domingo, 2 de abril de 2017

FUTEBOL

Nos jogos preparatórios para a copa mundial de futebol masculino a ser realizada na Rússia em 2018, a seleção brasileira venceu as seleções sul-americanas até o momento (março/2017). Ao cantar em uníssono “o campeão voltou”, na Arena Itaquera, ocasião em que a seleção brasileira derrotou a paraguaia (3 x 0), o público demonstrou otimismo e fé no futuro êxito. O otimismo é natural tendo em vista o bom e regular desempenho da equipe. O elenco é muito bom. Ainda faltam alguns jogos nesta fase classificatória. Grande é a probabilidade de a seleção brasileira classificar-se para disputar os jogos da derradeira fase da copa.
Desde a primeira copa, em 1930, até a última, em 2014, as seleções brasileiras sempre se classificaram. Das 20 edições desse campeonato, as seleções brasileiras venceram 5: a de 1958 na Suécia, a de 1962 no Chile, a de 1970 no México, a de 1994 nos Estados Unidos e a de 2002 na Coreia do Sul; portanto, uma na Europa, três na América e uma na Ásia. Poderiam ter vencido 8, se não fossem os tropeços de 1950, 1982 e 2006, apesar dos excelentes jogadores que se qualificavam entre os melhores do mundo nas respectivas épocas. Tais seleções tropeçaram nelas mesmas, na euforia prematura, no oba-oba dos torcedores, dos cartolas, da comissão técnica, do treinador, dos jogadores e da imprensa esportiva nacional. Pelos mesmos motivos, acrescidos do fortalecimento técnico e financeiro das seleções europeias, o tropeço da seleção brasileira de 2014 já era esperado com antecedência por poucos e atentos observadores e críticos, embora ninguém imaginasse uma acachapante derrota como a sofrida diante da seleção alemã (7 x 1).    
O atual treinador, sem perder a fé na excelência do grupo, mostra-se mais cauteloso e conduz bem os seus jogadores, quer do ponto de vista tático, quer do entrosamento em campo, da solidariedade interna e da compostura. Soube tirar boas lições do passado. Até agora, ele não se contagiou pelo ufanismo de cartolas, de jornalistas, de antigos membros da comissão técnica e de torcedores. Dá um passo de cada vez. Prestigia igualmente todos os jogadores, os quais foram escolhidos porque ele, treinador, considerou-os excelentes nas suas respectivas posições. Sentindo-se prestigiado, o jogador rende mais, atua com maior prazer e disposição, atenuando eventuais rivalidades em nível individual. Ao evitar a bajulação e o vedetismo deste ou daquele jogador, o treinador afastou um fator prejudicial ao espírito de igualdade, união e harmonia que deve imperar no seio da equipe. O seu ponto fraco foi dar a faixa de capitão a um moleque. Provavelmente, sucumbiu ao marketing do rapaz e à pressão dos cartolas e patrocinadores. Poder do dinheiro.No Brasil, a propina está na ordem do dia.
Felizmente, ainda há tempo para corrigir o erro. Não custa lembrar a partida final do campeonato mundial de clubes entre Santos FC e Barcelona FC em Tókio (18.12.2011). Neymar, Ganso e outros, mostraram fraqueza, personalidade tíbia. Entraram em campo derrotados psicologicamente, numa postura submissa diante de Messi e demais jogadores do clube espanhol, conforme narrado no artigo publicado neste blog em 27/12/2011. Levaram uma chapoletada. Envergonharam o futebol nacional. Esse perfil é incompatível com a função de capitão.
A ocasional superioridade técnica do jogador, real ou artificial (criada pelo marketing e pela imprensa), não é critério seguro para a escolha do capitão. Esta função exige bom caráter, disciplina, carisma, firmeza, coragem, otimismo (sem euforia), confiança em si mesmo (sem vedetismo), espírito de equipe, liderança autêntica (sem arrogância), respeito pela camisa da seleção, pelos companheiros, pela comissão técnica, pelo árbitro e pelo adversário (sem subserviência), acatamento ao treinador, atenção dos companheiros, ouvi-los e orientá-los no curso da partida. As seleções anteriores fornecem bons exemplos de capitães (Bellini, Carlos Alberto, Dunga, Cafu, entre outros), dos quais o treinador poderá, mutatis mutandi, traçar um perfil adequado para o capitão da sua equipe. Para tal função, as características do defensor e do armador são mais apropriadas do que as do atacante.

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