Após cansativa jornada de trabalho e tomar uma
cachacinha, o companheiro chega em casa e ouve a mulher dizer:
- Eu vi a coisa preta hoje aqui.
- Quem é o negão?
- Que negão?
- Esse que veio aqui exibir a coisa preta e te comeu.
Bem que tu gostou, vadia.
- Tá doido, homem. Tu tomou umas e outras e agora vem
com esse palavrório sem sentido.
- Vou te cobrir de porrada e acabar com a raça do
negão. Ele vai mostrar a coisa dele na porta de São Pedro.
- Pode parar! Sai fora! Lá na birosca não te contaram?
- Eu não parei na birosca, mulher. Tomei uns
aperitivos lá na Tijuca, depois de largar a oficina. Levei um tombo antes de
subir no trem. Machuquei o rosto e a mão direita. Então, o que é que não me
contaram?
- Maior tiroteio aqui na comunidade. Correria. Gente
gritando e se escondendo no primeiro barraco que encontrava. As lojinhas
fecharam as portas. Tiros para todos os lados. Foi o diabo! Dois feridos: um
traficante e um garoto. Vinte policiais mortos.
- Garoto ou pivete de 16 anos?
- Pivete encardido. Sei lá a idade! Maior covardia. O
marmanjo e o pivete, armados até os dentes, bem treinados, acabaram com os
vinte policiais. Ainda por cima, tiraram dos cadáveres os coturnos, uns poucos
trocados que traziam nas fardas e as armas. Os dois fugiram depois da matança.
Agora estão numa boa enquanto os coitados dos policiais, pobres mas honestos,
perderam a vida.
- Isto não se faz! Esses dois covardes devem ser
expulsos da comunidade.
- Estou contigo. Amanhã mesmo devemos convocar a
assembleia dos moradores para decidir o assunto com a máxima urgência.
- Tu tá falando bonito, mulher. Tá estudando ou vendo
a TV educativa?
- As duas coisas. Não adianta me olhar desse jeito,
porque hoje a porteira tá fechada. Agora vá se lavar enquanto eu preparo o teu
prato.
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