domingo, 3 de junho de 2018

FUTEBOL

Kiev, capital da Ucrânia. 26/05/2018. Decisão da Champions League. Real Madri x Liverpool. Abertura espetacular, como se fosse a dos jogos olímpicos. Sensacional criação artística. Beleza da voz e do físico da cantora, bailarinas em cadência harmoniosa exibindo belos corpos e vestes colantes, cenografia de bom gosto, dinâmica alegre e festiva de todos os participantes. Aplausos merecidos.
O Real Madri sagrou-se campeão pelo placar de 3 x 1. Geralmente, jogos de decisão são insossos e tensos. Entretanto, este jogo, sem retranca e bem movimentado, agradou a quem gosta do esporte. Os gols do Real foram marcados por Benzemá e Bale. A estrela do goleiro do Liverpool estava apagada. Mais preocupado em exibir o seu belo porte às câmeras de televisão, ele falhou de modo bizarro no primeiro gol e engoliu um frango no terceiro. O segundo gol resultou de meia-bicicleta de Bale. Bonito lance. Depois do jogo, o vaidoso goleiro (alemão) do clube inglês mostrou-se desolado e foi consolado por jogadores do seu time e do time espanhol. Sérgio Ramos, defensor do Real, numa disputa de bola, aplicou uma chave-de-braço e lesou a musculatura do ombro de Salah, artilheiro do Liverpool, tirando-o da partida ainda no primeiro tempo. Apesar disto, o time inglês conseguiu marcar um gol pelos pés do bom e esforçado Mané. A equipe espanhola levantou a taça no centro do estádio.          

Seleção brasileira. Maio/2018. Oba-oba. Na Granja Comary, apareceram os antigos técnicos da seleção, Zagallo, com seus 86 anos de idade e Parreira, com seus 75 anos. Imprensa e televisão zoando. Propaganda comercial. Oportunidade para ganhar dinheiro. Leitura dos sinais: como a seleção de 2014, a seleção atual vai dançar nessa copa mundial de futebol masculino Rússia/2018.
Atletas fora de forma física e técnica, um deles até convalescendo de cirurgia, foram convocados na esperança de que estejam em forma até o início dos jogos. Risco que podia ser evitado tendo em vista a existência de atletas em boas condições físicas e técnicas que podiam ser convocados (talvez já constem da lista suplementar do treinador). O dedo dos patrocinadores aponta para quem deve aparecer na seleção esteja ou não esteja em plena forma. Negócio é negócio, esporte é esporte, mas os dois se entrelaçam. E lá se vai para a cesta a sexta copa. O governo federal não poderá fazer uso político do sucesso da seleção brasileira e as emissoras de televisão não lucrarão com propagandas ufanistas e sensacionalistas.     
A presença em campo de Beckenbauer, com o braço na tipoia e de Zidane, sem condições físicas, não trouxe benefício para as respectivas seleções (alemã e francesa). Assim também colocar em campo Neymar, Renato Augusto, ou qualquer outro jogador, em precárias condições físicas e/ou técnicas, pode não trazer benefício à seleção. Considere-se, ainda, que Neymar, apesar de bom jogador e artilheiro, está abaixo do nível de Garrincha, Pelé, Romário, Ronaldinho Gaúcho e de outros craques do futebol mundial. A isto, soma-se o descontrole emocional.  
Dir-se-á: a seleção de 1970 saiu do Brasil desacreditada e ganhou a copa. Certo. A de 1958, cujo treinador às vezes cochilava no banco durante o jogo, também não empolgava o público brasileiro. Havia pouca fé nos treinadores, muito ardor e desconfiança no meio dos milhões de torcedores e “técnicos” que discordavam da convocação de alguns jogadores e das táticas utilizadas. João Saldanha assumiu a direção técnica da seleção de 1970. A ditadura militar estava no auge da repressão. O ditador de plantão, general Garrastazu Médici, apreciador do esporte e torcedor do Grêmio de Porto Alegre, exigiu a escalação do goleador Dadá Maravilha. Saldanha, que era comunista, respondeu: “O general manda no governo; na seleção mando eu”. Os dirigentes da CBF demitiram-no e chamaram Zagallo, mais dócil à ditadura.
Diferente daquelas seleções, o treinador e os jogadores da seleção atual saíram acreditados e prestigiados pelos torcedores e pela imprensa esportiva (Maio/2018). A espada não ameaça o pescoço dos civis. Nos jogos classificatórios, a seleção brasileira teve excelente desempenho, resgatando a beleza e a eficiência da idade de ouro do futebol brasileiro. Todavia, nos jogos da copa do mundo prestes a iniciar, as outras seleções exibirão o seu melhor futebol, com os jogadores dando o máximo das suas energias, esforçando-se para superar a si mesmos e aos adversários. Portanto, não será fácil o trabalho dos jogadores e do treinador da seleção brasileira.
As seleções da Suíça, Costa Rica e Sérvia (herdeira da Iugoslávia) são as primeiras que a brasileira enfrentará. Tolice falar em favoritismo. A seleção brasileira poderá empacar nas quartas-de-final, dependendo da eficiência e do nível técnico das seleções que disputarão a Copa/2018, sobre o quê, até o momento, há só especulação, pois certeza ter-se-á só depois de as diversas equipes se defrontarem na primeira fase do torneio. Aí, então, quem assistir aos jogos terá elementos suficientes para comparar e avaliar. Poderá haver surpresas.  

Seleção do Brasil x Seleção da Croácia. Liverpool. Inglaterra. 03/06/2018. Jogo amistoso de preparação das equipes para o torneio mundial. Primeiro tempo da partida terminou com o empate sem gols e o segundo tempo com a vitória da seleção brasileira (2 x 0). As duas equipes exibiram tática semelhante e satisfatório entrosamento. Mais velozes e vigorosos, os croatas deram muito trabalho aos defensores brasileiros. Disputas de bolas ríspidas e perigosas. Poucas finalizações tendo em vista o eficiente sistema defensivo das duas seleções. Na brasileira, destacaram-se Coutinho e William no ataque, Tiago e Fernandinho na defesa e o lateral esquerdo Marcelo na armação. Neste setor, não há especialista. Todos os jogadores estiveram bem em campo, mas por motivos táticos ou físicos, nem todos tiveram o mesmo rendimento. Os treinadores fizeram mudanças experimentais na escalação das respectivas seleções, o que alterou um pouco o panorama da partida. De um modo geral, o ritmo da seleção croata foi mais rápido e intenso enquanto o da brasileira foi mais cadenciado e brando, o que lhe permitiu ficar mais tempo com a bola. Funcionou a veia de artilheiro de Neymar e de Firmino, autores dos gols, apesar do discreto desempenho de ambos.  

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