sábado, 15 de abril de 2017

FUTEBOL

A seleção brasileira prepara-se para disputar a copa mundial de futebol de 2018 a ser realizada na Rússia. O desempenho da equipe está muito bom até o momento, aqui na América do Sul. Espera-se que continue assim na Europa, onde a seleção   brasileira venceu a copa uma única vez (Suécia, 1958). Lá, os brasileiros, além do clima (meteorológico + sociológico), enfrentarão adversários bem preparados do ponto de vista físico, psicológico, técnico e financeiro.
Os insucessos das seleções brasileiras no período de 1974 a 2014 (apesar das vitórias de 1994 e 2002) aumentaram a confiança dos europeus no sucesso das suas seleções. Os russos desdobrar-se-ão para conquistar a taça disputada no solo pátrio. Terão a seu favor torcida maior no estádio e contarão com o apoio do povo e da imprensa local. Do retrospecto histórico, verifica-se que as seleções da Alemanha, Itália e Holanda são fortes concorrentes ao título máximo do futebol mundial e se esforçarão para não desperdiçar a oportunidade de vencer no continente europeu.
Futuro jogo com a seleção alemã não há de ser encarado como revanche da derrota sofrida pela brasileira na copa de 2014 (7 x 1). A vingança é desejo moralmente censurável e destrutivo que em nada enobrecerá a seleção brasileira. Doce é a vitória altaneira, ainda que por escore mínimo. Os brasileiros não devem se iludir com o jogo amistoso prévio. O poderio da esquadra alemã só será exibido em sua plenitude nos jogos oficiais da copa. Treino é treino, jogo é jogo, dizia o grande mestre Didi. Convém aos brasileiros não se empolgarem em demasia e nem irem com muita sede ao pote. Entusiasmo é bom; moderação também. Otimismo é bom. Euforia antes da vitória é ruim.
Por seu comportamento coletivo em campo, a atual seleção brasileira merece a confiança do povo. O estilo brasileiro de jogar foi recuperado. Futebol bonito e eficiente. A difícil equação individualismo + coletivismo foi resolvida. Do bom entrosamento da equipe resultou eficiência na defesa, na armação e no ataque, sem retranca. Placar momentaneamente adverso não provocou desespero. Houve reação satisfatória. No ocasional equilíbrio de forças com o adversário, o talento individual (quase natural) do jogador brasileiro mostrou-se decisivo.              
No campeonato mundial, a seleção representa o país. Em campo, o capitão representa a seleção. No caso de vitória, o capitão ergue a taça. A visibilidade é imensa. Logo, a sua escolha há de ser criteriosa. A boa condição técnica não é critério suficiente para essa escolha. A boa condição técnica é critério para convocar jogadores. A prevalecer esse critério para escolha do capitão, todo jogador convocado estará qualificado. No entanto, nem todo jogador convocado tem o perfil adequado para exercer essa função.
Maturidade, liderança, boa conduta, bom caráter, equilíbrio emocional, são fatores componentes desse perfil. O julgamento da presença ou da ausência desses fatores não cabe ao jogador e sim a terceiros (treinador, comissão técnica, jornalistas, povo). O jogador, até por respeito aos demais convocados, não pode julgar a si próprio e pleitear a sua indicação, ainda que pense estar preparado para a função. Maturidade decorre da experiência e não da vontade do jogador. Moleque temperamental, mas de boa condição técnica, pode fingir estar maduro, embora os fatos apontem o contrário. Querer ser líder não é o mesmo de ser líder. A liderança autêntica brota da boa conduta do indivíduo, do seu engajamento, carisma, honestidade, temperança, espírito de equipe e outras qualidades ausentes num moleque destemperado.
Para bem representar em campo a seleção e o país, pouco indicada é a pessoa que além de carecer das características de uma liderança autêntica: (1) responde a processo judicial por desonestidade; (2) mostrou-se subserviente diante de adversário poderoso; (3) sofreu punição por indisciplina.
Em sintonia com o atual e degradante quadro político do Brasil, a escolha do capitão para o jogo contra a seleção paraguaia prescindiu do requisito de boa qualidade ética e psicológica. O congresso nacional revelou-se covil de bandidos do colarinho branco (daí ser mencionado em letras minúsculas); expulsou da presidência da república mulher honesta, independente e corajosa para lá colocar um homem desonesto, dependente e covarde. Ministros delinquentes. Venalidade de juízes e procuradores federais. Não se há de estranhar, portanto, que essa poluída atmosfera moral envolva a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), afete a seleção nacional e influa na escolha do capitão.    

Nenhum comentário: