terça-feira, 16 de novembro de 2010

ECONOMIA

Taxa cambial.

Os chefes de governos dos 20 países mais desenvolvidos do mundo (G20) reuniram-se em Seul, capital da Coréia do Sul, em 12/11/2010, para solucionar a guerra cambial. Adotaremos o câmbio fixo ou câmbio flutuante? Manteremos o dólar como paradigma ou mudaremos? Qual o prazo para o ajuste? O Brasil, orgulhoso de pertencer ao refinado G20, defende o câmbio flutuante. Os administradores brasileiros gostam de ver o dólar flutuar e cair em contas bancárias particulares nos paraísos fiscais.

Aos principais atores da guerra cambial (EUA e China) interessa desvalorizar a moeda para incrementar as exportações dos seus produtos. Essa guerra não interessa a países de dentro e de fora do bloco. Buscou-se encontrar o ponto G-0, que traria mais prazer para todos. Ficou-se nas preliminares. O ensaio valeu pelo congraçamento. Assim como na ambiental, a questão cambial atraiu chefes de governo. Isto indica que o problema está posto na agenda internacional e preocupa em escala planetária.

O entrave a uma adequada solução está nas características da economia convencional em vigor: crescimento ilimitado, lucro ilimitado, pretensão ao poder hegemônico, desigualdade na distribuição da riqueza e na divisão do trabalho em nível internacional. Nesse tipo de economia, destacam--se os objetivos centrais: (1) do empresário, aumento dos lucros; (2) do empregado, aumento salarial; (3) da sociedade, aumento na oferta de mercadorias e serviços de boa qualidade e do pleno emprego. A partir da última década do século XX e primeira década do século XXI, os custos sociais e ambientais da atividade econômica passaram a receber maior atenção dos povos, dos governos, dos empresários e dos trabalhadores no mundo. A desigualdade persiste porque resulta do mecanismo concentrador do capital e do espírito competitivo. Milhões de pessoas passam fome no mundo, não por falta de alimentos, mas por falta de acesso aos alimentos produzidos no planeta, decorrência da selvageria desse modelo econômico enraizado na cultura ocidental.

O desequilíbrio é inerente ao sistema fundado na competitividade, tanto na economia capitalista, quanto na socialista. A competição ocorre entre os atores econômicos, quer no âmbito nacional, quer na esfera internacional. Todos os países querem ter saldo positivo na balança comercial: exportar mais e importar menos. Do ponto de vista global, esse comportamento gera conflito, além de não se sustentar matematicamente. A busca do equilíbrio não resolve a situação, porque o desequilíbrio constitui a regra na atividade econômica convencional. A solução está na busca de um modelo sob o prisma holístico: limitar a competição e ampliar a cooperação; incluir, na matemática econômica, o ser humano; reduzir a produção de bens supérfluos e poluentes; ampliar e diversificar os serviços; alicerçar a atividade econômica em: (i) dados sociais, psicológicos, ambientais; (ii) valores morais e espirituais.

Cumpre trazer para o mundo dos fatos, em nível nacional e internacional, a fraternidade e a solidariedade defendidas do púlpito nos templos, da tribuna nos parlamentos, do gabinete nos palácios. Os protocolos de boas intenções firmados nas reuniões internacionais devem ganhar força de execução. A mudança de paradigma na economia requer paciência e persistência ante o pouco interesse das grandes companhias (petrolífera, mineração, farmacêutica, bélica). Elas ditam a política econômica aos parlamentares e chefes de governo. Elas financiam campanhas eleitorais, proporcionam viagens e estadias de lazer, distribuem propinas e prêmios. Elas estimulam, por exemplo: (i) a construção de rodovias e a engenharia de tráfego para os veículos por elas fabricados e desestimulam a construção de ferrovias; (ii) a mecanização da lavoura, para vender as suas máquinas, peças, combustível, fertilizantes e pesticidas, em países de abundante mão de obra, gerando desemprego no campo, favelas na cidade, envenenamento nos vegetais e na água; (iii) a produção de leis que favoreçam os seus negócios, colocando os seus interesses acima dos interesses da nação e da humanidade.

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