sábado, 4 de junho de 2016

ESCLARECIMENTOS

(Boris Casoy + Críticos) x José Serra = 0
Ao ser entrevistado pelo jornalista Boris Casoy, na TV Bandeirantes, o “humilde e modesto” senador (agora também chanceler) José Serra citou o nosso país como Estados Unidos do Brasil. O entrevistador corrigiu: “o nome é República Federativa do Brasil, senador”. Este lapso valeu críticas nos meios de comunicação social ao entrevistado. No entanto, 99% dos brasileiros ignoram o nome oficial do País. Convenhamos nisto: realmente é de pasmar o fato de um senador que acumula o cargo de ministro das relações exteriores não saber o nome oficial, correto e completo, do seu país! Tradução disto: pouco apreço por seu país. Certamente, o senador + chanceler compõe o bloco dos brasileiros que veneram Nova Iorque, Miami, Paris, e se envergonham de ser cidadãos de uma republiqueta de corpo grande e alma pequena, sem considerar que são eles próprios que a fazem desse minúsculo tamanho moral e espiritual.
Ato falho do senador/chanceler.
Todo aquele que pensa e fala está sujeito a atos falhos, principalmente o hipócrita. O senador não é exceção. Deixou escapar a sua colonizada predileção pelos EUA. Alertado pelo entrevistador, ele explicou: “O Brasil é uma federação de muitos estados”. {São 26 estados + DF, cada qual com 3 senadores. Do total de 81 senadores, são necessários no mínimo 54 (2/3) para decretar a perda do mandato presidencial}. Se a maioria dos telespectadores fosse mais culta, saberia que, na linguagem política, federação significa união de estados. O Brasil é uma federação, ou seja, uma união de estados; daí, o senador chamá-lo de estados unidos. Entenderam? Então, parem de criticar o "pobre rapaz".
Os nomes da pátria brasileira e os golpes.
Provavelmente, o senador partiu do pressuposto de que todos os brasileiros sabem que depois do golpe republicano de 1889, o nosso país – que se chamava Império do Brasil – passou a chamar-se República dos Estados Unidos do Brasil, nos termos das Constituições de 1891 e 1934 e da Carta Fundamental de 1937. Na Constituição de 1946 consta o nome de “Estados Unidos do Brasil”. Na Carta de 1967, somente o nome “Brasil”. Na Carta de 1969 e na Constituição de 1988, o nome “República Federativa do Brasil”. Além dos golpes para mudar governos sem ouvir o povo e sem o trabalho de realizar eleições, os mandarins da república também gostam de mudar o nome do país, assim como mudam de roupa, de parceiros sexuais, de automóvel, de barco, de avião, de bancos (preferem os situados em paraísos fiscais).  
A lógica do senador/chanceler.
O entrevistador e os críticos não conseguiram penetrar na lógica do senador, apesar da mui satisfatória, embora lacônica, explicação dada por ele: “Estados Unidos da América e Estados Unidos do Brasil”. O senador supõe que os telespectadores sabem que América é um continente que vai da Patagônia, na fronteira com o Polo Sul, até o Alaska, na fronteira com o Polo Norte. Por especial deferência à presumida inteligência dos telespectadores, o senador não explicitou o seu raciocínio: Estados Unidos da América é o gênero ou o tronco; Estados Unidos do Brasil é a espécie ou o ramo. Simples assim. Como é que vocês não entenderam?
América para os americanos. O continente e o conteúdo.
Opondo-se à monarquia de estilo europeu no Brasil, os fundadores do Partido Republicano afirmavam no Manifesto de 1870: “Somos da América e queremos ser americanos”. Usaram “América” no singular, de modo genérico. Eles seguiam a doutrina contida na mensagem enviada ao Congresso por James Monroe, Presidente dos EUA, em 1823, onde reafirmava a independência daquele país e, em sintonia com o princípio da não intervenção, opunha-se a qualquer intento da Europa em colonizar a América. Os republicanos brasileiros demonstravam simpatia a essa doutrina e subserviência à soberania estadunidense. Finalmente, com o apoio do Exército, eles conseguiram derrubar a monarquia e expulsar do Brasil o imperador Pedro II.
Para facilitar a compreensão dos críticos implacáveis, utilizarei a topografia. A Casa Grande e Branca da América situa-se na parte superior do globo terrestre, acima da linha do Equador e abaixo do Polo Norte. O seu quintal com as senzalas abrange as regiões setentrional, central e meridional do continente. A senzala brasileira está situada na região meridional, integrada aos Estados Unidos da América. Logo, está correto chamá-la tanto de Estados Unidos do Brasil como de Brasil dos Estados Unidos. Entenderam?
O senador/chanceler o retirante e o tributo.
José Serra disputava com Luis Inácio o cargo de Presidente da República (2002). Com ares de magistério, como se o debate político fosse uma sabatina escolar sobre miudezas, o “honesto e patriótico professor paulista” perguntou ao retirante nordestino o significado da sigla CIDE. Originário de Garanhuns e da leva de flagelados nordestinos, o pau-de-arara não soube responder. Triunfante, o “humilde sábio da Mooca” deu a resposta: Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico. (Tributo incidente sobre a importação e comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados, e álcool etílico combustível – lei 10.336/2001).
Memória seletiva condicionada. 
A capacidade mnemônica de José guarda siglas, números e tributos, mas não guarda o nome oficial do seu país.

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