1) Vá chafurdar no lixo como você sempre faz.
Autor: Joaquim Barbosa, ministro do Supremo Tribunal
Federal.
No início do mês de março/2013, ao sair de uma reunião
do Conselho Nacional de Justiça, o ministro Joaquim Barbosa, ao ser interpelado
por um jornalista, mandou-o chafurdar no lixo e o chamou de palhaço. Do que
consta da lista da Associação Nacional dos Magistrados Estaduais na rede de
computadores e do jornal ali mencionado, percebe-se que o ministro já tinha
esse jornalista na mira, na conta de alguém que falta à verdade e distorce os
fatos.
Chafurdar significa enlamear-se, sujar-se, tornar-se
imundo. O verbo é empregado geralmente para indicar o revolver dos porcos na
lama do quintal ou no chiqueiro. A atitude do ministro foi aprovada por alguns magistrados
e censurada por outros que se pronunciaram na citada lista. Dos magistrados
exige-se decoro, cuja falta enseja punição consoante lei complementar 35/1979.
Segundo essa lei, aos membros dos tribunais ordinários e superiores não se
aplicam penas de advertência e censura. Por faltas disciplinares, eles estão
sujeitos às penas de remoção e aposentadoria compulsórias, disponibilidade e
demissão.
Lição da experiência: no jornalismo não há compromisso
com a verdade; falta boa educação e respeito à privacidade alheia; sobra abuso
no exercício da profissão. Considerada o quarto poder, a imprensa dele abusa e
atua segundo seus próprios interesses econômicos e políticos; não há
imparcialidade, isenção de ânimo, amor à verdade e espírito de justiça. A ânsia
por sensacionalismo sobrepõe-se a qualquer escrúpulo. Certa vez, entrevistando
o presidente Collor, o jornalista perguntou se ele era corrupto. Essa pergunta
retrata bem a falta de bom caráter desse tipo de jornalista. Ele quis exibir
coragem e atrevimento aos seus colegas de profissão e aos seus chefes na
redação. Formulou pergunta idiota e injuriosa. Jamais o entrevistado admitiria
ser corrupto ou criminoso. A intenção do jornalista não era a de informar o
público e sim a de promover a si próprio.
2) Os mortos governam os vivos.
Autor: Luiz Fux – ministro do Supremo Tribunal
Federal.
Em sessão do Supremo Tribunal Federal (6-7/03/2013)
ouviu-se do ministro a frase acima. Citou-a para se por contra a cristalização
de princípios e regras e justificar a mudança de normas constitucionais e
legais elaboradas por gerações passadas. Segundo o ministro, cada geração tem o
direito de elaborar suas próprias leis. Assim também pensam os tiranos.
No Brasil, paraíso dos estelionatários públicos e
privados, a frase serve aos espertalhões que pretendem mudar as normas em
benefício próprio. O ex-presidente Fernando Henrique debochava das cláusulas
pétreas e dos juristas que as defendiam. Ele, Luiz Inácio e Dilma seguem a
vocação autocrática dos governantes brasileiros: afastam regras legítimas para
atender às suas idiossincrasias, aos seus planos pessoais e aos interesses da
canalha incrustada nos labirintos do poder público. Conquistam maioria no
Legislativo para obter emendas à Constituição e leis que amparem os seus
projetos e safadezas. Colocam na suprema corte ministros dispostos a defender
cerebrinamente a juridicidade de normas espúrias.
A frase em tela é de efeito meramente retórico sem
amparo na razão e nos fatos. Os vivos são governados por leis da natureza, por
leis humanas e por pessoas vivas. As almas dos mortos pertencem a outro mundo.
Os seus corpos se decompõem em terra ou cinzas, ou servem de alimento a
antropófagos e a animais irracionais. Chávez já não governa os venezuelanos;
nem Getúlio, os brasileiros.
Há idéias e crenças que permanecem válidas através dos
séculos. Princípios morais, jurídicos e religiosos que emanaram da milenar
experiência dos povos e que integram os valores de determinada civilização
servem de balizas ao poder político atual. O Código Civil brasileiro de 2002
contém preceitos com mais de dois mil anos de existência oriundos do direito
romano. A Constituição brasileira de 1988 contém alguns princípios e regras
fundamentais vigentes há oitocentos anos na Inglaterra, outros gerados nas
revoluções americana e francesa do século XVIII (1701-1800) e outros no
pensamento socialista do século XIX (1801-1900) que se integraram aos valores
da civilização ocidental e continuam válidos até hoje (2013). Por mais de
duzentos anos gerações se sucedem nos EUA sob a égide da mesma Constituição.
Cada nova geração a recebe, a mantém e zela por sua eficácia. Preserva a sua
herança cultural e valoriza a sua identidade como nação. Mudam-se normas em
face de exigências sociais e econômicas sem perder a sintonia com os princípios
e as normas fundamentais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário