sexta-feira, 10 de junho de 2016

GOLPE E PROPINA

Não lanceis aos cães as coisas santas, não atireis aos porcos as vossas pérolas para que não as calquem com os seus pés e voltando-se contra vós, vos despedacem”.
(Bíblia, Novo Testamento, Mateus 7: 6).

As convenientes cegueira e surdez dos golpistas.
Contra a barbárie não prevalece argumento fincado na lógica, no bom senso, na moral e no direito. Em locais e datas diferentes, num movimento difuso dentro e fora do Brasil, professores, estudantes, escritores, artistas, juristas, cientistas, filósofos, apresentaram boas e convincentes razões em favor da democracia e contra o golpe de Estado desferido pelo Vice-Presidente da República e seus comparsas. Aquelas pessoas deixaram claro o motivo da sua posição contrária ao impeachment: o processo é uma farsa. Na sua oportuna e relevante participação, elas denunciaram os propósitos desonestos e impatrióticos do grupo subversivo: alienar riquezas nacionais (petróleo, minérios), submeter o Brasil aos interesses continentais dos EUA, retirá-lo do BRICS, esvaziar o MERCOSUL, adotar o modelo neoliberal de economia, revogar direitos trabalhistas, suspender os programas sociais, estancar a operação denominada Lava Jato para que não se estenda aos bandidos do grupo golpista.
As previsões daquela considerável parcela da intelectualidade brasileira estavam corretas. O novo governo de “salvação nacional” vem fazendo tudo o que foi previsto, ou seja, nada que atenda aos interesses do povo brasileiro. O movimento da intelectualidade brasileira não era em defesa da política econômica do governo Rousseff e nem de partido algum. O movimento defendia – e defende – o mandato político conquistado nas urnas em eleições legítimas, o sistema democrático, a vigente Constituição da República e a integridade do patrimônio nacional. No substrato dessa defesa estão o esforço e o propósito de mostrar ao mundo que há uma face honesta e séria do Brasil contrapondo-se à face desonesta e carnavalesca.
As manifestações de índole prática e teórica do citado movimento são bem aceitas pela parcela honesta da população que valoriza a democracia, porém não comovem a parcela desonesta que, de modo lampeiro, ocupou o governo. Não há razão moral, jurídica ou religiosa, que possa demover a súcia dos seus vis objetivos. Essa malta carece de senso moral e religioso e é muito sensível ao dinheiro. Os golpistas chafurdam na lama e sentem-se confortáveis na pocilga {vice-presidente, ministros, governadores, senadores, deputados, membros de partidos políticos, procuradores, magistrados, empresários, donos de emissoras de TV e jornalistas amestrados}. Eles não se importam com a ordem jurídica vigente, com princípios éticos, com preceitos religiosos e com a opinião do povo (pelos menos, de 54 milhões de eleitores). 

Não há coisa oculta que não acabe por se manifestar, nem secreta que não venha a ser descoberta”.
(Bíblia, Novo Testamento, Lucas 8: 17).

A corrupção a farsa e a maçonaria.
A parcela honesta do povo brasileiro ainda descobrirá comprovadamente a negociação entabulada, as promessas feitas e aceitas, quanto e de quem os senadores e deputados receberam (real, dólar, euro) para participar da farsa do impeachment. A probabilidade de os parlamentares receberem dinheiro e promessas de vantagens – inclusive a indefectível distribuição de cargos no alto escalão da administração pública direta e indireta – em troca do voto favorável ao impeachment, assenta-se nos conhecidos precedentes e na corrupção endêmica. Provavelmente, parte da verba vem das companhias petroleiras e dos departamentos do governo estadunidense. Os episódios semelhantes registrados na história brasileira, a atividade conspiratória da embaixadora estadunidense, as idas dos líderes do golpe a NY após o provisório afastamento da Presidente da República, o assédio dos senadores ao lamuriento e melindroso Vice-Presidente, indicam o nefasto comércio. A opinião pública internacional fortalece a mencionada probabilidade ao considerar o Brasil o país mais corrupto do planeta. “O Brasil não é um país sério” já afirmavam, no século XX, um estadista francês e outro estadunidense. “País”, naquela frase, significa: povo brasileiro e seus representantes. Daí, o recente editorial do vetusto jornal estadunidense The New York Times conceder ao nosso país a medalha de ouro da corrupção.
Acrescente-se a esses indícios veementes (fronteiriços à certeza), a notícia de que, além de ser filiado à maçonaria, o Vice-Presidente da República é informante dos órgãos de inteligência dos EUA. Esse camaleônico personagem tem dois discursos: (1) para a população: comigo não há barganha por votos, meu governo não é ação entre amigos; (2) para a freguesia: calma, todos serão atendidos, não somos amigos, mas somos correligionários e estamos no mesmo barco.
Inúmeros políticos corruptos são maçons e transnacionais. Notório é o veio conspiratório da maçonaria. O Grande Oriente do Brasil (maçonaria) apoiou o golpe de 1964 e se aliou à ditadura militar. Essa é outra característica da ordem maçônica, fiel à herança judaica: a de sempre se postar junto ao poder político, seja este monárquico ou republicano, autocrático ou democrático.
A conduta dos maçons discrepa dos princípios maçônicos de piedade e virtude. Embora se considerem uma elite intelectual, moral e espiritual, a verdade é que, no plano dos fatos, os maçons não honram os rituais iniciáticos a que se submetem nas lojas, desviam-se da ética maçônica tradicional e aplicam mal o conhecimento que lhes é transmitido. Os ensinamentos não ecoam na ação efetiva. Achar agulha no palheiro é mais fácil do que encontrar autêntico maçom digno desse nome. Sob a justificativa de que são maçons operativos e não especulativos, adotam pragmatismo desvinculado dos valores morais e oposto ao idealismo. Ao invés de servirem à sociedade e à humanidade, servem a si próprios e ao seu grupo. A Ordem dos Advogados do Brasil está coalhada de maçons, o que explica a sua participação nos golpes de 1964 e 2016.   

A minha casa é casa de oração! Mas vós a fizestes um covil de ladrões”.
(Bíblia, Novo Testamento, Lucas 19: 46).

Calote no propinoduto.
Nos inquéritos e processos sobre corrupção e lavagem de dinheiro, findos ou em andamento, há menções a calotes, dinheiro de propina prometido e não pago, ou pago a menor, ou prometido a um e dado a outro, e assim por diante. Os corruptores estrangeiros são negociantes espertos que possivelmente adiantaram parcela da propina aos deputados e senadores para votarem a favor do impeachment. Condicionaram o pagamento da parcela restante ao afastamento definitivo da Presidente da República e à aprovação do projeto de lei do senador José Serra (pré-sal). Se for obtido o resultado combinado, os corruptores estrangeiros pagarão o saldo devedor ou darão o calote. Os corruptores estrangeiros talvez não tenham a mesma honestidade dos bicheiros nacionais. Daí, a hipótese do calote. Neste caso, os brasileiros corruptos não poderão reclamar judicialmente a satisfação do saldo devedor. Propina só é cobrável pelas vias extrajudiciais.   


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