À celebração da eucaristia instituída por Jesus, o Cristo, a Igreja dá o nome em latim: Corpus Christi. Pão e vinho representam o corpo e o sangue de Jesus presentes na sagrada comunhão. Tomai e comei (o pão), isto é o meu corpo; bebei dele (o vinho), porque este é o meu sangue; fazei isto em memória de mim (Bíblia, Novo Testamento, Mateus 26: 26/27: Marcos 14: 22/24; Lucas 22: 17/19).
Comer a carne e beber o sangue do ser humano é canibalismo e vampirismo. Jesus, se realmente existiu, seria incapaz de fazer tal recomendação. A passagem acima transcrita, se verdadeira, indica tão só a preocupação de Jesus com o esquecimento. O ritual do pão e do vinho manteria unidos os seus seguidores e vivas a lembrança e a doutrina do mestre. Considerando: [1] a sua pregação, Jesus era um profeta; [2] o seu ativismo social, Jesus era um reformador; [3] a sua vida mística, Jesus era um cristo (ungido, espiritualmente iluminado). Com o passar do tempo, o apelido cristo acabou incorporado ao nome do profeta: Jesus Cristo. Nos dias atuais, alguns políticos também incorporam os seus apelidos aos seus nomes de batismo para que os eleitores bem os identifiquem e reconheçam.
A Igreja (crentes + sacerdotes + templos + doutrina) celebra a união com o Cristo e considera a si mesma o corpo de Cristo, ou seja, o Mystici Corporis Christi, organismo cuja cabeça é o Cristo (imagem originalmente concebida por Paulo, apóstolo de segunda hora). Daí, o aparente paradoxo: corpo incorpóreo. Entretanto, o real objeto da celebração não é físico e sim aquela espiritual união mística.
A expressão em latim é bonita, mas verdade e beleza nem sempre andam juntas. Pessoas feias ou bonitas de corpo, inclinadas às boas ações e ao amor incondicional, balizam suas condutas por preceitos morais e religiosos. Comparado ao padrão grego de beleza masculina, o corpo de Jesus era feio, estatura mediana, moreno, olhos, cabelo e barba castanhos, rosto assimétrico, narigudo. Preceitos éticos e religiosos são irrelevantes para os cultivadores do ódio e da rapina. Contra pessoas insensíveis à moral, ao direito e à religião, censura alguma produz efeito. Sensibilizam-nas tão só os argumentos e ações de caráter utilitário.
A palavra espírito comporta diferentes significados: [1] influxo divino; [2] vigor da alma ou da mente; [3] sopro vital; [4] energia constituinte da matéria e que a esta sobrevive. Na doutrina católica, espírito santo define-se como alma do corpo místico da Igreja que abarca os seus membros. Refere-se a: [1] pessoa da santíssima trindade que coexiste na divindade do pai e do filho e que habita a alma em estado de graça; [2] força enviada por deus para o bem dos humanos e especialmente para o despertar da consciência psíquica dos apóstolos; [3] fonte (i) da santidade da Igreja como instituição e (ii) da unidade espiritual da Igreja pela graça de Cristo.
Cristo, vocábulo grego que significa ungido (untado com óleo, sagrado), aplicado às pessoas dotadas de incomum e elevado grau de espiritualidade, tais como: [1] entre os homens, o faraó Aquenáton (divulgador do monoteísmo no antigo Egito, cuja doutrina os hebreus copiaram); os sábios Zaratustra (persa), Lao-Tsé (chinês), Sócrates (grego); os místicos Sidarta, KutHuMi, Francisco de Assis, Gandhi; o papa João XXIII; o pastor Luther King; [2] entre as mulheres, a monoteísta rainha Hatshepsut (antigo Egito); as sábias Mirabai (indiana), Pan Chao (chinesa), Diotima (grega), Hipácia (alexandrina); as místicas Míriam de Magdala (apóstola discípula de Jesus), Hilde (abadessa inglesa), Rabia al Adawiya (sufi), Fátima al Nisaburiya (islâmica), Hadewijch (holandesa), Catarina de Sena (italiana), Teresa de Ávila (espanhola), Helena Blavatsky (russa), Ma Ananda (hindu), Dordjee Phagmo (tibetana).
O pouco que se sabe acerca de Jesus vem da maliciosa tradição oral e dos tendenciosos textos bíblicos (epístolas, evangelhos, atos) escritos ou ditados por apóstolos, selecionados e retocados por eruditos do clero católico. Essa produção segue a enganadora tradição laudatória dos hebreus (judeus + israelitas). O Antigo Testamento (escritura “sagrada” dos hebreus) está coalhado de falsidades, fantasias e infantilidades. Milhões de pessoas se deixam envenenar por essa droga nelas inseminada pelos padres, pastores, missionários, rabinos; no mundo moderno é disseminada pelos meios de comunicação (imprensa, rádio, cinema, televisão, rede de computadores). Essa adoecida população acredita nas “divinas” escolha do povo e promessa da terra, apesar de a História revelar a má escolha e a enganosa promessa, conforme reação dos povos vizinhos dos hebreus na antiguidade e do povo palestino na atualidade. A tal “promessa divina” fundamenta o pretenso direito dos judeus sobre a Palestina. Poucos se dão conta da natureza diabólica do deus que fez as referidas escolha e promessa.
Na Idade Antiga e na Idade Clássica o povo hebreu, ante a sua real insignificância, sentiu necessidade de louvar a si próprio. Esse povo era satélite caudatário da superior cultura do Egito, da Pérsia, da Babilônia, da Grécia e de Roma. Povo dedicado à agricultura, ao pastoreio e ao comércio, o hebreu buscava no estrangeiro arquitetos e mestres para edificar o seu templo e formar a sua pequena elite (a massa popular permanecia ignara). Buscava também a companhia e o apoio dos estados poderosos (como acontece até hoje). Embora os seus reis fossem medíocres, adúlteros, violentos, sanguinários, como Saul, Davi e Salomão, os judeus redatores da Bíblia os enalteceram como se fossem os maiores vultos da humanidade.
As pregações atribuídas a Jesus deram relevo à escritura hebraica. A gente ignorante e medrosa foi terreno fértil para as crenças e doutrinas judias e cristãs florescerem na civilização ocidental. Admitida a existência histórica de Jesus, a pouca informação sobre ele propiciou teorias e mistificações. Quanto a nacionalidade, Jesus era palestino. Naquela época, a Palestina dividia-se em três regiões: Judeia, ao sul, outrora ocupada por duas tribos que formavam o reino de Judá e onde se localizou a cidade de Jerusalém; Samaria ao centro e Galileia ao norte, ambas outrora ocupadas por 10 tribos que formavam o reino de Israel. Jesus nasceu e cresceu na região da Galileia. Execrado na Judeia por ser galileu, Jesus nunca foi ali reconhecido como judeu, cujo povo ortodoxo e radical (não admitia deuses estrangeiros) se opunha ao povo israelita heterodoxo e flexível (admitia deuses estrangeiros). O judeu odiava o israelita.
Quanto a raça, prevalece a opinião de que Jesus era semita. Entretanto, existe a possibilidade de Jesus descender da gente mediterrânea outrora submetida ao Império Persa, trasladada para a Galileia após expulsão dos hebreus-israelitas daquela região. Há, pois, probabilidade histórica de Jesus ser ariano. Essa tese era simpática aos intelectuais da Alemanha nazista. Quanto a religião, cresce em nossos dias a opinião de que Jesus era essênio, adepto da doutrina e dos costumes da fraternal comunidade dos essênios. Sob o ângulo político e jurídico, Jesus era judeu, porque ele e sua família estavam sob a jurisdição judia. Naquele tempo, a Palestina estava sob a tutela do Império Romano. Os imperadores e o senado de Roma permitiram a vigência parcial e eficaz da lei judaica sobre o povo palestino.
Nenhum comentário:
Postar um comentário