O mês de junho passou e o mundo não acabou. Notou-se a
passagem de um asteróide cuja rota não era de colisão com a Terra. A
catastrófica previsão dos religiosos não aconteceu. Tal previsão foi objeto de
artigo publicado neste espaço no mês de junho sob o título acima. Ainda bem que
as copas de futebol feminino e masculino não foram suspensas e terminarão
regularmente nesta primeira semana de julho com a humanidade viva.
No citado artigo, advertimos sobre a compreensão do
vocábulo “mundo” naquele tipo de previsão. Fizemos a distinção entre mundo
físico e mundo espiritual para situar a tragédia cósmica no primeiro. Sendo o
mundo físico extenso, incluindo desde a menor partícula da matéria até os
bilhões de galáxias, cuja imensidão a nossa inteligência é incapaz de
quantificar, afirmamos que não há certeza alguma sobre o seu fim. A única
certeza que temos é a do fim da vida no planeta Terra em conseqüência da queima
de todo o combustível do Sol, o que acontecerá daqui a um bilhão de anos. O mundo
físico existia antes de nele surgir vida vegetal e animal. Há planetas em nosso
sistema solar e em outros rincões do universo onde não existe vida vegetal e
animal. Nenhum planeta se extingue só porque nele a vida se extinguiu.
O “mundo” cujo fim é apregoado por líderes religiosos
está circunscrito ao nosso planeta. A profecia de Jesus, por exemplo, refere-se
ao fim da vida humana e não à extinção do planeta. Esse fim era iminente,
ocorreria naqueles dias, porque deus estava descontente com as safadezas do
povo daquela região do planeta. Inexplicavelmente, a profecia não se realizou e
até hoje os humanos continuam a se reproduzir e a pecar. Sobre essa fantasia
cabe um exercício de sensatez mediante a formulação de algumas perguntas.
Por que deus destruiria o universo com seus bilhões de
galáxias, ou o sistema solar com todos os seus planetas, ou exclusivamente o
nosso planeta, só porque João, casado com Teresa, comeu Maria, casada com
Pedro? O adultério entre humanos justificaria tal destruição, mesmo que não
houvesse vida em outros lugares do mundo? Inocentes pagarão pelos pecadores?
Que justiça é esta? Divina que não é; talvez, satânica.
Por que deus destruiria o universo com seus bilhões de
galáxias, ou o sistema solar com todos os seus planetas, ou exclusivamente o
nosso planeta, só porque Ronaldo transa com Renato e Joana transa com Eunice? A
pederastia e o lesbianismo justificariam tal destruição?
Por que deus destruiria o universo com seus bilhões de
galáxias, ou o sistema solar com todos os seus planetas, ou exclusivamente o
nosso planeta, só porque Eusébio desejou e provocou a morte de seu pai Alexandre,
visando a entrar na posse da herança? As ações e os desejos malévolos dos
humanos justificariam tal destruição?
Por que deus destruiria o universo com seus bilhões de
galáxias, ou o sistema solar com todos os seus planetas, ou exclusivamente o
nosso planeta, só porque Isaac cobra juros extorsivos de Maurício? A usura dos
humanos justificaria tal destruição?
Por que deus destruiria o universo com seus bilhões de
galáxias, ou o sistema solar com todos os seus planetas, ou exclusivamente o
nosso planeta, só porque um grupo de depravados semeia o ódio e a discórdia
visando a tomar posse do governo de uma nação? A ambição e a perfídia dos humanos
justificariam tal destruição?
Por que deus destruiria o universo com seus bilhões de
galáxias, ou o sistema solar com todos os seus planetas, ou exclusivamente o
nosso planeta, só porque um governo poderoso e criminoso provoca guerras para
incrementar a venda de armas e invade países a fim de explorar petróleo? A
prepotência e a rapinagem dos humanos justificariam tal destruição?
Não há sentido nesse fim do “mundo” motivado apenas
pelas fraquezas humanas, salvo se imaginarmos deus como um ser tresloucado,
cruel, um Nero divino.
Nenhum comentário:
Postar um comentário