quarta-feira, 4 de maio de 2022

ELEIÇÕES 2022 - II

As candidaturas à presidência da república, noticiadas até o momento, são as de Luiz Inácio (PT), Jair Bolsonaro (PL), João Dória (PSDB), Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT). Diante da possível polarização entre dois candidatos, aventou-se a criação de uma terceira via, aglomerado de partidos da direita que se convencionou chamar de “centrão”. Objetivo: [1] Indicar um único candidato dessa faixa do espectro para concorrer com Luiz Inácio e Jair [2] Dar prioridade ao liberalismo econômico. 
A segunda via consiste no aglomerado dos partidos políticos da extrema direita que apoiam o atual presidente do Brasil. Esses partidos pretendem a reeleição pela força do voto ou pela força das armas. Objetivo: [1] Manter o status quo e, assim, continuar no usufruto das benesses do poder [2] Mudar o regime político e outorgar nova Constituição. 
A primeira via consiste no aglomerado dos partidos políticos da esquerda e da direita que apoiam o ex-presidente do Brasil. Objetivo: [1] Reposição do país nos trilhos da Constituição de 1988 [2] Reconstrução do país depois do terremoto nazifascista que destruiu a economia, acabou com direitos trabalhistas e fez do Brasil pária internacional. 
Se a terceira via não acontecer, a vitória de Luiz Inácio poderá ocorrer no primeiro turno. Nas eleições de 2018, a direita moderada, fincada na operação lava-jato de Curitiba/PR, apostou no candidato tucano (Alckmin). Perdeu a aposta. Os outros candidatos da direita (Ciro e Bolsonaro) obtiveram mais votos do que o tucano. Essa rachadura no teto da direita ensejou o segundo turno e a vitória da extrema direita. 
O atual presidente da república dificilmente será reeleito depois de ter revelado à nação brasileira: (i) o nazifascismo do seu pensamento e da sua conduta antidemocrática (ii) submissão à bandeira e ao governo dos EUA (iii) falta de senso moral e de compaixão principalmente na pandemia (iv) disposição mais para vadiar do que para trabalhar (v) incapacidade administrativa [vi] ações e omissões que tipificam crimes comuns e crimes de responsabilidade (vii) desprezo pelos direitos dos trabalhadores, dos indígenas, das mulheres e dos homossexuais (viii) discriminação racial (ix) gratuita animosidade contra nações amigas. Desde o início da sua congestionante gestão ele declarou guerra a imprensa e a Constituição da República (especialmente aos artigos 1º a 4º). Discurso e comportamento inadequados, ele estimulou o ódio entre os brasileiros. Ainda como deputado, ele defendia a tortura, o torturador, o assassinato dos subversivos e a ditadura militar. A parcela do eleitorado da direita moderada que o apoiou em 2018 certamente não o apoiará em 2022 e engrossará a turma dos abstencionistas ou votará na chapa da esquerda por simpatia ao tucano que dela participa. 
A máquina administrativa do estado será aparelhada por pessoas do aglomerado que vencer a eleição. O da terceira via dificilmente acontecerá. Ciosos dos seus potenciais, embalados por vaidades e rivalidades, preocupados com seus próprios interesses, os pretendentes resistem em ceder lugar na disputa eleitoral. Provavelmente, por burrice e insensatez, repetir-se-á o erro de 2018. Paradoxo: pessoas cultas e inteligentes fazem burrices na atividade política partidária. As paixões e os interesses mesquinhos ofuscam a inteligência e o bom senso. Os milhões de eleitores brasileiros inclinados à direita moderada, mais numerosos do que os da extrema, colocariam o candidato da terceira via no segundo turno para enfrentar o candidato da esquerda. Fissurada a ossatura da direita no primeiro turno, a  esquerda levará vantagem, pois, desta vez, o candidato nazifascista terá pouca chance de vencer.
A burrice acoplada à esperteza malandra, ainda que restrita à disputa política, não é insuficiência mental exclusiva dos homens e mulheres filiados aos partidos. Grande parcela do eleitorado brasileiro é constituída de gente politicamente burra, imatura e leviana, embora se tenha na conta de muito esperta. Esse perfil coincide com o defeituoso caráter do Macunaíma, personagem do livro de Mário de Andrade. Essa realidade social sustenta a ideológica afirmativa de civis e militares adeptos da ditadura: “brasileiro não sabe votar”. Esse eleitor macunaíma sabe ir ao local da votação com seu título e teclar a urna eletrônica. A sua ignorância é cultural. Ele não tem ideia do valor e das consequências do ato de votar. A sua enganosa esperteza é ilusória. As suas escolhas são funestas, prejudiciais a ele próprio, à sua família e ao restante da comunidade. Esse tipo de eleitor, um dia, será parte ínfima do eleitorado. A democracia e o processo eleitoral devem ser preservados. Os partidos políticos têm o seu quinhão de responsabilidade nesse subdesenvolvimento político de grande parcela do povo brasileiro, quando oferecem candidatos sem qualificação moral e sem espírito público, oportunistas de caráter mal formado. Os órgãos legislativos de representação popular assemelham-se a canis de vira-latas.

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