os olhos das minhas coxas. Se você pudesse transaria comigo, como acho que anda transando com a Maria de Lurdes.
- Isto é uma infâmia! Leonardo é o meu melhor amigo. Jamais transaria com a esposa dele, até porque Maria de Lurdes não é mulher de trair marido. Quanto ao meu olhar, nada tinha de guloso. Você é mulher bonita de rosto e bem proporcionada de corpo. Então? Não quer que os homens te olhem? Vamos embora, Leonardo, que eu não posso esperar mais. A Maria de Lurdes não ficará sabendo desta tua ligação passageira.
- Passageira uma ova!!! Eu e Leonardo estamos nos encontrando há quase um ano! Leonardo: se você atravessar aquela porta, eu juro que ela nunca mais se abrirá para você.
Glória foi peremptória. Lábios comprimidos, dentes cerrados, mãos crispadas e cenho fechado, ela falou com firmeza e indignação. A forte expressão sombreava a beleza do seu rosto. O corpo curvado e os joelhos dobrados produziam desagradável efeito estético. A porta se fechou com estrondo e quase avariou o batente.
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- Maria de Lurdes: preciso confessar uma coisa.
- Deixa para depois, meu anjo. Agora eu quero você inteirinho para mim, só para mim, aqui mesmo sobre o tapete.
- Querida, falando desse jeito, você aumenta o meu sentimento de culpa.
- Então, fale meu bem, mas não pare com essas mãos abençoadas tocando o meu corpo.
- Maria de Lurdes: não consegui convencer o Leonardo a largar aquela rapariga.
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