quinta-feira, 2 de julho de 2020

A ÉTICA E O PT

Nesta data, 02 de julho de 1990, Luiz Inácio Lula da Silva, aos 44 anos de idade, fundava o Foro de São Paulo, entidade socialista internacional que reúne periodicamente lideranças de vários países. Dez anos antes, 10 de fevereiro de 1980, aos 34 anos de idade, Luiz Inácio havia fundado o Partido dos Trabalhadores (PT), juntamente com outros companheiros que assinaram o Manifesto do Colégio Sion.
Verifica-se que, desde o nascimento, a espinha dorsal do PT são os princípios éticos sintonizados com o socialismo, a república e a democracia. Tais princípios iluminam o código de ética aprovado pelo diretório nacional em 2009 e os estatutos alterados em 2015. Nota-se, nesses atos normativos, o rigor que exigem dos filiados no cumprimento das regras éticas, inclusive aos que exercem funções no legislativo e no executivo em níveis federal, estadual e municipal. 
Com os olhos postos nessa legislação partidária interna, elaborada em consonância e simetria com a legislação eleitoral externa, compreende-se melhor o choro convulsivo de Luiz Inácio, então presidente da república, quando foi informado por Bob Filho de Jeffer, sobre a participação de petistas no escândalo conhecido como “mensalão”. O golpe foi desferido na espinha dorsal do PT e doeu profundamente no coração do fundador. A fé que Luiz Inácio depositava na idoneidade moral dos seus companheiros era muito grande. "Quanto mais alto o pinheiro, maior é o tombo" (ditado paranaense). 
O então presidente da república não teria ficado tão decepcionado se tivesse considerado a natureza bipolar dos humanos. Sendo ou não sendo políticos, religiosos, funcionários, operários, agricultores, empresários, ricos, pobres, técnicos, artistas, cientistas, filósofos, todos somos humanos, espirituais e angelicais de um lado, materiais e demoníacos de outro, sujeitos às leis da natureza, da sociedade e do estado. No cenário moral e jurídico da sociedade e do estado, nossa conduta ora é angelical, ora demoníaca.
“Tu és pó e em pó te hás de tornar”. [Gênesis 3:19]. “Em a natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. [Lavoisier]. 
Segundo essa dinâmica, no decurso do tempo, há mudanças em nosso corpo físico e também no corpo social. Do ponto de vista ético, no organismo social a que pertencemos, a nossa conduta pode variar do bem para o mal (degeneração) e do mal para o bem (regeneração). Essa conduta pode nos tornar merecedores de aprovação ou de reprovação. No PT, assim como em qualquer outro partido político, há membros que obedecem às normas e há os desobedientes. A estes, quando descobertos e apurados os ilícitos no devido processo, aplicam-se as sanções previstas nos estatutos e no código de ética. 
Geralmente, os efeitos sociais da má conduta de alguns integrantes atingem o partido político como um todo. Os adversários se aproveitam para atacar como se todos os membros do grupo fossem desonestos e mentirosos. O mau caráter de Fernando Henrique, José Serra, Aécio Neves, Aloísio Nunes e outros, por exemplo, talvez não tenha afetado tucanos decentes, porém, abalou o partido. 
A perseguição aos petistas foi implacável. Os perseguidores, derrotados nas eleições de 2014, destituíram do cargo a presidente eleita sem que ela tivesse praticado crime algum. Além disto, criaram artificialmente delitos não praticados por Luiz Inácio, atribuindo-lhe propriedade de apartamento e de sítio que nunca lhe pertenceram. Com o apoio da justiça federal (delegados + procuradores + magistrados), de suposições e convicções sem respaldo na realidade, armaram o circo, condenaram o petista e lhe roubaram o ensejo de disputar cargos eletivos. Insatisfeitos, perseguiram a sua esposa, os seus filhos e congelaram o seu patrimônio. Tudo fizeram sob orientação e com o apoio do governo dos EUA. 
Decorridos poucos anos da safadeza praticada pelos perseguidores, a cósmica lei do carma começa a exibir sua justiça. Os artifícios ilegais e imorais dos delegados, procuradores e magistrados que atuaram na operação lava-jato de Curitiba vieram à tona, tornaram-se públicos e alvos de investigação. Agora são eles, os então arautos da moralidade, da lei e da ordem, que devem prestar contas à nação brasileira e à comunidade internacional. Agora também estão sendo revelados e apurados os ilícitos praticados pela família nazifascista que ocupa a presidência da república e que tanto apedreja a esquerda. 
“O tempo é o senhor da razão”. Nada como o tempo para trazer à luz do dia as infâmias do obscuro passado.   

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